1 de junho de 2013

MOVIMENTO CIDADE BELA - contexto e consequência

 A exposição é bastante breve e, consequentemente, não pode explicar todo o Movimento Cidade Bela (City Beautiful Movement), pelo que para mais informações convém fazer mais leituras e pesquisas sobre a matéria. Até lá, no entanto...

Até os finais do Séc. XIX, as cidades nos EUA cresciam desordenadamente, motivada pela ausência de planeamento para as cidades, pois a cidade não passava de um mero objecto de especulação económica e exploração imobilária. Os chamados os bosses ofereciam serviços urbanos mínimos aos imigrantes em troca de votos eleitorais. Não havia critérios de embelezamento e saneamento, e não havia nenhuma interferência das autoridades nos controles de uso e ocupação do solo; ao contrário de Paris, controlado por Haussmann.

Diferentemente da Europa em que os prefeitos ordenavam as reformas, nos Estados Unidos elas aconteceram através dos movimentos populares. O movimento City Beautiful (Cidade Bela), movimento cultural de referência da arquitectura americana de embelezamento das cidades, foi um deles e, talvez, o que mais impacto teve.

A exposição de maquetes de cidades modernas do Chicago em 1983, Columbian World’s Fair, apresentava cidades com traçados novos, por exemplo, eixos definidos, lagos, amplas avenidas, recintos com vistas grandiosas, paisagens soberbas e asseio geral, era uma expressão completamente diferente e ideal da cidade, mostrava uma paisagem imaginária sem comparação com as das cidades reais norte-americanas. E teve por isso um grande impacto sobre o planeamento urbano, tornando-se os conceitos nela apresentados princípios orientadores da Cidade Bela.

A exposição foi realizada por arquitectos do movimento das Belas Artes e que foram precursores da Cidade Bela, que obteve desta forma grande impulso. Aliás, a exposição foi dirigida por Daniel Burnham, o principal planeador da Cidade Bela, que foi muito influenciado pelo planeamento das cidades europeias, especialmente Roma e Paris de Haussmann.

A meta da Cidade Bela era, segundo Jane Jacobs, a cidade monumental. Os edifícios eram agrupados para criar um efeito o mais grandioso possível, dando ao conjunto um tratamento de unidade completa, separada e bem definida. No entanto, para Olmsted, a Cidade Bela não se baseava apenas nos edifícios monumentais, o objectivo do movimento consistia na dimensão e forma das ruas, dimensão dos edifícios e localização em relação recíproca com os espaços públicos, disposição das zonas sem edificação, e sobretudo, tratamento das zonas sem edificação com ruas, postes, árvores e valetas.

Northbourne Avenue, Canberra
Os defensores da Cidade Bela pretendiam que através do embelezamento da cidade podia-se resolver os problemas sociais, morais e cívicos; fazer as cidades americanas emular culturalmente com as cidades europeias; e o uso dos serviços públicos indiscriminado, tanto pela classe alta como pela "ralé".

O movimento da Cidade Bela procurava separar funções públicas e culturais e descontaminá-las da cidade real. Objectivava não só melhorar a estética, apresentando uma cidade visualmente agradável, mas também dava respostas às questões de comércio, indústria e transportes, aos parques e à margem do lago, ao crescimento populacional e ao futuro caminho do desenvolvimento regional da cidade.

Aliás, foi o primeiro plano director à escala da cidade a definir pormenorizadamente como seria a cidade num determinado ponto do futuro, criando objectivos prévios.

Aplicou-se os princípios da Cidade Bela no planeamento de Camberra, em 1913. E esteve por trás da concepção de Central Park por Olmsted. Também esteve presente na criação do parque Lincoln Memorial de Washington, e em Government Center, Cleveland, em Benjamin Franklin Parkway, Filadélfia, e em alguns outros casos.