12 de janeiro de 2012

Y - O ÚLTIMO HOMEM, por BRIAN. K VAUGHAN


Há um bom tempo que tinha isto para publicar, mas andava com preguiça de passá-lo para o computador, no entanto, finalmente… 

Em resposta, num blog amigo, Reflexão Geral, a uma feminista extrema, dessas para as quais os homens (masculinos, leia-se) são o problema do mundo e a causa do errado (embora a Bíblia tenha claramente dito que a mulher é a culpada de tudo), eu recomendei a leitura do Y- The Last Man, do selo Vertigo, escrito pelo brilhante Brian K. Vaughn, autor de obras sólidas, mas leve como Os Fugitivos (da Marvel), e pesadas como Ex Machina (da Wildstorm).

Y – The Last Man é um ensaio de ficção científica em banda-desenhada que conta a história de Yorick, um aspirante a ilusionista, e do seu macaco, que são os únicos sobreviventes masculinos de uma praga que limpou da face da Terra todos os seres portadores do cromossoma Y.

A premissa só por si já é interessante e chama a atenção, o seu desenvolvimento, até à sua conclusão (que depois de quase 60 números de embalo, nos dá um terrível murro no estômago) fazem do livro, ou livros, ou melhor, da obra, uma pérola dos três géneros: ficção, ensaio e banda-desenhada (considerando a arte do desenhista).

Acho que a primeira coisa que nos vem à cabeça, ou pelo menos uma das primeiras (a nós homens), logo depois do mas que raio!, é: eu, nessa posição, passaria a vida a fazer sexo e a emprenhar mulheres, seria o rei, seria adorado com uma superestrela. Uma abordagem assim até seria credível como foi tão credível que Yorick não pudesse ter toda essa paz (ou inferno) e tivesse que esconder a sua identidade sexual constantemente. Mas se pensam que há orgias a cada virar de página, talvez seja melhor lerem o Herogasm, porque tal não acontece, o que por vezes até que é incompreensível e muito egoísta e irresponsável da parte de Yorick.

Voltando ao tema: Com os homens todos mortos, toda a cidade ficou paralisada e o caos reinou, como é costume acontecer sempre que deparamos com situações a que não estamos habituados. As cidades pararam, não por incompetência feminina, mas porque os homens ocupam, podemos dizer, 95% por cento dos empregos que são na verdade as roldanas sociais, tais como centrais hidráulicas ou eléctricas ou postos que exijam trabalhos manuais e pesados. Mas quando se julga que a paz iria reinar porque essa pústula humana (para feministas extremas), o homem, desapareceu, dando lugar a uma utopia amazónica, vemos que não, afinal homens e mulheres têm a uma única coisa diferente, o género, e no resto são ambos humanos e como humanos tendem a reger-se pelo SRV (sensação, razão e vontade). 

Não vou descrever o livro, nem apresentar as duas outras personagens principais, mas vou dizer, principalmente aos que não gostam da BD (ou da BD destas editoras americanas especializadas em super-heróis), Y – The Last Man é muito rico e destaca-se no género, além de que somos premiados com factos históricos, científicos (ou hipoteticamente científica) que demonstram a vasta cultura do autor, e contribuem para solidificar a obra. E a abordagem não se pode dizer feminista, nem machista ou masculinista (como agora é moda), porquanto o autor equilibradamente faz a defesa do género humano e não do género sexual.

São 60 livros toda a aventura de Yorick (ou melhor do quarteto), às vezes perdem o ritmo, outras são mornas e um bocado cliché, mas no geral são bem estruturados e com personagens interessantes. Uma obra acima da média.
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