15 de julho de 2011

TARTARUGA E A LEBRE, A - A REVANCHE DO SÉCULO, 2008 (Unstable Fables: Tortoise vs Hare)


Era uma vez uma lebre e uma tartaruga que se desafiaram para uma corrida. A lebre, muito rápida, em três tempos já estava perto da meta, deixando a tartaruga a comer poeira, porém, gabarolas como era, achou que ainda podia tirar uma soneca antes de acabar a prova. O resultado: ficou a dormir, enquanto a tartaruga, nos seus passos lentos, a ultrapassou, cortando a meta. Sim, basicamente é isto. A fábula é bem antiga e quem não a conhece deve ser da geração Toy Story, ou seja, viu mais desenhos de que leu livros ou ouviu contos.

Quando vi o título fiquei curioso, A Tartaruga e A Lebre - A Revanche do Século fiquei curioso, uma história tão simples e tão básica, que truques poderão torná-la interessante? Bem, e não é que não a fizeram interessante.

Eis a sinopse: 15 anos depois da famosa corrida, acontecimento que teve um destaque televisivo, a Lebre, ou devo dizer, o Sr. Lebre que ainda não conseguiu recuperar-se da trágica decisão de ter dormido no momento da corrida, e o Sr. Tartaruga, que ainda puxa lustro à sua vitória, ainda mantêm uma rivalidade constante, metendo toda a família ao barulho. E eis que há uma outra corrida na cidade e os dois resolvem participar com os seus filhos, o Sr. Lebre para dar a revida, o Sr. Tartaruga, para mostrar que o seu lema devagar e constante, com o qual ganhou a vida, continua a ser o mais indicado e que vai ridicularizar o vizinho… sim, os dois são vizinhos.

Ri-me o filme todo, situações engraçadas não faltaram. Tem umas piadas adultas que, no entanto, são bastante inocentes, nada como a erecção de Lorde Farquuad ao ver a imagem de Fiona no filme de Shrek.

trailer

Ainda aproveita para ensinar que a dança é o remédio para o mal do mundo. Não é para ser tomado à letra, mas a verdade é que o mote é: faz amor e não a guerra, um tanto hippie, porém real. Os conflitos nascem da competição. Não sou contra a competição, no entanto, a maior parte é supérflua e alteia mais barreiras do que as derruba; por exemplo, a competição para ser o mais rico do mundo, resulta em empobrecer milhares para chegar a esse ponto. Os vizinhos competem, os países competem, irmãos competem entre si, quando se se unissem mais facilmente chegariam a um objectivo que pudesse satisfazer a ambos e manter o clima de dança. Houve um momento no filme que se ouve uma frase como esta: bomba neste país. A frase, casual e deslocada, mostra no entanto o descontentamento e o cepticismo em relação à melhoria deste planeta e a unidade e harmonia. Hum… o meu texto está muito animado e com uma, sei lá, ingenuidade utópica marcante, e devo isso ao filme, mérito dele.

Ainda temos referências ao mundo televisivo, aos cameramens que filmam desgraças sem ajudar, como se fossem documentaristas da National Geographic, dos paparazzos, e da incidência da média na vida privada que eleva à catastrófica um simples problema de uma figura pública. Algumas piadas ácidas e situações que remetem para o estado actual da coisas,  não entendíveis pelos mais desatentos, porém que fazem a boa graça do filme.

Quanto à parte técnica, A Tartaruga e A Lebre, tem uma animação é bem fluída, mas a modelação parece bem tosca, dando a entender que os produtores não tinham muito dinheiro (bem, também o filme foi direito para o vídeo), pois pareciam mais bonecos de plasticina do que modelos computorizados. Gostei bastante do filme e é bem divertido, faz rir e aguenta bem os seus setenta minutos. Um bom filme para ver com as crianças.
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