Foi o nome Woody Harrelson que me fez querer ver Bunraku, porque me parecia uma produção japonesa, e de Japão eu adoro são os desenhos, pois depois de alguns fracassos chamado cinema que vi deles nos últimos meses, agora tento fugir de quase tudo que tenha estas duas palavras juntas: cinema, japonês. Depois vi que Ron Perlman também vinha no pacote e pensei: pode ter aí coisa boa!, embora o último filme que vi com Ron Perlman, Conan, tenha sido uma decepção. E Demi Moore a tentar respirar de novo realmente não me atrai muito, e, chamem-me de machista, mas vejo filmes de pancadaria por aqueles que distibuem a pancada e não pela fêmea frágil a precisar de ser resgatada.
Bunraku é um filme cheio de estilo, muita pausa, muito pop, muito campy, mas sem conteúdo. É um Scott Pilgrim de segunda qualidade, mas com um estilo rivalizável; segunda categoria porque quis levar-se a si mesmo a sério, mostrar que podia ensinar algo no meio de todo aquele fogo-de-artifício, e acabou por ser mais supérfluo que o próprio fogo-de-artifício. Quis apresentar lições de moral, metidas com frases pseudo-filosóficas mal escondidas pelo retalho que chama de argumento e sujou-se todo.
As história é sobre um cowboy e um samurai, a cheirar a anti-hérois, que vão parar a uma cidade onde têm de ser os bons e unir-se para exterminar a maldade e purificar a cidade, qualquer coisa como The Warrior's Way (que por acaso foi estreado quatro dias depois de Bunraku).
trailer
No entanto, como disse antes, Bunraku tem uma trama fraca e linear, mas é muito estiloso, e vale por este último. O genérico, o prólogo do filme foi estupendo, a mistura do cenários maquetizados, desenhados à mão, gerados por CGI, cheirando por vezes a animé, a fotografia, a luz, a transição das cenas, ângulos de câmaras ousados (e mesmo os batidos), são os pontos fortes do filme. A edição das cenas de luta não é lá das boas, como a maior parte de filmes de acção hollywodianos, onde a câmara move mais do que as pessoas, ficamos por vezes sem saber o que estamos a ver, no entanto consegue ser bastante sólida em algumas sequências, e a edição de som também em cenas de luta é bastante confusa, por exemplo, há vezes em que vemos um pessoa a levar com pau e o som que ouvimos é de dois paus ocos a baterem um no outro, ou por vezes soa a choque metálico, acaba-se por não se saber se foi intencional ou simplesmente erro (embora duvide desta segunda hipótese); entretanto, para compensar temos sequências que parecem jogos de computador (que lembram o Super Mário a apanhar moedas, pelo menos na parte sonora) e são umas das melhores do filme. Não é nada de novo, aliás “Simpsons did it”, mas tem a sua independência e originalidade.
Tem uma cena onde dois gajos dançam valsa enquanto lutam que é simplesmente soberba. A experimentação narrativa, ou o modo de conduzir a história, como diz a voz em off, faz a graça de Bunraku. Mas no final pergunta-se: o que é Bunraku? Que me diverti a vê-lo, sem sombras de dúvida; que me lembro dele, não muito bem, só sei que é cheio de pinta e vale por isso… e guardei uma frase: há sempre alguém que pode vencer-te! Atenta-te Scott Pilgrim.