31 de dezembro de 2011

DICAS E TRUQUES DE SKETCHUP - Lição 1

MODELAR TERRENO

Bem, não pretendo escrever um manual, ou um tutorial que assim mereça ser chamado, só quero dar umas dicas, entretanto, mesmo para fazer isso, “dar um simples dica”, há que escolher uma metodologia, e eu não estou bem certo de que a que vou usar seja correcta. Mas como não posso fazer vídeos, vou ter que utilizar “print screens” para ilustrar as dicas.

Outro problema é: como devo começar? As dicas são para quem já sabe usar Sketchup ou para quem queira começar a aprender?
Bom, vou fazer de conta que pelo menos o mínimo já é conhecido, pois as ferramentas mais comuns do Sketchup são muito intuitivas. Posto isto, vou avançar.

A modelação do terreno é uma matéria que irrita a muita gente, mas o sandbox do SU7 (e agora SU8) permite uma fácil modelação do terreno, mas depois quer-se marcar o jardim, a estrada, o terreno baldio, etc, e não dá, porque a superfície é a mesma, e as ferramentas usuais do SU não fazem marcação numa superfície não complanar. E é isso que dá dores de cabeça. Aqui vai uns dois truques para dar a volta à situação.


Imaginem que temos a seguinte situação (pode-se fazer o download deste ficheiro DWG aqui, para exercício):


E queremos modelar no SU. Para quem usa SU7 convém salvar o ficheiro DWG em versão 2004 (não tenho a certeza se não importa 2007, porque eu salvo sempre em 2004), para quem usa SU8, não tem problema salvar em versão 2010.


1º passo
Importar o ficheiro com as curvas de nível do autocad (file>import;). Nos sítios marcados a vermelho na figura, tipo do ficheiro, seleccionar DWG, e nas opções seleccionar “METRO” para não alterar a escalar.



2º passo
Clicar com o botão direito em cima do desenho e explodir. Abrir a janela dos layers e congelar todos os outros, deixando visível apenas as curvas de nível.



3º passo
Seleccionar as curvas de nível, para se isolar dos restantes layeres, cortar e colar no local (edit>paste in place)  e criar grupo.
Obs: para editar qualquer grupo, tem que se clicar duas vezes nele.

4º passo
Modela o terreno.
Para preencher tudo facilmente, usar a ferramenta rectângulo e criar um rectângulo sobre o desenho. Depois é só criar elevações. Quando aplicamos a ferramenta puxa-empurra, ao darmos um valor à extrusão, só temos de clicar duas vezes na superfície seguinte para ela se elevar com o mesmo valor.



Ficamos com o terreno assim, escadeado.
Para um terreno de verdade, sem escadas, vamos fazer o seguinte.
Copiar este grupo, clicar com o botão direito sobre ele e clicar hide para o esconder. A seguir colamos no local com a ferramente paste in place no menu edit.

5º passo
Activar o barra da ferramente sandbox.View>toolbar>sandbox.Seleccionar o desenho e clicar no primeiro ícone do sandbox.



A superfície do terreno é criada como um grupo. Seleccionar o terreno escadeado e apagar.
Obs. 1: clicando 2 vezes num objecto a editar, selecciona-se a face. Clicando três vezes, selecciona-se o objecto todo.
Obs. 2: Se as linhas da curva de nível estiverem com as cotas atribuídas, é muito mais fácil fazer o terreno, selecciona-se apenas as linhas e aplica-se o mesmo ícone para ter o terreno feito.




6º passo
Esconder o layer da curva de nível e activar os restantes layeres.
Depois de preenchidas as faces, copiar também este grupo, esconder, clicando com o botão direito e hide, e colar no local.


A seguir, procede-se à elevação das faces. Temos de atribuir um valor superior ao ponto mais alto do terreno. O terreno tem uns 15m de cota, vamos elevar as faces uns 20 metros ou mais, não importa.


Por motivos de renderização convém que as faces todas sejam brancas, porque a face cinza por vezes não é visível pelo renderizador.

7º passo
Activar todos os layeres. Seleccionar o grupo do terreno e o outro grupo e explodir com o obtão direito.
Depois de explodidos, seleccionar tudo de novo, com o botão direito, clicar no intersect>selected.


Isto demora o seu tempo no SU7, menos no SU8, mas leva o seu tempo na mesma, e quanto mais volumes a interceptar mais tempo leva. Por vezes tem que se efectuar o procedimento duas vezes, para assumir todas as intercepções. Após a conclusão, apagar as partes que não interessam, deixando apenas o terreno.




8º passo
Mostrar os grupos escondidos, view>unhide>all. Seleccionar o grupo de edifícios apagar os restantes elementos e proceder à elevação do edifício com a sua cota específica. Aqui usei valores aleatórios.


9º passo
Da mesma maneira que antes, explodir os grupos e usar a ferramenta de intercepção, e depois apagar as partes não necessárias.


10º passo
Aplicar os materias e renderizar.


E uns renders bem básicos para acompanhar a peça.



29 de dezembro de 2011

PERDIDO (poema)

Por vezes encontros casuais e fortuitos podem resultar em algo ou em nada, neste caso resultou neste poema de duas quadras, onde se procurou sintonia e afinidade. Pode não ser nenhuma obra-de-arte, pode mesmo não ser arte, mas ao menos é um suspirar:


Perdido em remoinhos e desencontrados espirais
Procurando por portas invisíveis de afeição
Iludindo-se por sonhos de algum dia escapar
Perde-se a voz quando nem o eco responde


E só sentado na orla dum penhasco
Ouve o céu que lhe manda a ilusão
De estar sentado naquela nuvem de ouro
A espera do seu amor azul em solidão

25 de dezembro de 2011

EXPOSIÇÃO - UTILITAS INTERRUPTA (museu da água)


A primeira coisa que me chegou à cabeça quando adentrei o Museu da Água para ver a exposição Utilitas Interrupta foi: De facto não brincamos quando o negócio é sujar o planeta.

Como me foi explicado pela guia, a exposição trata-se de obras arquitectónicas e de engenharia abandonadas e hoje sem uso; algumas delas abandonadas antes mesmo de começarem a ser usadas, a outras, no entanto, aconteceu, a determinada altura, ao tentar alterar-lhe o “uso”, o projecto acabou abandonado.

