Thomas Hardy, que é não é de quem
vou aqui falar, é provavelmente mais conhecido por Tess de d’Ubervilles,
um livro que, há muitos anos já, tentei ler, mas não me despertou muito
interesse e acabei por abandonar (sim, sempre tive dificuldade em ler prosas
muito descritivas que por vezes beiram a técnico, mas isso é outra história),
porém Judas, O Obscuro poderia até ser o seu livro mais
icónico.
Judas… é uma tragédia, uma
história de amor cativante e perturbante por parecer vívido e real. Eu costumo
aconselhar àqueles a quem recomendo o livro que, a dois terços do fim, cessem a
leitura, a não ser que gostem de levar com murros no estômago.
As mais clássicas tragédias,
Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Píramo e Tisbe, tiveram o seu final
resultante de um erro, de um desencontro, e isso faz com que Judas… se destaque grandemente nesta categoria
porque resulta de uma deliberação.
Judas… não é um livro que acaba
logo depois de fechar as capa, principalmente porque a última frase é tão ou
mais perturbadora que o livro todo (considerada depois de toda a leitura, é
claro).
Porém, Judas… tem uma fraqueza: o início, um tanto
morno e que não prende logo a atenção. No entanto, lá pelo segundo capítulo, só
queremos chegar as últimas páginas, e quando estamos perto delas desejamos
estar no meio do livro, não queremos nunca que acabe, tal é o embalo. E mesmo o
teor descritivo do livro, as paisagens, a arquitectura, a cidade, que a mim me
chateia imenso, torna-se delicioso. As análises psicológicas dos personagens, a
sua descrição e tridimensionalidade são outros pontos forte dos livros.
A
história de Judas…, já agora, é sobre um rapaz chamado
Judas, que deseja ser maior do que o sítio onde nasceu, porém, muito ingénuo
acabou em laços que não desejava, e que depois encontra a libertação na sua
prima, outra pessoa que, tal como ele, tem grandes aspirações.
Judas, O
Obscuro, foi o livro mais fascinante que eu li em 2006 (quando escrevi estas
notas), aliás, até uma amiga minha, devoradora insaciável de Nicholas Sparks
confessou-me, depois de lhe ter emprestado o livro que nunca tinha lido igual.
Eu sei
que para o, provavelmente, melhor livro que já li, no seu género e mesmo fora
dele, este post não é brilhante e falta-lhe entusiasmo, no entanto, isso não me
impede de garantir: Judas, O
Obscuro é uma obra-prima, uma
leitura obrigatória.