A minha veia nérdica levou-me a
ver os filmes mais nerds que andam pelo cinema, e de todos escolhi um para
falar, e procedendo a um processo de selecção, comecei por afastar o Transformer 3, por não ser propriamente
instrutivo, mas diversão pura, resumindo-o em: De qualquer maneira Michael Bay
sabe dar um espectáculo e a sua estereoscopia é a melhor que já vi, em termos
perspectográfico, no cinema. Depois o Lanterna Verde (da DC COMICS) e o Thor (da
MARVEL) que, superficiais e imberbes, não aquecem nem arrefecem, preferindo antes os seus respectivos
desenhos: Lanterna Verde – O Primeiro Voo e Thor – Contos de Asgard, que
serviram para introduzir o pessoal menos nerd ao universo fantástico destas
personagens.
Escolhi falar de X-Men – O Ínicio, pois levou-me a ver de novo a série toda. E
adianto desde já que é a melhor e mais consistente série de super-heróis no
cinema, e o filme em causa é o melhor da série.
Não é preciso conhecer o universo
de X-Men para gostar do filme, visto que os personagens foram bem introduzidos
e os que têm um impacto substancial no desenvolvimento da história foram
suficientemente bem caracterizados, tirando os coadjuvantes que estiveram ali
mais para mostrar o fantástico desse mundo e a sua diversidade. Nesse sentido,
conhecer o universo X-Men da BD, ou mesmo dos filmes anteriores, considerando
que o reboot criou desfasamentos, apesar de pegarem na abertura do primeiro
filme de série com o magneto no campo de concentração quando puto, para abrir
este, pretendendo dizer com isso que houve uma continuidade cronológica, tal
foi falso. Aliás, a cronologia dos três X-Men, do Wolverine, e deste não batem, nem
entre si, nem com o universo do BD, mais uma razão para separá-los. Essa é a
parte que os fãs odeiam, por exemplo (spoiler! Spoiler!) vermos aqui Darwin, o
mais poderoso herói Marvel, com cabelo e a morrer às mãos do Rei Negro, ele que sobreviveu na
BD à própria Hela (a deusa da morte), é um tanto irritante, mas separando os
contextos, aceita-se, pois não se pode seguir tudo à risca considerando que são universos diferentes, o cinema e o papel.
trailer
Agora vamos ao filme em si.
X-Men em qualquer universo, BD, cinema ou televisão, tem tido uma constante: a
questão da diferença. Não é possível ver X-Men sem estabelecer parâmetros com
as várias minorias da nossa sociedade e com a maneira como elas são tratadas. E
quando tratamos mal a alguém não será justificável o seu ódio quando voltado
contra nós?
Foi o que X-Men - O Início tenta mostrar. O vilão dos outros filmes, Magneto, aqui é mostrado de um ângulo
menos parcial, quando ainda tentou acreditar na esperança de um mundo único,
quando ainda estava disposto a morrer pela humanidade. Tirando Shaw, o Rei Negro,
os restantes personagens, pelo menos os principais, não podem ser considerados
nem imorais, nem amorais, mas simplesmente lidaram com uma escolha: seguir o
princípio darwiniano da sobrevivência do mais forte, como a lição do Professor Xavier no
início diz sobre os neandertais, ou acreditar numa utopia que vai contra as
evidências. Nem se pode culpar ao Mutante, nem aos governantes que o levaram ao
ponto onde ele chegou, porque se queremos sobreviver ao mais forte temos de lhe
anular as vantagens. Mas isso quando a questão é vista num contexto de guerra.
Por isso, o sonho de Xavier parece o mais equilibrado, não é preciso uma
guerra, uma eliminação forçada, mas sim uma convivência pacífica, deixando a
natureza seguir o seu curso.
Não falei tanto e nem fui ao fundo como gostaria, , mas X-Men - O Início é um filme que agradará a
todos, seja se forem em busca de aventura, seja de um filme sério, porque foi
bem doseado e é perpassado por várias outras questões, como o do potencial que
não desenvolvemos gastando a nossa energia em tentar encaixar em contextos mais
cómodos, etc, e etc, aspecto que foi muito bem desenvolvido por Mística e Hank, e pela relação fugaz entre os dois, e também que explica a dedicação da Mística ao Magneto na primeira trilogia.
É um filme que recomendo e, para mim, é claro, o melhor
filme de super-heróis, sendo muito mais sério que a trilogia X-Men, e muito mais divertido que a primeira metade do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi (a metade boa).
P.S.: Alertado por Fernando Borges, que escreve Reflexão Geral, venho assim retractar, X-Men é o segundo melhor filme de super-heróis, Watchmen é o primeiro.
P.S.: Alertado por Fernando Borges, que escreve Reflexão Geral, venho assim retractar, X-Men é o segundo melhor filme de super-heróis, Watchmen é o primeiro.