1 de fevereiro de 2012

BLACK DYNAMITE, 2009

90% dos filmes americanos dos anos 60 e 70 têm uma caracterização, geralmente algum sufixo a preceder exploitation, eram sexploitation, zombieploitation, blaxploitation entre outros tantos vertentes. No entanto, os anos 60 e 70 provavelmente devem ter sido, de acordo com a minha limitada ciência da história do cinema, a ascensão do cinema negro, que nem sempre era realizado por negros, mas por brancos que forçavam os estereótipos, algo que provavelmente traumatizou alguns futuros realizadores como o Spike Lee que ainda hoje milita no cinema para limpar essa imagem e mesmo que faça filmes sobre bolachas propõe questões como: por que bolachas negras têm sempre chocolate? Mas politiquices à parte, o herói negro dos anos 70, quer dizer, o mais respeitado, era Sidney Portier, praticamente o único, mas depois da proliferação de blaxpoitation houve chuva de pretos no Hollywood, e, de uma maneira ou doutra, não obstante a esteriotipação, isso alavancou muito os negros no cinema.
Na minha terra o preto mais conhecido era o Jim Brown, era tão famoso que nem sabíamos quem era de maneira que qualquer herói preto era chamado de Jim Brown e levava muita gente ao cinema, aliás passei um terço da minha vida a chamar Carl Wethers  e Fred Williamson de Jim Brown, até o primeiro ter ganho estatuto próprio e passar a ser conhecido lá por Apolo (depois do filme Rocky, alguém se lembra? - que no entanto só praí nos finais dos 80 se tornou popular na minha terra).
Bem, basta de conversa desfiada, Black Dynamite hoje talvez não possa ser chamado de blaxploitation porquanto essa onda já parece ter passado (ou ficado apenas nos filmes pornos), por isso o que faz é reciclar filmes dos anos 70 e construir um filme tão mal feito como aqueles de tal maneira que a única coisa que pudesse daí resultar fosse um bom filme.
trailer

Black Dynamite é bom por ser mau. Eu explico: O herói é estereotipado ao extremo, aliás, não há um único personagem que não o seja; os actores são bons em representar mal, ou nem chegaram a precisar de representar, eu sei lá; o argumento é bom em ser mau, a história principal que começa o filme é de repente esquecida, o filme passa para outros ideais, mas de repente isso já não interessa nada, enfim… edição é boa em ser má, cortes estúpidos, transição de cena que desrespeitam totalmente o argumento; a fotografia má, a iluminação parecendo ter sido feita com uma lanterna de mão, cenas de luta ora levadas a sério, ora extrapolando o ridículo, onde o herói só precisa de sacudir as ancas para derrubar o oponente; carros que explodem no ar só porque despistaram; momentos risíveis abundantes (por exemplo, numa cena em que Black Dynamite fala com o irmão, contando-lhe a idade para se situar no tempo; ou que depois de explicar tudo o que a mãe lhe disse ainda assim tem um flash-back inútil a revelar esse momento); as one-liners são boas em não terem sentido; os diálogos são mais básicos que as conversas inteligentes das Tardes da Júlia; enfim, Black Dynamite tinha tudo de mau e tão mal feito que (tal e qual manda a lógica, a dupla negação é uma aceitação), repito, só podia ser um bom filme.
Um filme para ver com os amigos, dar umas boas risadas e passar hora e meia divertida e com o cérebro em off.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...