Brinquei contente na minha infância
Os teus flóreos matos percorrendo,
Medindo-lhe a grande distância
E com o teu verde me entretendo.
Nas tuas árvores eu subi,
Seguro, dormindo nos seus galhos,
Nas suas largas copas senti,
A fresca queda de alguns orvalhos.
Imenso gozo contigo eu tinha,
Muito deleite, ó terra minha.
Corri os bosques e campos teus
Tendo os pés tão frios e tão nus,
Enquanto o sol soprava a luz,
Na axila punha os sapatos meus.
À noite, tão feliz eu dormia,
Estafado de tanto correr,
Nos lábios um sorriso pendia,
Dormindo, em ti ficava a viver,
Porque sonhava com a alegria
E co'a graça que sabias ter.
As tuas rasas rochas desafiei,
De pedra em pedra saltando;
Ainda hoje fico me lembrando
De como os joelhos ali esfolei.
Recordações tão gratas me deste,
Minha querida terra agreste;
Enraizada tenho a meninez
Nos teus vermelhos solos de sonho,
Inda hoje me envolve a candidez
Quando desse lembrar me disponho.
publicada anteriormente, em Luso-Poemas, por Marinheski:
terra minha