E então Shaw disse: Não te preocupes, Jules, eu sei como funciona um manicómio, já assisti a “Girl Interrupted” seis vezes.
Não gostei muito do episódio anterior, senti que a Psych tinha perdido a garra algures e começou a proceder a reciclagens indiscretas, aquela história de Shawn infiltrado e as suas reviravoltas que não reviravam quase nada não fora assim tão cómico (considerado no pacote de “Psych”, porque o episódio, independente, tinha graça), e algumas situações para criar comédia acabaram por se tornar irritantes e forçadas. Foi num estado de espírito crítico, devido ao episódio anterior que comecei a ver este. No entanto, revelou-se mais fluído e natural, à la “Psych”, é claro.
Só a premissa deste episódio, fazer Shawn (James Roday) passar por louco para se infiltrar num manicómio já era louca, embora me provocasse algum receio que fosse ser demasiado pastelão, porque geralmente esse é o papel de Gus. Mas foi bem conduzido e ganhamos assim mais um episódio muito engraçado que só vem solidificar a posição de “Psych” entre as séries mais cómicas desta temporada. No entanto a diferença entre este e o episódio anterior é que as piadas aqui são em maior número, porém mais diluídas, e apesar de tudo conseguiu ser mais engraçado.
Eu também me pergunto, por que razão “Psych” não tem uma maior audiência tendo a consistência que apresenta?
O episódio começou com Lassiter (Timothy Omundson) a vangloriar-se, fazendo uma festa, por depois de anos ter conseguido resolver um caso sozinho, sem ajuda de Shawn, e este, carente de atenção e sempre em disputa com aqueles que estão a ter momentos de glória, estava outra vez atento a procurar possíveis falhas ou a tentar ser o centro da atenção, pelo menos no que se refere a Juliet (Maggie Lawson). Quando o culpado de Lassie estava a fugir pelos dedos da justiça alegando insanidade mental, resolveram fazer infiltrar Shawn para, visto que ninguém é julgado duas vezes pelo mesmo crime na América (isto é, depois de ter sido declarado inocente, porque o culpado pode sempre recorrer), queriam pelo menos poder prendê-lo por perjúrio. E como sempre, Shawn não anda sozinho, tem de levar sempre Gus (Dulé Hill) - ou nada feito – e como sempre, quando este vai junto, as coisas não são nada o que ele espera, lá acabou infiltrado também, mas como zelador.
As trocas e baldrocas de Shawn na procura do seu suspeito, que fazem dele o Sherlock Holmes mais inconsistente de toda a panóplia de detectives de ficção (pelo menos os que eu já li ou vi em filmes ou séries), são outra vez usadas aqui com intensidade, aliás, nem devia ter referido a isso, posto que é uma constante do “Psych”. E, alguém me diga que não pensou que Shawn acabaria por receber algum diagnóstico acerca da sua personalidade, o psiquiatra lhe dizendo que tem uma série ou alguns parafusos soltos?
E a revelação final deste episódio sobre quem era o verdadeiro assassino surpreendeu-me, sim, eu sabia que provavelmente seria a pessoa que indicaram, mas visto esta ter tido uma reacção aparentemente genuína, surpresa e preocupada quando Juliet referiu-se a um pormenor que poderia ter ilibado o suposto criminoso, fiquei à espera que apresentassem mais outra personagem, porque não seria obviamente aquela para quem transferimos a suspeita. (Ok! Eu sei que em reviews os spoilers não são uma preocupação, aliás, quem vem aqui ler isso, provavelmente já viu o episódio, mas de qualquer maneira, quero reduzir osspoilers o mais que puder).
“Psych” começou bem, e está indo muito bem, não sei se não é muito cedo para dizer que esta é a melhor temporada que eu me lembro, mas sei que não é cedo para dizer que “Psych” é, se não a melhor, uma das três melhor séries de comédia actual (considerando todo o pacote).
Juliet: Assistir a “Girl Interrupted” seis vezes não faz de ti um perito.
Shawn: Sete faz. Eu e Gus vimos outra vez ontem à noite.