4 de julho de 2011

ERÓTICO OU PORNOGRÁFICO - no plano cinematográfico


Este artigo é um tanto longo e disperso, porque não o escrevi a pensar em publicá-lo, mas apenas para limpar as ideias. Resolvi dar umas polidas nele e tentar deixá-lo mais coerente, de maneira a poder postá-lo, por isso vou ainda apenas publicar uma parte.


pecado original, angelina jolie e antonio banderas
No cinema, a diferença entre o erótico e o pornográfico costumava ser mais explícita do que na literatura, quer dizer, ainda continua a ser, no entanto, muitas vezes o limite é trasposto e chamam a isso de arte.

Não tenho nada contra a pornografia, nada mesmo, aliás sou um pornófilo e não acho que seja o sexo a razão de existirem tantas pessoas amorais, por isso tanto se me faz como se me fez que quebrem ou não a barreira entre o erótico e o pornográfico no cinema.

Todavia, o que me faz espécie é a hipocrisia que envolve a questão. E desta vez não vou falar de moralistas, porque esses já sabemos mais ou menos como são e como têm medo de sair da sua zona de conforto, mas de artistas, porque se armam em progressivos e cultivam a abertura mental, razão por que promoverem eles um controlo hipócrita vai contra o fundamental da ideologia artística: a liberdade.

Ok! Eu sei que o cinema não é controlado apenas por artistas, mas principalmente por executivos e negociantes; porém quando falamos de prémios do cinema, suponho que nos referimos à parte artística (não falando dos Oscar, é claro), o que se vê nos muitos filmes que nunca conseguirão triunfar no cinema, mas que são premiados nos diversos festivais, principalmente nos europeus.

No entanto, a despeito da arte, hoje para um filme ser premiado em qualquer desses festivais só precisa de uma coisa: sexo; e quanto mais ousado e explícito, mais artístico

Contudo, as limitações existem, duas pessoas felizes a ter sexo nesse antro cinematográfico é pornografia, mas um para de drogados, ou uma adolescente e um cinquentão, ou qualquer outro par ou conjunto que choque os costumes, é artístico, progressivo e leva prémios e menções honrosas... ou críticas acirradas, mas que não escondem o fascínio. 

Se a ideia devia ser mostrar o quanto banal o sexo é, esse tratamento que lhe dão nos festivais acaba por projectar uma ideia oposta, a ideia de importância e sacrossantice, de tal maneira que os argumentistas que vão frequentá-los dão a entender que escrevem primeiro umas cenas de sexo, e quanto mais chocante, melhor, e depois escrevem o resto para contextualiza-las ou interligá-las, metendo umas pitadas de questão existencial, algumas imagens dúbias e sem sentido (mas que todos nós procuramos atribuir um, porque somos sábios demais para reconhecer que o rei vai nu), uns apelos a filosofia e filosofices, um bocadinho de droga, e, ou, o melhor trunfo: a fascinante degradação humana… e, voilá, eis a fórmula para… Cannes, por exemplo. 

Eu sei que os filmes com cenas desses quando lá chegam são vaiados pelos críticos que se mostram chocados, mas já pensaram por que apesar disso continuam sempre a ir para lá?   

Para mim sexo e pornografia são duas coisas diferentes, não obstante a arma da pornografia ser o sexo. No entanto, sexo explícito costumava ser pornográfico, e o outro tipo mais sugestivo, erótico, mas nesses festivais, sexo não é pornografia, nem erotismo, e por mais violência e choque que manifeste, ele é considerado arte. 

E a minha questão é: por quê?
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