«Esta exposição investiga dezassete case studies recolhidos transversalmente em vários ponto no tempo e no espaço. A infra-estrutura tornada obsoleta pela pressão inexorável do progresso tecnológico; a infra-estrutura da paranóia da vaidade, sem propósito excepto enquanto prova da sua própria existência; a infra-estrutura falida dos ideais dignos e das intenções por cumprir; a infra-estrutura frustrada pelo infortúnio e pela catástrofe, deixada em lenta decomposição; a infra-estrutura do absurdo, do cómico e do trágico – histórias de actos em que cura é assumidamente pior que a doença. Se a paisagem é o teatro onde se encena a epopeia da história, estas cicatrizes infra-estruturais são uma eloquente recordação de que a história tal como a conhecemos e apenas um dos inúmeros – e igualmente plausíveis – guiões possíveis.», palavras de Joseph Grima, Curador da exposição.

Eu não diria que todas as obras apresentadas na exposição são falidas de ideais, porque há ali algumas que chamam atenção tanto pela imponência como pela estética e pela forma, entretanto concordo que todas sejam cicatrizes e marcas da “insustentabilidade” humana. Vi, como já tinha referido, sobre obras arquitectónicas e obras de engenharia que ferem a paisagem, no entanto, não vi, e acho que era também interessante, obras que sujam até mesmo o espaço sideral, tais como satélites abandonados no espaço.

A nossa vontade de construir só é comparável à de destruir, e, pelo que parece, não conseguimos construir coisas bonitas sem deixar outras tantas feias por perto. E a estratégia da exposição exemplifica essa ideia muito bem. No Museu da Água, onde a exposição é mais audiovisual e projectada na tela, temos dos dois lados da tela principal, duas outras, uma à esquerda e outra à direita, que projectam uma paisagem árida e uma paisagem “molhada”, ambas as paisagens, porém, naturais. E na tela principal, vemos a alteração da paisagem feita pelo homem.

Tanto a forma da exposição, como a sua ideia manifestam que tudo o que construímos pode ser recuperado, aliás, os museus servem mesmo para recuperar o “passado” e não deixá-lo como um pedaço de lixo que macula o “presente”.

E outra coisa em que pensei durante a visita foi em como o Ocidente, pela sua influência económica, dita o que deve ser construído e o que não deve; digo isto referindo aos hotéis no médio-oriente que começaram a ser construídos e que depois foram abandonados porque ficaram sem potencial turístico devido a zonas onde se encontravam. E também vemos muitas infra-estruturas abandonadas porque o seu perfil económico alterou-se e não tinham mais esse potencial. Ou seja, é, principalmente, a economia que cria o lixo paisagístico, e a arquitectura está entre um dos maiores criadores de lixo no planeta.



P.S.: A exposição já acabou.

15 de dezembro de 2011

JUDAS, O OBSCURO - Thomas Hardy (1895) - um orgulho da literatura


Thomas Hardy, que é não é de quem vou aqui falar, é provavelmente mais conhecido por Tess de d’Ubervilles, um livro que, há muitos anos já, tentei ler, mas não me despertou muito interesse e acabei por abandonar (sim, sempre tive dificuldade em ler prosas muito descritivas que por vezes beiram a técnico, mas isso é outra história), porém Judas, O Obscuro poderia até ser o seu livro mais icónico. 

Judas… é uma tragédia, uma história de amor cativante e perturbante por parecer vívido e real. Eu costumo aconselhar àqueles a quem recomendo o livro que, a dois terços do fim, cessem a leitura, a não ser que gostem de levar com murros no estômago.
As mais clássicas tragédias, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Píramo e Tisbe, tiveram o seu final resultante de um erro, de um desencontro, e isso faz com que Judas… se destaque grandemente nesta categoria porque resulta de uma deliberação.

Judas… não é um livro que acaba logo depois de fechar as capa, principalmente porque a última frase é tão ou mais perturbadora que o livro todo (considerada depois de toda a leitura, é claro).

Porém, Judas… tem uma fraqueza: o início, um tanto morno e que não prende logo a atenção. No entanto, lá pelo segundo capítulo, só queremos chegar as últimas páginas, e quando estamos perto delas desejamos estar no meio do livro, não queremos nunca que acabe, tal é o embalo. E mesmo o teor descritivo do livro, as paisagens, a arquitectura, a cidade, que a mim me chateia imenso, torna-se delicioso. As análises psicológicas dos personagens, a sua descrição e tridimensionalidade são outros pontos forte dos livros.

A história de Judas…, já agora, é sobre um rapaz chamado Judas, que deseja ser maior do que o sítio onde nasceu, porém, muito ingénuo acabou em laços que não desejava, e que depois encontra a libertação na sua prima, outra pessoa que, tal como ele, tem grandes aspirações.

Judas, O Obscuro, foi o livro mais fascinante que eu li em 2006 (quando escrevi estas notas), aliás, até uma amiga minha, devoradora insaciável de Nicholas Sparks confessou-me, depois de lhe ter emprestado o livro que nunca tinha lido igual.

Eu sei que para o, provavelmente, melhor livro que já li, no seu género e mesmo fora dele, este post não é brilhante e falta-lhe entusiasmo, no entanto, isso não me impede de garantir: Judas, O Obscuro é uma obra-prima, uma leitura obrigatória.

4 de dezembro de 2011

PSYCH, S06E05 – Dead Man's Curveball (review)

E então Mel disse: Estou velho demais para esta merda.

Assim fora do contexto a frase não tem piada alguma, mas quando se sabe que Mel foi representado por Danny Glover, e que o nome é uma piada com Mel Gibson, com quem representou Murtaugh e Riggs, respectivamente, na série Arma Mortífera, e a frase foi dita na Arma Mortífera 4 antes de levarem os dois um enxerto de Jet Li, percebe-se a sua graça.

Mel é um treinador de basebol que Shawn conheceu desde criança e o contrata para investigar um suposto assassinato, o que foi a linha principal do episódio.

Entretanto, a primeira metade deste episódio foi uma seca, salvo um ou dois momentos, com Shawn (James Roday) nas suas ridicularices sem sentido que depois de mais de cinquenta episódios perde o encanto, apesar de acharmos nada natural quando ele não se mete ao ridículo. Por exemplo, aquela discussão no início que teve com o seu pai, Henry (Corbin Bernsen), foi um tanto novo, eu sei que eles discutem mas não desta forma, no entanto... bem, de qualquer forma sabemos que Shawn é o filho do seu pai, e a rivalidade entre os dois por causa do basebol de tão irrisório tornou-se engraçado.

