13 de setembro de 2010

NEGRO QUE QUIS VIVER, UM, Richard Wright, (1945) - contrariando os deuses


Um Negro que Quis Viver (Black Boy, no original) de Richard Wright, é uma leitura espectacular. Um livro enleante e sugestivo que nos prende logo na primeira página através da perspectiva de um puto de quatro anos. 


O narrador com um estilo arrebatante, uma prosa fácil, e muitas vezes poética, e um humor peculiar, consegue fazer-nos sentir que valeu a pena as horas gastas com o seu livro.

Um Negro que Quis Viver é uma história de luta, de revolta, uma história da metamorfose da inocência, enfim, uma história que podia ser usada numa conferência com o tema: como levantar a cabeça estando enterrado na merda. O livro leva-nos a perguntas como: por que razão para vivermos em paz temos que estar sempre de acordo com o que os outros querem? Até que ponto somos diferentes uns dos outros (por exemplo, temos cenas de pretos oprimidos pelos brancos a oprimirem por seu turno os judeus)? Por que temos de limitar as nossas ideias só porque outros não concordam connosco? Até quando vamos ter de agir por conveniência? Enfim, muitas outras perguntas.

O livro é autobiográfico, e para mim é a biografia mais literária que alguma vez li... falo assim, porque a vida de qualquer pessoa pode dar um livro, mas a forma de contar essa vida... recomendo que se leia o livro para perceber o que quero dizer. Pode até ter sido que ele inventou muitos episódios, porém o mais importante (pelo menos, julgo eu) não é a verdade sobre os factos biográficos terem acontecido com ele, mas os factos em si.

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