Este vai ser a primeira parte de uma série de reflexões de treta.
Fazendo o zapping encalhei na SIC Mulher (oh!, não, não me entendam mal, não sou gay, e como isto aqui é um sítio público e para não quebrar a convenção e passar por intolerante, vou carimbar que não tenho nada contra eles, apesar de não ter gostado do único que conheci, pois fazia-se a mim).
Como estava antes a dizer, encalhei-me ali, porque um homem (bem parecido, por sinal) estava a contar como a sua mãe o apoiara quando descobriu que era gay; fiquei interessado, é sempre bom ver alguém com coragem para assumir a sua posição; e quando vemos como são tratados por serem apenas diferentes sobe-nos um nó para a garganta e um aperto no estômago tão forte que nos deixa a cara a arder. Aliás, eu pensava que era isso que acontecia, até ver a apresentadora (acho que é Tyra) a despedir o homem e depois a chamar uma mulher que não estava de acordo comigo.
Ela chamava-se Ashley qualquer coisa, era advogada e mãe de onze filhos, praticava a religião baptista e tinha um imenso ódio contra os gays, porque, segundo ela, todos eles irão para o Inferno, porque Deus os odeia (isto dá muito pano pra manga).
Primeiro admirei também a coragem da mulher: entrar numa audiência onde se tinha acabado de bater palmas fortes em solidariedade aos gays, e sustentar à viva voz que odiava gays, era algo que chamasse colhões ao assunto. Era provocação máxima, mas era uma mostra de coragem e afirmação. Ela estava acompanhada de duas meninas, suas filhas, e todas elas partilhavam do mesmo credo: ódio aos homossexuais. A justificação: Deus odeia isso.
Esqueci-me de dizer que a Tyra anunciou essas mulheres como semeadoras de ódio, violência e intolerância e durante a entrevista, não deixou de chamar-lhes isso nas suas caras; pensam que elas se zangaram? Não, continuaram ali, impávidas, forçando um sorriso amarelo e melado cada vez que a câmara lhes focava, e não alteravam a postura por minuto algum. Houve um momento em que a Tyra começou a gritar com a mãe: não discutas comigo no meu programa. Eu estava a sentir pena, admiração e nojo dessas mulheres, mas pela forma com a Tyra as atacava, e quando falou isso, e quando depois pôs os figurantes a atacar essas três diabas, enjoei.
As mulheres queriam aparecer na TV, a Tyra queria subir a audiência, o sacana do gay tinha um programa de auto-ajuda e era músico, estava apenas a publicitar-se. Aquilo tudo começou a feder de hipocrisia; e quando se chamou um ex-skinhead para descascar as três mulheres, passei dos carretos… mas não pensem que mudei de canal. Ainda vi uma menina de 14 anos a dizer que é uma puta porque fodeu já 14 rapazes…
Não posso transcrever aqui os diálogos, mas posso dizer que naquele estúdio não havia uma única pessoa que não fosse intolerante; e eu também me senti intolerante, por momento quis que um kamikaze entrasse de rompante no estúdio.
Estou com preguiça de pensar e sei que o texto está superficial, mas vou resumir, a raça humana é a pior que existe neste planeta, perdoem-me o cliché.