Este aqui foi uma espécie de repetição de um dos episódio de uma das temporadas anteriores onde Shawn se infiltrara numa equipa de futebol americano, e talvez por essa razão que até ter começado a ganhar independência, lá para o meio, não teve nenhuma graça, pelo menos para mim.

Se num dos episódios anteriores tivemos Gus (Dulé Hill) drogado, aqui foi a vez de Shawn, não foi tão engraçado quanto Gus, mas não deixou de o ser.

Gus: Por que estás a fitar a minha orelha?

Shawn: Não sei, mas não consigo parar de olhar.

Gus: Por que estás a falar tão rápido?

Shawn: Por que estás a ouvir devagar?

Uma coisa que não entendi foi Henry depois disso ter dito que um amigo seu analisou a água que tinha drogado Shawn, quando a esquadra tem o seu próprio laboratório e em muitos episódios quem analisa essas coisas é o Woody (Kurt Fuller), será que se esqueceram disso ou simplesmente esqueceram-se disso? E Woody está a ganhar cada vez mais a minha simpatia, e aquele paralelo ridículo que fez entre uma melancia e a cabeça humana só porque a primeira contem vitaminas que o cérebro precisa, ou quando pediu por um voluntário para testar a teoria do taco de basebol estiveram mesmo à altura.

Shawn a revelar acidentalmente que praticamente toda a equipa do basebol dormia com a mulher de um deles, ou como a câmara focava nos olhos do mascote enquanto procurava informações ou a dar as boas e as más notícias a Gus, e este a convencer o assassino para não atirar nele, prometendo levá-lo à pessoa certo foram outros dos momentos hilariantes deste episódio. Ah, e esqueci de mencionar Gus vestido de mascote.

Como dissera, este não foi no começo um grande episódio, mas lá para o meio teve uma boa concentração de piadas que acabou por fazer esquecer o início morno. E, ah!, parece que voltamos outra vez às doses de Young Shawn.

27 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E05 – I Keep Taking Baths Like Lady Macbeth (review)

Parafraseando não sei quem: É melhor arrepender-me por algo que fiz, do que por algo que poderia ter feito, mas não fiz. 

Esta semana parece que o que se passa com os nossos amigos pode ser simplificado por essa frase, todos têm que tomar uma decisão e num curto espaço de tempo, para evitar (ou criar mais) evoluções futuras.

“Bored do Death” neste episódio esteve bem, trazendo Jonathan (Jason Schwartzman) de volta a mais um caso pseudo-detectívico, e, como ultimamente tem sido uso, conta com a ajuda de Howard (Patton Oswalt) que agora é o seu “Q” (numa aproximação a James Bond). E, ah, acharam que não valia a pena afastar Jonathan de George (Ted Danson) por muito tempo e voltaram a uni-los o mais rápido possível. Fora interessante essa separação no episódio anterior e embora eu não acreditasse na sua duração, esperava que eles tivessem a coragem de a manter, mas ao que tudo indica parece que teriam dificuldades em gerir a série com o trio separado.

Apesar de tudo esse bocado de tempo afastados gerou momentos interessantes, o que levou a um dos pontos mais cómico do episódio: o gabinete de aconselhamento. Eu gostaria de ver a terapeuta (Sarah Silverman) a aparecer mais vezes, pois tem uma presença e tanto (ou a sua cara bonita fica bem na tela) e a sua postura agressiva, à la ”mistress”, com um toque de adepta de jogos “sado-maso”, poderia torná-la interessante para corrigir Jonathan e, visto que provavelmente vai acabar na cama com George, ver se o dominava, posto que ele está habituado a ficar por cima, a ser o controlador. Eu queria mesmo ver a interacção destas três figuras. Aliás, talvez até pudesse ser uma “mãe” mais impositora e menos desleixada para Ray (Zach Galifianakis), ajudando-o a mudar também. Ok, eu sei que é muita coisa, mas ela tem esse potencial, e provavelmente ela é a metáfora de Lady Macbeth que aparece no título (embora Jonathan também pudesse vestir essa pele).

Outro ponto cómico foi a interacção entre Ray e Green (John Hodgman), despertando este uma confusão sexual naquele. Ray parece ter atingido o seu apogeu sexual, tornando-se atraente para quem quer que seja, e parece tão surpreso e intrigado com a sua reacção a Green que nem sequer quer contar aos amigos o que se passa. Não é a primeira vez que um dos trio lida com questões homossexuais, George já quisera experimentar a homossexualidade, esperando desta forma encontrar a sua “mulher interior” e consolidar o seu eu, mas parece que a forma do seu assunto é diferente da de Ray.

E eu disse que “Bored To Death” tinha-se tornado “hardcore” e parece que não me enganei. A cena com Leah (Heather Burns), que, tal e qual aconteceu com Jonathan-George, acharam que não valia a pena deixarem-na afastada de Ray, embora só tenha servido para meter a piada do pentelho branco e não propriamente para ser chocante e ousada, acabou por se exactamente isso pela maneira como foi introduzida. A piada foi engraçada, mas a situação e a sua justificação foi bastante forçada. Mas sei lá, todos os casais têm de quando em quando a sua pancada.

O resumo desta semana é isto: Jonathan e George vão a um conselheiro (ou terapeuta) de amizade e acabam por ficar juntos, mas não por causa disso; Ray anda a cornear Leah com Belinda (Olympia Dukakis), com quem está a criar laços; Green, carente de atenção, apaixona-se por Ray. Não foi um dos melhores episódio, mas esteve bem acima do anterior.

26 de novembro de 2011

PSYCH, S06E04 – The Amazing Psych-Man & Tap Man, Issue No. 2 (review)

E então Shawn disse: Eu resolvi mais crimes do que sei contar… porque eu resolvo muitos crimes e não porque não sei contar.

Às vezes tenho medo de simplesmente sentir-me cativado pelos personagens de “Psych” e sobrevalorizar os episódios, por isso peço, alguém por favor me diga que “Psych” não é tão genial quanto eu penso.

