este texto já tem quase uns 20 anos, da altura em que achava que chegaria a ganhar o prémio nobel do rap. o texto não é tão fluído, porque me faltava prática - embora eu já me achasse um perito -, fazendo com que muitas rimas fossem mesmo apenas pela rima e não fizessem muito sentido dentro do contexto.
AS PALAVRAS
As palavras têm vidas, algumas são sentidas,
Outras abrem feridas, outras são perdidas.
Há palavras esquecidas, obstruídas e sem saídas,
Contidas e oprimidas, comprimidas e deprimidas.
Há palavas que são brigas, outras querelas antigas,
Algumas enchem barrigas, com outras só te perigas.
Palavras que são cantigas, são intrigas ou dão fadigas,
Palavras com que mendigas, palavras em que te abrigas.
Há palavras vividas, repetidas, escritas e imprimidas,
Que são precisas para que alegria exista nas nossas vidas,
Palavras que metem te numa fria, por teres a cabeça quente,
E há palavras que esfriam até mesmo os mais combatentes.
Há palavras que mentem à mente e faz a mente demente,
Que me deixam doente só de se chegarem à frente,
Há palavras eloquentes, quentes e imponentes,
Mas a falar com outras gentes são tão impotentes.
Caso as palavras e componho o raciocínio,
Mas caso nas palavras que ponho perca o domínio,
Começo a cosê-las como fazes em malhas,
O começo é cozê-las em fases sem falhas.
Palavras belas, mas que exprimem nada,
Palavras feias, cheias de ideias elaboradas,
Palavras, uma a uma, somadas dão um romance,
Palavras, há algumas apanhadas só de um lance.
As palavras que falo são duras e têm calos,
Mas com aquelas que eu calo o meu âmago escalo,
Com regalo consigo atravessá-lo num estalo,
E me abalo no halo das palavras que não calo.
Já vi ideias, ideais, feias e letais,
Cheias e anormais, sérias e banais,
Velhas e mortais, plenas de ais,
Obscenas e canibais, sem cenas de paz,
Medonhas e sepulcrais, não as ponhas no meu cais.
Olha onde vais, encolha que não sais,
Trolha, estás a mais, olha que eu sou ás,
Tu és bolha eu sou gás, põe rolha e dou-te paz.
Caso as palavras e componho o raciocínio,
Mas caso nas palavras que ponho perca o domínio,
Começo a cosê-las como fazes em malhas,
O começo é cozê-las em fases sem falhas.
A palavra que sai da minha boca,
toca, parece louca, evoca lembranças gordas,
invoca tamanhas forças e derroca, sem sacrifícios,
os edifícios de suplícios morais com artifícios amorais.
Emaranho as palavras, ficam viscosas como ranho,
Apanho as palavras faço-as vistosas dou nelas banho,
Uso verbos e advérbios, temática da gramática,
lógica matemática?... não sei… tenho prática.
Só sei que com as palavras sinto-me um rei,
De usar e abusar delas sempre eu hei,
Pra domá-las e forjá-las faço eu mesmo a lei,
A ideia é ser um poeta que palavreia bué cá!
Uso tantas palavras que parecem não ter sentido,
São estas as lavras em que sei ser perito,
Uso o raciocínio e palavreio com fascínio,
No meu raciocínio não há freio nem domínio.
Há palavras esquecidas, obstruídas e sem saídas,
Contidas e oprimidas, comprimidas e deprimidas.
Há palavas que são brigas, outras querelas antigas,
Algumas enchem barrigas, com outras só te perigas.
Palavras que são cantigas, são intrigas ou dão fadigas,
Palavras com que mendigas, palavras em que te abrigas.
Há palavras vividas, repetidas, escritas e imprimidas,
Que são precisas para que alegria exista nas nossas vidas,
Palavras que metem te numa fria, por teres a cabeça quente,
E há palavras que esfriam até mesmo os mais combatentes.
Há palavras que mentem à mente e faz a mente demente,
Que me deixam doente só de se chegarem à frente,
Há palavras eloquentes, quentes e imponentes,
Mas a falar com outras gentes são tão impotentes.
Caso as palavras e componho o raciocínio,
Mas caso nas palavras que ponho perca o domínio,
Começo a cosê-las como fazes em malhas,
O começo é cozê-las em fases sem falhas.
Palavras belas, mas que exprimem nada,
Palavras feias, cheias de ideias elaboradas,
Palavras, uma a uma, somadas dão um romance,
Palavras, há algumas apanhadas só de um lance.
As palavras que falo são duras e têm calos,
Mas com aquelas que eu calo o meu âmago escalo,
Com regalo consigo atravessá-lo num estalo,
E me abalo no halo das palavras que não calo.
Já vi ideias, ideais, feias e letais,
Cheias e anormais, sérias e banais,
Velhas e mortais, plenas de ais,
Obscenas e canibais, sem cenas de paz,
Medonhas e sepulcrais, não as ponhas no meu cais.
Olha onde vais, encolha que não sais,
Trolha, estás a mais, olha que eu sou ás,
Tu és bolha eu sou gás, põe rolha e dou-te paz.
Caso as palavras e componho o raciocínio,
Mas caso nas palavras que ponho perca o domínio,
Começo a cosê-las como fazes em malhas,
O começo é cozê-las em fases sem falhas.
A palavra que sai da minha boca,
toca, parece louca, evoca lembranças gordas,
invoca tamanhas forças e derroca, sem sacrifícios,
os edifícios de suplícios morais com artifícios amorais.
Emaranho as palavras, ficam viscosas como ranho,
Apanho as palavras faço-as vistosas dou nelas banho,
Uso verbos e advérbios, temática da gramática,
lógica matemática?... não sei… tenho prática.
Só sei que com as palavras sinto-me um rei,
De usar e abusar delas sempre eu hei,
Pra domá-las e forjá-las faço eu mesmo a lei,
A ideia é ser um poeta que palavreia bué cá!
Uso tantas palavras que parecem não ter sentido,
São estas as lavras em que sei ser perito,
Uso o raciocínio e palavreio com fascínio,
No meu raciocínio não há freio nem domínio.