Caros pais,
Estou a escrever, não é por nada de mais, mas porque há algumas coisas que preciso dizer, para limpar a alma, superar o trauma e viver na maior calma. Como disse, tenho umas verdades para vos contar, podem não gostar, mas eu tenho de falar para me aliviar deste mal-estar que me está a maltratar.
Olhem, pá, como pais e educadores, vocês não tiveram lá muita atenção às minhas dores, não foram bons gestores, não perceberam que os vossos atos também tiveram muito impacto na formação do meu ser. Por acaso tentaram ver se o que faziam teria sequelas sérias no meu estado psicológico?
É lógico que eu vos culpar não foge do estereótipo, e é óbvio notar que o filho em qualquer sítio como um Édipo ou uma Electra brigará com os seus pais. Mas, no meu caso, não é por acaso, meus pais, eu tenho mesmo um vaso largo de muitos ais.
.
Mamã, lembras-te daquela vez que me bateste e me chamaste de burro à frente de toda a gente? Foi um ato indigente e, consequentemente, eu senti-me mesmo doente.
Chamaste-me de burro, a mim... a mim, que sempre fui inteligente, e isso só porque eu tinha na mão um ferro quente e para poupar tempo queria passar a minha camisa sem tirá-la do meu corpo.
Não viste que eu só estava a ser engenhoso?
E tu, papá, tu, tu lixaste-me a adolescência, a minha vida foi uma miséria: todos os meus amigos a irem para o campo de férias e tu a dizer que não ias pagar por essas tretas, que eu não merecia coisas dessas, porque eu era um irresponsável e que estava de castigo.
Castigo, hein? Castigo porque eu podia ter morrido ao ter batido com o teu carro contra o muro da casa? Epá, baza.
Eu podia ter morrido, sim, mas não morri. Sim, podia ter-me magoado, mas apenas o muro foi derrubado. Sim, roubei o teu carro, mas porra, eu só tinha 17 anos, e foi só uma vez e não é como se eu pudesse repetir o feito outra vez, porque a merda do carro ficou todo arrebentado.
Devias mesmo era me teres dado um prémio por ter conseguido sair daquela merda ileso.
Bah… vocês não entendem nada como foram injustos para mim, como me transformaram nisto aqui… A culpa é toda vossa.
Não sei qual culpa, nem quero saber, mas é vossa... Tchau.
Estou a escrever, não é por nada de mais, mas porque há algumas coisas que preciso dizer, para limpar a alma, superar o trauma e viver na maior calma. Como disse, tenho umas verdades para vos contar, podem não gostar, mas eu tenho de falar para me aliviar deste mal-estar que me está a maltratar.
Olhem, pá, como pais e educadores, vocês não tiveram lá muita atenção às minhas dores, não foram bons gestores, não perceberam que os vossos atos também tiveram muito impacto na formação do meu ser. Por acaso tentaram ver se o que faziam teria sequelas sérias no meu estado psicológico?
É lógico que eu vos culpar não foge do estereótipo, e é óbvio notar que o filho em qualquer sítio como um Édipo ou uma Electra brigará com os seus pais. Mas, no meu caso, não é por acaso, meus pais, eu tenho mesmo um vaso largo de muitos ais.
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Mamã, lembras-te daquela vez que me bateste e me chamaste de burro à frente de toda a gente? Foi um ato indigente e, consequentemente, eu senti-me mesmo doente.
Chamaste-me de burro, a mim... a mim, que sempre fui inteligente, e isso só porque eu tinha na mão um ferro quente e para poupar tempo queria passar a minha camisa sem tirá-la do meu corpo.
Não viste que eu só estava a ser engenhoso?
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E tu, papá, tu, tu lixaste-me a adolescência, a minha vida foi uma miséria: todos os meus amigos a irem para o campo de férias e tu a dizer que não ias pagar por essas tretas, que eu não merecia coisas dessas, porque eu era um irresponsável e que estava de castigo.
Castigo, hein? Castigo porque eu podia ter morrido ao ter batido com o teu carro contra o muro da casa? Epá, baza.
Eu podia ter morrido, sim, mas não morri. Sim, podia ter-me magoado, mas apenas o muro foi derrubado. Sim, roubei o teu carro, mas porra, eu só tinha 17 anos, e foi só uma vez e não é como se eu pudesse repetir o feito outra vez, porque a merda do carro ficou todo arrebentado.
Devias mesmo era me teres dado um prémio por ter conseguido sair daquela merda ileso.
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Bah… vocês não entendem nada como foram injustos para mim, como me transformaram nisto aqui… A culpa é toda vossa.
Não sei qual culpa, nem quero saber, mas é vossa... Tchau.