Tudo o que é “nerd” e “pop” é visitado por “Psych”, já tivemos temas (vampiros, lobisomens, etc.), séries (alguém se lembra de “Twins Peaks?”), filmes (até de Bollyhood) e desta vez, um formato diferente, a nona arte, com os super-heróis. Ainda uma visita ao filmes do Super-homem, quando aparecia uma notícia no Daily Planet, rodando até ocupar o ecrã, só que a brincadeira aqui foi feita com um iPad ou “tablet” qualquer (não sei, e não interessa), e também houve alguns momentos de fazer inveja ao “The Cape”.

Tirando os momentos de piada, vendo a outra vertente, gostaria de salientar a conversa entre Shawn (James Roday) e Juliet (Maggie Lawson) sobre a sua relação, onde ele diz que não precisa estar sempre de acordo com ela para que tenham uma boa relação e exemplifica com o seu relacionamento com Gus (Dulé Hill). Shawn é inteligente, porém, por vezes, é um autêntico contraste, toma atitudes infantis na maior parte do tempo, mas mostra quase sempre uma maturidade tremenda. Acho que o romance destes dois está a ser bem doseado, mostram que a relação está a aprofundar-se, mas não perdem tempo com ela, quanto muito umas duas doses de conversas bem servida para mostrar a sua evolução.

Falei da maturidade de Shawn lá em cima, mas aqui vou falar da sua insegurança. Como já tinha dito, ele é um tremendo antítese, pois só uma pessoa ultra-confiante tomaria as atitudes que ele toma, na maneira como aborda as pessoas, mas todas as suas atitudes por vezes parecem máscaras para esconder a sua insegurança. Aqui entrou outra vez em competição com “The Mantis” porque este estava a ser elogiado, principalmente por Juliet.

Agora tenho de ir para a série. A história desta vez é sobre um vigilante que aparece na cidade e começa a limpar a bandidagem, o que causa duas reacções antagónicas da força policial: a admiração e o contentamento de ele estar a ajudar a lei e a necessidade de pará-lo, porque apesar disso está a margem da lei. E tal como não podia faltar, houve uma referência ao vigilante #1 do cinema: Charles Bronson. Entretanto houve aqui uma lacuna. Shawn percebeu que “The Mantis” tinha plantado uma evidência, mas nos momentos seguintes essa história não voltou a ser tocada e ele deixou-a passar em branco, ajudando mesmo a ilibar o “The Mantis”.

Não sei mesmo o que falar sobre o episódio, já devem ter notado pela maneira como estou a saltar de assuntos entre os parágrafos, porém não é porque não tenha onde pegar no sentido negativo, mas porque é um episódio bem sólido (desconsiderando a parte da evidência que apontei) e muito engraçado. Esperava no entanto que Gus usasse o seu super-faro neste caso, mas preferiu ser o “Tap Man”, falhando os seus alvos com uma técnica cujo único efeito que poderá ter nos “atacados” é um posterior ataque de riso quando se lembrarem da situação. Não me lembro em que temporada Gus levou Lassiter para aprender a fazer sapateado, através do qual este aprendeu a alcançar a paz interior e a aclarar a mente, ou seja, já sabia que ele fazia sapateado, mas só achei um tanto forçado que ele use sapateado com técnica de combate… eu disse, forçado, não disse não-cómico.

Tem momentos em que Shawn e Gus são extremamente irritantes, como na cena onde se embaraçaram e caíram, acho que exageram no “c’mon, son”, sei que querem introduzir o termo para a série, mas podiam fazê-lo de uma forma mais gradual e discreta, tipo o “bazinga” de Sheldon, que ele agora não diz (bem, já estou a misturar as coisas). E a cena final, estúpida e engraçada, mas irritante na mesma, pois parece-me irreal.

Gostava que tivessem tempo para Woody, mas se nem o têm para os personagens do elenco fixo, como Karen e Spencer, compreendo que não o tenham para ele.

Não posso referir-me a todos os momentos engraçados de “Psych”, porque o “timing” entre as piadas é demais, mesmo que todas não funcionem, por isso, é melhor deixar que cada um eleja o seu melhor momento.

Em resumo, este episódio é mais uma pérola de “Psych”.


Shawn: … E tens uma tatuagem de um bullmaster.
Reynolds: É a minha avó.
Shawn: Ela está a fingir ser um bullmaster?… (embaraçado) Aposto que ela está a parar o trânsito no céu?
Reynolds: Ela não está morta.

13 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E04 – We Could Sing a Duet (review)


Parafraseando Jeanne Moreau: A idade não nos protege do amor. Mas o amor, até certo ponto, nos protege da idade.



O tema principal deste episódio foi o choque de gerações, a diferença das idades, o que pode dali nascer e como é visto preconceituosamente pela nossa sociedade. O episódio queria levantar o véu do preconceito, mas a determinada altura acabou por usar ele mesmo o véu, mostrando-se tão preconceituoso com o tema tanto quanto aqueles que aponta o dedo.

Eu sei que “Bored To Death” não é uma série para crianças, de maneira que não há censuras às palavras “cock”, “fuck” e os seus parentes, entretanto apesar disso e apesar dos pénis do Ray, este episódio foi, sei lá, um transpor da fronteira, deixando a série “hardcore”. Não sou contra sexo, nem nada que pareça, mas este episódio, metade ele sexualizado, e não no sentido académico do termo, não foi nada limpo. De um lado tivemos dois trios, um na cama, o outro, voyeur, num telhado a mirar, e do outro lado o Ray (Zach Galifianakis) a ser cantado por uma “grannie” (Olympia Dukakis - muito boa a velhota). Volto a dizer, não tenho nada contra qualquer tipo de sexo consensual, entretanto a forma como essas histórias foram apresentadas não foi justa, pois dava aos intervenientes um ar de tarado, beirando a ridículo e troçando das situações, embora nenhum dos personagens tenha mostrado uma manifestação “fóbica”. Talvez seja um coisa só minha, no entanto não achei nenhuma piada a essas explorações.

E Ray, pelo amor de Deus, Ray é um personagem totalmente detestável, fascinante de um certo modo, mas detestável. No começo da temporada, parecia que ele tinha crescido alguma coisa, mas depois tratou de mostrar logo que é o mesmo sacana egoísta e desprezível se sempre, o que nos leva a Leah… Ainda estou para perceber qual é o fascínio em homens preguiçosos que não lhes respeitam ainda por cima. Será que é para se sentirem “machos” , tipo: sou a chefe da casa, tenho um homem em casa e trabalho para o sustentar? Bem, ao menos fosse por essa sensação de, trogloditamente, vestir as calças, mas quando se tem que voltar para a casa e trabalhar outra vez em casa para fazê-la parecer casa e aturar uma pessoa que só te quer pela tua cama (contigo nela ou semtigo), fico realmente bastante confundido. Eu tinha ficado com pena de Ray da primeira vez que foi posto na rua por Leah, mas, desta vez, nem um bocadinho.

