21 de agosto de 2011

DONA DO MEU AMOR


– O que o traz por aqui
A esta hora, meu senhor?
«Das pombas por aí
Vim ver o resplendor.»

– Por aqui nunca passam
Tais pombas, meu senhor,
Pois os homens as caçam
Co’ esp’rito matador.
Pombas cá nunca vi,
diga, o que o traz aqui?

«Sobre a terra o seu fulgor
vim pras ’strelas que vazam.»
– Inda as ’strelas se atrasam,
Brilha o sol com calor.

Nunca algo igual eu vi,
Diga, o que o traz aqui?
«Pla flor aqui eu vim
Que enrica este jardim,
E pla ave que há em mim
Pondo o alegre em ruim.»

– Rosas não vi, senhor,
nem ave tão cantor,
nem jardim tão s’dutor,
Diga o certo, senhor.

«Pois, só vê cá balelas,
Mas não menti, senhora;
As pombas e as estrelas,
Vejo-as mesmo agora,
A ave, o jardim e a flor
Você é, dona do me’ amor.» 


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