Parafraseando William Jennings Bryan: O destino não é uma questão de oportunidade. É uma questão de escolha. Não é algo para se ficar esperando, é algo a ser conquistado.
Nhé-nhé-nhé, aposto que Jonathan (Jason Schwartzman) diria desta frase que é uma grande peta, depois deste episódio. Mas, está bem, é claro que sabemos que o destino de Jonathan está a ser conduzido por argumentistas com muito senso de humor e que pretendem divertir uma extensa massa de gente, no entanto, também não esqueçamos daquele que disse que a realidade por vezes consegue ser mais estranha que a ficção. Não digo que este foi o melhor episódio da temporada… oh, estou com medo de quê?… este foi o melhor episódio da temporada, quer dizer, se não for superado pelo próximo, teve tudo, mas tudo que faz de “Bored to Death” o que ele é, a comédia, personagens psicóticas, um caso para resolver, e… bizarria. Vê-se bem que depois daqueles episódio mornos que referi no post passado, “Bored to Death” está mesmo à superfície, não ganhou uma lufada de ar fresco, nada disso, ainda respira o mesmo ar, só que mais descontraído e menos preocupado a tentar criar tensões. Até parece que os argumentistas não tinham andado a ganzar nos episódios anteriores (ou ganzaram demais), e agora que o estão a fazer bem, escrevem episódios à altura.
Jonathan, no episódio anterior, recebera um telefonema sobre informações acerca do banco de esperma que estava à procura, e aqui aparece uma mulher, Rose, com essa informação. O facto de Rose (Isla Fisher) ser uma espécie de detective, gostar da roda gigante e provier (posso assim dizer?) do mesmo banco de esperma, criou logo a suspeita de que ela talvez fosse irmã de Jonathan. E o facto de Bergeron (Stacy Keach), uma personagem divertidamente maluca e paranóica, o antigo dono do banco de esperma ser um vigarista criou também a suspeita de que era ele o fornecedor de todo o esperma do queimado banco. Sendo assim, não acontece nenhuma surpresa quando se levanta a cortina, não acontece nenhum choque, mas sim a comicidade. E, apesar de já sabermos, quando Rose pergunta a Jonathan como é que ele conseguia resolver os seus casos antes de conhecê-la, não conseguimos conter o riso, porque ele é simplesmente ingénuo e muito literal.
Ray (Zach Galifianakis) é fascinante, não deixo de dizer isso. Não sei bem, mas tenho a impressão de que finalmente cresceu, e não só ele, mas a Leah (Heather Burns) também finalmente conseguiu crescer. Estava a sentir anseios de vomitar quando ele correu para a Leah para tentar conquistá-la de novo, pois acreditava que iam insultar-me, fazendo-lhes ficar juntos outra vez, mas ainda bem que não. Sei lá, talvez lá pela quarta temporada eles voltem, porque Leah faz parte do elenco fixo e como a sua personagem existe em função de Ray, se não conquista independência e ganha uma linha própria, será obrigada a orbitar em torno de Ray outra vez.
George (Ted Danson) voltou a arrasar outra vez, o seu Don Quixote, o seu medo, a sua angústia, o seu despertar, a sua serenata serão umas das melhores lembrança de toda esta temporada, ele não se leva a si mesmo a sério, o que o torna mais divertido. Finalmente conquista Emily (Halley Feiffer), finalmente percebe (ou parece ter percebido) que não estava a andar no trilho certo para conseguir a sua Emily e, finalmente, acho eu, vai se livrar de Ray, ou ensiná-lo a ser adulto (o que duvido, visto que ele não se importa de o infantilizar, tal como um avô faz com o neto). Jonathan é brilhante, Ray tem a sua consistência (que, no entanto, se dilui porque vemos a mesma coisa nos seus filmes), mas George bate-lhes a todos.
O próximo episódio é o último, e se conseguir ser tão bom como este então “Bored to Death” sairá em alta.