Jonathan (Jason Schwartzman) ainda quer continuar a procurar pelo pai biológico, mas as pistas esfriaram, e fala que está a procurar pelo pai biológico só para nos lembrar que está a procurar pelo pai biológico, mas eu já em lembrava que ele estava a procurar pelo pai biológico, e ele não precisava repetir que estava a procurar pelo pai biológico, principalmente quando o review do episódio já dizia que ele estava a procurar pelo pai biológico. Por outras palavras, não vi razão nenhuma para referirem a essa história (foram umas três vezes, se não estou em erro) se não a iam desenvolver. E até que essa parte não foi um grande problema, o problema mesmo foi tudo o que envolveu Jonathan neste episódio, desde o encontro forçado com a Emily (Halley Feiffer), passando pelo Jonathan Ames pop-up (Brett Gelman), o ladrão de identidade, que surgiu de repente e com o mesmo de repente deu à sola, que não serviu praticamente para nada senão para trazer convidados especiais para enfeitar o elenco.

O mais interessante do episódio foi George (Ted Danson) e a sua história, em todas as suas interacções, tanto com Bernard (David Rasche), como com Antrem (Oliver Platt) e ainda com Emily, que não chegamos a ver, mas sentimos através do próprio. E mais, a sua decisão, no final, em cortar os laços com Jonathan, amarga, no entanto, realista: a amizade perdoa, mas há limites. E a realidade é que George é o pai de Emily e não de Jonathan.

O ponto que mais gostei do episódio mesmo foi o confronto sexual de gerações, que tratado de uma maneira cândida no caso de Bernard-Emily, foi usado de maneira “perversa” no caso Ray-Grannie, e com Jonathan e Ted no meio a fazer o apelo à juventude.

Não entendo nada a relação entre Green (John Hodgman) e Antrem, se o primeiro vê no outro uma figura paterna, este vê naquele, sei lá, um objecto para descarregar frustrações. Green e Jonathan não são muito diferentes, ambos são dependentes de atenção e querem ser aceites por aquela figura que elegeram como exemplo, no entanto não sei dizer se a relação que mantém com essa figura é que os faz ser como são, dependentes, ou se eles seriam como são mesmo sem essa influência.

Eu vi este episódio todo expectante, atento a momentos para dar gargalhadas, no entanto, não me lembro de ter rido em algum momento. Mas isso foi um erro meu, porque não costumo esperar por muitos momentos cómicos da série. E agora que escrevo este reviewnão me admiro muito que tivesse havido praticamente nenhum, visto que o trama parece ter tido mais remendos do que a manta de um mendigo.

11 de novembro de 2011

PSYCH, S06E03 – This Episode Sucks (review)

E então Lassie disse: A única coisa que se compara com a alegria que eu tive foi quando o Chuck Norris discursou na Convenção de Armas em Aberdeen.

Já foi há muito tempo que eu vi as anteriores temporadas de “Psych” e já não sei dizer qual foi a melhor, porém acredito que esta, se mantiver este ritmo com que começou, será de certeza a melhor, o que seria bastante bom, visto que boa parte das séries do género, a esta altura manifestam-se sem ideia e gastas, procedendo a pura reciclagem. É claro que “Psych” recicla (e como!) as revelações finais não surpreendem a ninguém, o que diverte, no entanto, a razão porque eu vejo “Psych” é a forma como lá chegam. Este novo fôlego no “Psych” é um regalo para os acompanhantes da série.

Não é a primeira vez “Psych” trata de eventos “sobrenaturais”, já tivemos um episódio com um psíquico (Shawn.2), com zombie, com múmia, com fantasma, com lobisomem, agora, chegou a vez dos vampiros. O tema que abriu o episódio apontava directamente ao assunto que ia ser tratado, e o título, uma referência crepusculeana ou pelo menos à paródia do filme, “Vampires Sucks”, pois como vimos, “This Episode Sucks”, fazia já por si uma introdução.

A história começou com Lassiter (Timothy Omundson) a ser engatado num bar, o que devido ao tema do episódio cria logo desconfianças, é claro que sabemos que não existe vampiros (ou por vezes receamos que eles caiam no ridículo de dizer que existem) e que tudo não passará, como das outras vezes, de uma situação caricata com uma explicação lógica que se pareceu o que pareceu foi pelas crenças dos envolvidos, mas mesmo assim. Desconfiamos da pessoa que aborda Lassiter, mas lá pelo meio vemo-nos a rezar para que tudo dê certo com ele e que o óbvio não fosse óbvio, principalmente depois de nos ter sido mostrado o estado esfrangalhado em que ele se encontra emocionalmente. Não queria que a minha mãe virasse lésbica aos 53… mas depois que a Altea lhe faz feliz de uma maneira que o meu pai nunca pôde.

E pela segunda vez vemos Lassie a agir para lá da sua lógica, colocando-se fora da sua caixa de areia. Da primeira vez, numa das temporadas passadas, foi porque estava farto de ver Shawn (James Roday) a resolver casos com suposições irrisórias, desta vez embarcou na teoria absurda de Shawn; mas de ambas as vezes, podemos concluir, fê-lo por insegurança. Houve um tempo em que eu me divertia em ver Lassiter a meter os pés pelas mãos, mas acho que esse sentimento está absolutamente mudado, principalmente depois das suas intervenções nos três últimos episódios, e ainda mais pela forma como jurou a Shawm proteger Juliet (Maggie Lawson).

A relação Juliet-Shawn foi deixada em stand by e, ainda bem, pois realmente não fez falta nenhuma, o episódio teve assunto suficiente para preencher os quarenta minutos sem precisar desse enchimento.


