Há um bom tempo que tinha isto
para publicar, mas andava com preguiça de passá-lo para o computador, no
entanto, finalmente…
Em resposta, num blog amigo, Reflexão Geral, a uma feminista extrema, dessas para as quais
os homens (masculinos, leia-se) são o problema do mundo e a causa do errado
(embora a Bíblia tenha claramente dito que a mulher é a culpada de tudo), eu
recomendei a leitura do Y- The Last Man, do selo Vertigo, escrito pelo brilhante Brian K. Vaughn, autor de
obras sólidas, mas leve como Os Fugitivos (da Marvel), e pesadas como Ex Machina (da Wildstorm).
Y – The Last Man é um ensaio de ficção científica em
banda-desenhada que conta a história de Yorick, um aspirante a ilusionista, e
do seu macaco, que são os únicos sobreviventes masculinos de uma praga que
limpou da face da Terra todos os seres portadores do cromossoma Y.
A premissa só por si já é interessante e chama a atenção, o seu desenvolvimento, até à sua conclusão (que
depois de quase 60 números de embalo, nos dá um terrível murro no estômago)
fazem do livro, ou livros, ou melhor, da obra, uma pérola dos três géneros:
ficção, ensaio e banda-desenhada (considerando a arte do desenhista).
Acho que a primeira coisa que nos
vem à cabeça, ou pelo menos uma das primeiras (a nós homens), logo depois do mas que raio!, é: eu, nessa posição, passaria a vida a fazer sexo e a emprenhar mulheres,
seria o rei, seria adorado com uma superestrela. Uma abordagem assim até
seria credível como foi tão credível que Yorick não pudesse ter toda essa paz
(ou inferno) e tivesse que esconder a sua identidade sexual constantemente. Mas
se pensam que há orgias a cada virar de página, talvez seja melhor lerem o Herogasm,
porque tal não acontece, o que por vezes até que é incompreensível e muito
egoísta e irresponsável da parte de Yorick.
Voltando ao tema: Com os homens
todos mortos, toda a cidade ficou paralisada e o caos reinou, como é costume
acontecer sempre que deparamos com situações a que não estamos habituados. As
cidades pararam, não por incompetência feminina, mas porque os homens ocupam,
podemos dizer, 95% por cento dos empregos que são na verdade as roldanas
sociais, tais como centrais hidráulicas ou eléctricas ou postos que exijam
trabalhos manuais e pesados. Mas quando se julga que a paz iria reinar porque
essa pústula humana (para feministas extremas), o homem, desapareceu, dando lugar
a uma utopia amazónica, vemos que não, afinal homens e mulheres têm a uma única
coisa diferente, o género, e no resto são ambos humanos e como humanos tendem a
reger-se pelo SRV (sensação, razão e vontade).
Não vou descrever o livro, nem
apresentar as duas outras personagens principais, mas vou dizer, principalmente aos que não
gostam da BD (ou da BD destas editoras americanas especializadas em
super-heróis), Y – The Last Man é muito rico e destaca-se no género, além
de que somos premiados com factos históricos, científicos (ou hipoteticamente
científica) que demonstram a vasta cultura do autor, e contribuem para
solidificar a obra. E a abordagem não se pode dizer feminista, nem machista ou masculinista (como agora é moda), porquanto o autor equilibradamente faz a defesa do género humano e não do género sexual.
São 60 livros toda a aventura de
Yorick (ou melhor do quarteto), às vezes perdem o ritmo, outras são mornas e um bocado cliché, mas no
geral são bem estruturados e com personagens interessantes. Uma obra acima da
média.