7 de agosto de 2011

E SONHEI UM PESADELO


Eu tive um sonho quadrado 
Quadrado imperfeito 
De arestas marcado 
Com amplo defeito 
Mas de sorriso encastoado


Tive um sonho tão giro 
Simples e redondo 
Com que a fuga eu firo 
É onde me escondo 
Quando o real não prefiro


Parecia um sonho raso 
Sempre fugindo covarde 
Mas tentado obter o vaso 
Antes que fosse tarde
E me enterrasse em atraso

Disseram era um sonho obtuso 
Sob um ângulo marcante 
De um pensamento confuso 
Que num lance traficante 
Me confundia o fuso


Julgo que era um sonho recto 
E por ele me explorei 
Pra não tê-lo em veto 
À persistência implorei 
E adorei-o com afecto


Mas era um sonho agudo 
Tão grande e tão alto 
Gritante mas mudo 
Num rasado planalto 
Onde o ânimo eu grudo.


E tornou-se um sonho nulo 
Não por mim, não por outros 
Mas pelo seu próprio pulo 
Em seus desencontros 
Num real que não engulo


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