O episódio foi uma festa para vampiros, mas sobressaiu mais a história de Lassiter, por isso, fiquei apenas nele. Entretanto, vou falar de Woody (Kurt Fuller), que só apareceu um bocadinho, num registo não muito cómico, e de Henry (Corbin Bernsen) que, não me parece ter muita função ultimamente, senão a de dar a cara. Woody, no entanto, parece ter conquistado o seu lugar ao sol e, pelos vistos, vamos tê-lo a temporada toda a aparecer, mesmo que por um instante, e aposto que se lhe derem mais corda, ainda é capaz de para o elenco fixo.

Hum… este review estava a ficar bastante estranho, porque não é possível falar de “Psych” sem Shawn e Gus (Dulé Hill), e eu quase que o ia fazer. Bem, eu sei que Shawn e Gus são personagens fictícias, mas por vezes dou por mim a perguntar: estes gajos existem mesmo?A infantilidade dos dois é algo necessário para a série e, sei lá, de invejar, pelo menos por mim que gostaria de ter menos siso no meio de outras pessoas, entretanto por vezes descamba para o ridículo. Gus, oh, Gus… a cena com o clorofórmio serviu-lhe mesmo bem.

Paralelo aos vampiros referenciados e aos filmes de vampiro, e até a séries*. Ainda tivemos uma homenagem a Clint Eastwood, com referências que ajudaram Lassiter a encontrar a sua alma gémea. A cena final na prisão, digno de um filme de Bollywood, ou dos dramas dos anos 50, foi divertida. Ah, quase que me esquecia, não só Shawn, Gus e Tarantino sabem quem é Blácula, eu também sabia, mas acredito que só eu e mais uns quantos gatos pingados que não limitam a sua cinefilia a filmes pós-”Matrix” é que sabemos.


Shawn: Ele tem uma doença chamada Don Skarsgard*, precisa de muito sangue O-negativo e tem de roubá-lo porque não tem plano de saúde.

10 de novembro de 2011

THE FADES, S01E06 – Episode 6 - final da temporada (review)


Iaí pipoles, 

lembram-se da história daquele homem que foi morto, ressuscitou para acabar com todo o Mal e salvar a toda a gente, mas em vez disso lixou tudo, porque uns começaram a fazer guerras em seu nome, outros contra ele? Pois bem, eis a história deste episódio.

O complexo de Messias é um tema sempre interessante, porque praticamente todas as pessoas, em algum ponto da sua vida o desenvolvem, mesmo quando sofrem de “baixa-estimite” aguda, e principalmente nesses casos, criam essa fantasia para contrabalançar, aliás, foi o que Mac (Daniel Kaluuya) contou a Neil (Johnny Harris), para descobrir que afinal tinham esse ponto em comum, porque este também julgava que era a reencarnação de JC. Porém, duas coisas pode acontecer quando uma pessoa que se julga Messias descobre que não é, mas que outra talvez o seja: ou passa para uma adoração doentia ou então desenvolve um alto teor de inveja ou ódio. Não sei dizer qual é o caso de Neil em relação Paul (Iain De Caestecker), mas sei dizer que Neil sempre se sentiu com um chamado divino e não tem dúvidas que precisa de ir até aos extremos se for necessário para fazer o trabalho que Deus lhe mandou fazer, o que não admira nada, pois Papas, Rabinos, Pastores e Ayatalas têm, ao longo da história, cometido atrocidades por um sentimento similar.

Paul tornou-se tão importante, tão importante que todos esperam alguma coisa dele, o que o frustra ainda mais, porque ninguém leva em consideração que ele não faz ideia do porquê das coisas pelo que está a passar e tem de lidar com tudo isso e processá-lo, mas apenas continuam a jogar sobre ele os seus receios, as suas esperanças e frustrações, esperando que dê numa de Neo e reescreva o Matrix.

Onde as séries ou filmes costumam apostar na acção para criar tensão e movimento, “The Fades” apostou em diálogos ou monólogos (o que, por exemplo, foi praticamente a conversa ente Anna – Lily Loveless - e Mac) e conseguiu o mesmo efeito.

Eu costumo não me preocupar com os heróis, acreditando que sempre conseguirão sobreviver, e nem com as pessoas próximas do herói, mas depois de Jay (Sophie Wu) ter sido morta por Neil, pá, fiquei mesmo receoso que fossem mais longe e resolvessem matar ou Mac ou Anna, principalmente por causa da dica de Neil ao matar Jay – “esta é dispensável” –, pois como abriram o jogo nesse ponto, receei que se mostrassem ainda mais ousados.

Não vi utilidade nenhuma no pai do Mac ou mesmo na mãe do Paul, estiveram ali é claro, mas é como não estivessem. Mac precisava do pai para dizer que se sente sozinho e abandonado, no entanto, nem precisavam pôr ali uma pessoa para passar esse sentimento, bastava que não a mostrassem; a mãe de Paul, idem, ela era preciso para percebermos porque Anna lhe trata mal a ele, ou seja, que esse tratamento derivava de inveja e do sentimento de abandono, visto que ela sempre pareceu mais empenhada no irmão do que nela, tendo o irmão ainda por cima o apoio do amigo Mac, ficando ela sozinha tendo que construir todo o seu forte e nomear-se a rainha, quando na verdade lida com medo de abandono. Aposto que ela também se sentia JC, ou talvez MM.

Já receava que, com o êxtase do sexo, Sarah (Natalie Dormer) perdesse o controlo e tentasse trincar Mark (Tom Ellis), porque não cheguei mesmo a acreditar que a relação desse certo. No entanto, apesar de natural a reacção de Mark em fugir do que não entende, pois ele passou por muito: soube que a esposa morrera, depois falou com a alma dela, ao contrário da sua crença, e depois viu-a outra vez em carne e osso, e depois quase foi comido por ela (logo depois de ter sido comido por ela), achei um tanto cobarde da parte dos argumentistas terem-no feito fugir, porque era muita complexidade para explorar… mas, bem, considerando que Sarah depois ascendeu, provavelmente o caso Mark não poderia não ter mais sumo para dar.

Eu compreendi a posição de John (Joe Dempsie) em não querer ascender. Depois de mais de setenta anos a tentar entrar neste mundo, por que raio ele quereria sair logo depois de ter conseguido o seu intento, ainda mais, quando tem o bónus de ser imortal?… ou quase imortal.

