20 de julho de 2011

X-MEN, O INÍCIO, 2011 (X-Men - First Class)


A minha veia nérdica levou-me a ver os filmes mais nerds que andam pelo cinema, e de todos escolhi um para falar, e procedendo a um processo de selecção, comecei por afastar o Transformer 3, por não ser propriamente instrutivo, mas diversão pura, resumindo-o em: De qualquer maneira Michael Bay sabe dar um espectáculo e a sua estereoscopia é a melhor que já vi, em termos perspectográfico, no cinema. Depois o Lanterna Verde (da DC COMICS) e o Thor (da MARVEL) que, superficiais e imberbes, não aquecem nem arrefecem, preferindo antes os seus respectivos desenhos: Lanterna Verde – O Primeiro Voo e Thor – Contos de Asgard, que serviram para introduzir o pessoal menos nerd ao universo fantástico destas personagens.

Escolhi falar de X-Men ­– O Ínicio, pois levou-me a ver de novo a série toda. E adianto desde já que é a melhor e mais consistente série de super-heróis no cinema, e o filme em causa é o melhor da série.

Não é preciso conhecer o universo de X-Men para gostar do filme, visto que os personagens foram bem introduzidos e os que têm um impacto substancial no desenvolvimento da história foram suficientemente bem caracterizados, tirando os coadjuvantes que estiveram ali mais para mostrar o fantástico desse mundo e a sua diversidade. Nesse sentido, conhecer o universo X-Men da BD, ou mesmo dos filmes anteriores, considerando que o reboot criou desfasamentos, apesar de pegarem na abertura do primeiro filme de série com o magneto no campo de concentração quando puto, para abrir este, pretendendo dizer com isso que houve uma continuidade cronológica, tal foi falso. Aliás, a cronologia dos três X-Men, do Wolverine, e deste não batem, nem entre si, nem com o universo do BD, mais uma razão para separá-los. Essa é a parte que os fãs odeiam, por exemplo (spoiler! Spoiler!) vermos aqui Darwin, o mais poderoso herói Marvel, com cabelo e a morrer às mãos do Rei Negro, ele que sobreviveu na BD à própria Hela (a deusa da morte), é um tanto irritante, mas separando os contextos, aceita-se, pois não se pode seguir tudo à risca considerando que são universos diferentes, o cinema e o papel.

trailer

Agora vamos ao filme em si. X-Men em qualquer universo, BD, cinema ou televisão, tem tido uma constante: a questão da diferença. Não é possível ver X-Men sem estabelecer parâmetros com as várias minorias da nossa sociedade e com a maneira como elas são tratadas. E quando tratamos mal a alguém não será justificável o seu ódio quando voltado contra nós?

Foi o que X-Men - O Início tenta mostrar. O vilão dos outros filmes, Magneto, aqui é mostrado de um ângulo menos parcial, quando ainda tentou acreditar na esperança de um mundo único, quando ainda estava disposto a morrer pela humanidade. Tirando Shaw, o Rei Negro, os restantes personagens, pelo menos os principais, não podem ser considerados nem imorais, nem amorais, mas simplesmente lidaram com uma escolha: seguir o princípio darwiniano da sobrevivência do mais forte, como a lição do Professor Xavier no início diz sobre os neandertais, ou acreditar numa utopia que vai contra as evidências. Nem se pode culpar ao Mutante, nem aos governantes que o levaram ao ponto onde ele chegou, porque se queremos sobreviver ao mais forte temos de lhe anular as vantagens. Mas isso quando a questão é vista num contexto de guerra. Por isso, o sonho de Xavier parece o mais equilibrado, não é preciso uma guerra, uma eliminação forçada, mas sim uma convivência pacífica, deixando a natureza seguir o seu curso. 

Não falei tanto e nem fui ao fundo como gostaria, , mas X-Men - O Início é um filme que agradará a todos, seja se forem em busca de aventura, seja de um filme sério, porque foi bem doseado e é perpassado por várias outras questões, como o do potencial que não desenvolvemos gastando a nossa energia em tentar encaixar em contextos mais cómodos, etc, e etc, aspecto que foi muito bem desenvolvido por Mística e Hank, e pela relação fugaz entre os dois, e também que explica a dedicação da Mística ao Magneto na primeira trilogia. 

É um filme que recomendo e, para mim, é claro, o melhor filme de super-heróis, sendo muito mais sério que a trilogia X-Men, e muito mais divertido que a primeira metade do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi (a metade boa).


P.S.: Alertado por Fernando Borges, que escreve Reflexão Geral, venho assim retractar, X-Men é o segundo melhor filme de super-heróis, Watchmen é o primeiro. 
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