Parafraseando os velhos da minha terra: Vitelo manso aleita-se em todas as vacas do campo.
Não sei se isto aqui se aplica ao Ray (Zach Galifianakis), porque ele é tudo menos manso. Preguiçoso dos diabos, negligente e mandão ainda por cima, como é que ele consegue aleitar-se nas vacas do campo é algo que ainda não entendo; sugou Leah (Heather Burns), suga (ou sugou) Belinda (Olympia Dukakis), agora George (Ted Danson).
E falando em Belinda, não percebo e nem me vejo a perceber a sua reacção quando Leah a surpreendeu na casa de banho com Ray, o que só vem provar mais o quanto Ray é irresponsável. Belinda parecia-me muita coisa, mas não religiosa… quer dizer, para mim apenas os religiosos assumem uma postura como aquela dela, a não ser que ela pretendia dizer algo como: a culpa não foi minha, fui seduzida, pois se a ideia dela era separar Ray e Leah e ficar com ele, o facto de ter partido logo a seguir simplesmente não rima com isso. Bem, acho que não devia perder tempo com isso, porque não faz mais nada do que aumentar mais um bocado à lista de esquisitice das personagens da série.
“Bored to Death” recuperou a pedalada, depois das mornices dos últimos dois episódio, entrou no eixo… também, pudera!, está a dois episódios do fim da temporada, se não se encarrilar correrá o risco de cancelamento.
Tivemos mais um trabalho de Jonathan (Jason Schwartzman) que requeria (como é o pretérito perfeito deste verbo?) toda a ajuda que conseguisse arranjar, ou seja, nenhuma, na verdade só um motivo para reunir a malta, fantasiarem-se e ficar chapados, como é hábito. A história foi bem simples: Jonathan é contratado para guardar as jóias da família pelo pai da sua primeira namorada, Patty (Casey Wilson) aparentemente uma ninfomaníaca, com quem fizera um pacto de ir para a cama um com outro antes do casamento, mesmo que fossem casar com outras pessoas. E isso rendeu momentos divertidos e um duelo de esgrima nas escadas com uma coreografia a lembrar um velho filme de Errol Flynn.
George não teve muito destaque, a sua história basicamente foi mostrar que não quer dependência sentimentalista com nenhuma mulher, já lhe bastam os amigos para isso, o melhor afecto que pode dar a uma mulher é levá-la para a cama e se ficarem chapados juntos, tanto melhor, como tem sido com Josephine (Mary Steenburgen).
Ray… O que se passa com Ray? Como é que ele consegue atrair simpatias com aquele génio ingrato e execrável? Será que é porque não quer crescer (mais decididamente que os seus amigos), e deseje manter-se um eterno “puto crescido”? Será que conseguiu a simpatia dos cuidados de George porque este sente falta da Emily e está a tentar compensar-se?
Em termo de desenvolvimento psicológico, o episódio não mostrou nada que já não sabíamos, e nem me queixo, no quesito da comédia, esteve bem onde devia, tudo rodou à volta da jóia e da sedução da ex-namorada de Jonathan, e um bocado da conversa “elder love” que, acho eu, já está na altura de ser largado, visto que não está a ser desenvolvido devidamente, mas está a servir apenas de motivo para graça. De qualquer maneira, Ray acha que está a tentar compensar a sua mãe ausente com o seu “elder love”, e talvez tenha razão, pois sabemos que ele cresceu sem modelos, e foi essa a razão de ter-se esforçado um nanico para servir de exemplo a Spencer.
Foi um episódio bem divertido, dizendo que todos os homens são crianças que não sabem o querem e só pensam com o pénis. Mas a melhor linha foi qualquer coisa como: “Todos em Filadélfia estão à espera que um familiar morra”.