Continuo a achar que o episódio mais tenso de todos foi o quarto, mas aqui, tal e qual a dica que Mac deu na abertura, através do seu tom, quando fez o “review” da semana anterior, este episódio era para ser melancólico (sim, notei essa particularidade, o tom que Mac adopta no início costuma ser o tom do episódio), e foi melancólico. Consolidou ou deu mais corda às histórias da maior parte das personagens, o que foi interessante, significando que até no fim ainda tinha algo para contar, até no fim ainda mostrava um princípio, e resolveu algumas pontas soltas.

“The Fades” fechou bem a temporada. E interessantemente deixou aberta uma frincha: com o que será que Paul mexeu? O que vai trazer ele para a terra? O Inferno (considerando o céu vermelho a fogo)? Eu esperava que alguma coisa acontecesse ao John e ele não conseguisse ascender e se tornasse mais forte – porque acreditava num clifhanger para uma segunda temporada – e fiquei um tanto incomodado quando ascendeu, depois pensei que Neil se tinha transformado em alguma coisa ruim (quer dizer, desconsiderando a parte em que sucumbiu à loucura e matou Jay ou babava de raiva enquanto falava com Alice), mas não foi… como mostrei no início do parágrafo, não faço ideia do que está por vir, mas digo que seja o que for provocou-me bruta curiosidade. E espero estar aqui para escrever sobre a segunda temporada.

9 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E03 – The Black Clock of Time (review)

Parafraseando a Bíblia: Sou Deus zeloso, que visito os pecados dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.

Vamos limpar a frase, tirar “deus zeloso” e “aqueles que me odeiam” e vamos evocar Freud para parecermos menos religiosos ou místicos, e ficaremos apenas com: os filhos pagam pelos pecados dos pais. A educação e o carácter dos pais, regra geral, reflectem nos filhos, é claro que há excepções, por exemplo, Michael Jackson, preto, que teve filhos apenas brancos, ou Picasso, que desenhou pombas quadradas, enquanto seu pai desenhava pombas com linhas naturais, ou o pastor homofóbico T.D. Jakes que tem um filho homossexual. Ok, se o primeiro caso se deveu a um desvio do determinismo genético, o segundo e o terceiro talvez se tenham derivado da ausência do determinismo social e da prepotência da vontade. Mas, pufff, basta de teorias pseudo-científicas.

O episódio de hoje foca-se sobre as influências dos pais sobre os filhos, e, acredito, de uma certa maneira dos filhos sobre os pais. George (Ted Danson) a tentar conectar-se melhor com a sua filha, e pelo que percebi, entra sempre em rivalidade com a mãe desta, talvez, inconscientemente, para impressioná-la, aliás, vemos como quer ser ele a amá-la mais a ela do que ela a si.

Temos Ray (Zach Galifianakis ) e Spencer, este leva-o a querer tornar-se num melhor pai, mas, como vimos já em duas temporadas, ele é preguiçoso demais para mudar. Ele quer ser pai, quer, mas “ser pai uma vez por semana é para ele uma actividade muito cansativa, porque não consegue nem tempo para passar pelas brasas por, pelo menos, dez minutos”. Quer dizer, ele não sabe que ser pai é um trabalho em tempo integral e não se pode (ok, talvez se possa) tirar folgas, a razão por que pessoas como ele preferem ser o “tio esquisito”. Ray é tão desligado que troca o filho num parque e nem percebe que o fez, a sua interacção com Spencer no primeiro episódio já tinha sido lamentável, aqui consolidou a incapacidade em ser pai. É claro que fiquei com pena que a mãe de Spencer não lhe permita mais ficar com ele, mas é bem justo, não vá acontecer a ele o que aconteceu o próprio Ray, criado por uma mãe alcoólica.

Jonathan (Jason Schwartzman) está mais que empenhado na sua busca pelo pai, mas, deixou bem claro, isso não que dizer que não ame ao seu pai que o criou. Provavelmente está a reflectir os valores da sua educação, e rendeu uma boa história a sua entrevista na televisão e o encontro com o seu némesis, Louis Green (John Hodgman), que definitivamente ainda não conseguiu superar a sua rivalidade com aquele, e pelo que parece, jamais conseguirá. Suponho, para justificar o seu ódio, que Louis vê no Jonathan a pessoa que podia ter sido para impressionar o seu pai. Aqui aconteceu a linha que deu título ao episódio, a história do “The Black Cock of The Time”, oh, desculpa, “The Big Black Cock of The Time”. Essa parte foi hilariante, a associação que a assistente fez usando o “big” que, conforme Louis, nem ele tinha dito, mas quem anda ou andou por sites porno sabe que nunca aparece a palavra “black cock” sem o “big” a precedê-lo, os famosos “bbc”.

Como sempre a complexidade (?) do “Bored To Death” não se deve à estrutura do trama, mas à característica dos personagens e da sua leitura psicológica. Eis um bom episódio.

6 de novembro de 2011

THE FADES, S01E05 (review)

Iaí pípoles, 


lembram-se daquela história de um grupo de putos encurralados numa escola e que têm de resistir a uma invasão de aliens… ou de zombies… ou de traficantes… ou de zombies… ou de vampiros… ou de zombies? Bem, este episódio é exactamente disso que trata. Não que eu seja contra clichés, principalmente quando são reinventados como as séries inglesas têm por uso, não, no entanto, apesar de divertido este episódio, foi bastante superficial, comparado ao episódio anterior.

Não é fácil manter o ritmo de uma história, é claro que quanto mais se aproxima do fim, mais pontos se põem em descoberto e as coisas se explicam e parece, porque está-se a chegar ao amarrar das pontas, que a intensidade aumenta, mas aqui não tive essa sensação, principalmente porque não houve praticamente nada de novo que me mostraram e não acreditei por momento algum que Paul (Iain De Caestecker) corresse ou correria perigo em momento algum, principalmente depois de ter entrado no modo Super-Homem (não o de Nietzsche, mas o da DC Comics), o que leva à única solução possível para criar sensação de perigo: pôr Lois Lane em risco, quer dizer, pôr os seus entes queridos em risco.

O episódio foi bem ritmado e foi divertido, mas não arrebatador como o anterior e, como já dissera, tirando uma ou duas coisas, praticamente sem nada de novo. Vou apontar os pontos de maior relevância.

A revelação da Sarah (Natalie Dormer) ter bebido sangue para ganhar carne e voltar para Mark (Tom Ellis) se surpreendeu a alguém foi talvez a quem se limita apenas a ver o que é mostrado no ecrã e quando faz associações fá-lo sem conseguir projectar. Todavia, apesar de não ter sido nenhuma surpresa, o momento escolhido para essa revelação e a ternura da cena foi de bastante impacto para dar uma espécie de relevância à questão.

Neil (Johnny Harris - um dos melhores, senão o melhor desempenho da série) é um personagem que, por vezes, foge do meu entendimento. A atitude que mostrou antes incentivando a Sarah a comer, a ajudá-la, na cena da banheira, e a atitude que teve ao raptar Mac foi, não sei dizer se foram a expressão máxima do desespero ou mostras de loucura própria desses cruzados idiotas que não vêm mais nada do que a sua causa.

Paul fechou o ponto de ascensão ao reencarnar, ou seja os que ficaram mortos não têm mais nenhuma solução a não ser tornarem-se “fades” ou então ir para as amazonas. Belo trabalho fez ele, ou seja, em vez de ajudar os outros só conseguiu ajudar-se a si mesmo.

O sacrifício de Natalie (Jenn Murray) para salvar John, o FC (Joe Dempsie), surpreendeu-me… principalmente porque eu não esperava lealdade entre os mortos. Ok, eu sabia que que John já se tinha arriscado por Natalie, mas de qualquer forma, não estou habituado a ver zombies com sentimentos. O que nos leva ao ponto: por que não merecem eles viver, depois de tudo o que sofreram? Talvez porque matam os outros para sobreviver, o que não é muito ético, embora nós matemos também outros seres para sobrevivermos. Aliás, como disse John a Paul: “ Eu quando mato, as pessoas voltam à vida, mas quando tu matas, vão de vez”; quem então é o pior dos dois?

As investidas de Mac (Daniel Kaluuya) a Anna (Lily Loveless) ou a reacção desta ao descobrir que Jay (Sophie Wu) afinal tinha outros interesses mais calmos do que ser popular garantiram o momento de comédia e foram bons, e eu gostei muito, porque receava que depois do que os dois primeiros passaram para ajudar a trazer Paul à vida, ela perdesse magicamente o seu carácter de megera, mas ela não foi descaracterizada, ganhando assim, na minha classificação, o primeiro lugar da megera mais agradável do ano.

Uma coisa extremamente errada foi a velocidade com que os fades de John voltavam à “carne”, por exemplo o psiquiatra de Paul ou o namorado da Anna, este último que tinha sido morto no dia anterior, enquanto Sarah levou mais tempo a conseguir carne… será da especialidade ou da quantidade de sangue ou será da que John ganhou poder de fabricarfades com mordidas? Outra coisa que não entendo é John ficar sempre com a roupa imaculada, apesar de morder sempre e esguichar sangue por tudo o quanto é lado, e mesmo quando veste depois a indumentária da vítima.

Apesar da queda de intensidade em relação ao episódio passado, “The Fades” continua bem.

5 de novembro de 2011

PSYCH, S06E02 – Last Night Gus (review)

E então Shawn disse: o meu dispositivo de dedos na sobrancelha está avariado


Digam que exagerei, mas quero dar 10 pontos a este episódio, apesar de algumas piadas que não funcionaram. E preciso de fazer uma review depois disso?

“Psych meets The Hangover”, podia ser este o título, e recomendo àquela malta de Hollywood, para quando forem fazer “The Hangover 3” verem este episódio de “Psych” e aprender como é que se faz comédia.

Quem começou bem esta temporada foi Woody (Kurt Fuller), a sua personagem, por ser um tanto esquisito, diferente da esquisitice de Shawn e de Gus, aumenta uma pitada à lista de esquisitice dos personagens. Já no episódio anterior teve o seu momento amplificado, mas a química entre ele e o pai de Shawn, Henry (Corbin Bernsen), não funcionou como neste episódio com os outros. Espero que ganhe mais tempo de antena, o seu humor lembra-me ao Dean Pelton de Community.

Eis a história desta semana: Shawn, Gus (Dulé Hill), Lassiter (Timothy Omundson) e Woody acordam sem lembranças nenhuma do dia anterior, e pelo que vão percebendo, podem ter lidado com traficantes e até morto uma pessoa… oh, não… duas pessoas! Ou pelo menos, Lassie pode ter morto. A cumplicidade entre os rapazes foi bem divertida. E foi também divertido ver Shawn a passar-se porque foi jogado para uma situação absolutamente fora da sua caixa de areia, onde não pode confiar na sua mente para lhe ajudar.

E ainda, a conversa de com a Juliet (Maggie Lawson) também teve a sua carga emocional positiva, pois além de servir um bocado para o lado cómico, deu a pincelada de romance que Psych insiste em usar, o que não me desagrada. Eu juro que pensei que Juliet ia dizer que Shawn lhe tinha pedido em casamento.

Se Psych continuar com este ritmo, acredito que esta será a sua melhor temporada, pelo menos este episódio é, já, um dos meus favoritos. E estou a sentir uma mudança no ritmo de Psych, mas ainda não me desagrada… por exemplo, uma particularidade no episódio anterior foi a cena usual das aulas de Henry com o “young Shawn” ter sido mostrado apenas no final do episódio, ok, serviu para fechar o pseudo-suspense sobre Shawn ter enganado o polígrafo. Neste, não fomos honrados com a presença do “young Shawn”, será que é porque não havia como Henry pudesse prever uma situação destas, ou querem mudar o estilo depois de cinco temporadas de quase mesma coisa e de um Henry que, ou é mesmo um psíquico, visto todas as lições que deu ao filho servirem para algo, ou é um professor e pêras?

Não gostei e achei improvável a reacção de Gus na reunião com Karen (Kirsten Nelson), teve piada, por causa da comédia corporal de Gus, e diz que ele está tão desesperado em marcar pontos que teve uma atitude que geralmente só Shawn teria, mas menos maduro em relação a este. Essa cena tirou a seriedade do episódio e daquela equipa de investigação, é certo que se comportam como crianças (por exemplo, a cena entre Shawn e Lassiter a brigarem com toalhas, entre inúmeras outras do episódio passado), mas aqui pareceu mesmo uma birra de jardim-infantil. Enfim… O melhor do episódio, no entanto, deveu-se também a Gus. A cena com Leroy, estando ele chapadinho da Silva foi hyper-hilariante.

Shawn: Senhoras e senhores… e Dwayne… apresento-vos o Sr. Leeeeeeeroy Jenkins.