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22 de novembro de 2015

CASAL GAY DEVE ADOTAR?

Esta pergunta pode ser capciosa, mas fi-la desta forma para ser diferente desta, casal gay pode adotar?, que já aqui tinha feito. 

Para responder à pergunta eu digo: nenhum casal deve adotar, seja hétero, seja gay, a não ser que se sinta na condição de o poder fazer. E digo ainda mais: nenhum casal deve procriar a não ser que se sinta na condição de o poder fazer… e não me refiro à condição biológica, porque qualquer idiota consegue gerar um filho.

Ao discutir com a mesma pessoa que me levou à reflexão que manifestei no antigo atrás supracitado, descobri alguns argumentos contra a adoção para os casais gays, nada novos, no entanto, colocados com aquele hipócrita apelo à lógica e ao consenso. Ei-los:

1. A vida é feita de escolhas e cada escolha tem a sua consequência: a lei de causa e efeito. Os gays escolheram ser gays, portanto que façam a vida deles em paz, sem arrastarem para o seu mundo as crianças. Porque se um gay criar um filho é mais certo o miúdo ser gay, tal como os pais católicos criam filhos católicos, os muçulmanos, muçulmanos, e por aí além. Deve ser dada liberdade total aos gays para viverem, casarem com quem quiserem, mas adotar está fora de questão, porque isso é o equivalente a tirar a liberdade às crianças de terem uma família normal. O que se encontra em questão aqui não são os gays, mas as crianças.

2. Se os gays quisessem realmente ter filhos, não se casariam entre si, porque não pode existir reprodução senão através de sexos diferentes. Se a natureza criou homem e mulher, e só através dessa união pode resultar descendência, ao se juntarem, os gays automaticamente excluem a hipótese de procriar e, portanto, não devem adotar. Se quisessem filhos, casassem com alguém do sexo oposto. Cada escolha tem a sua consequência.

Eu identifiquei nestes argumentos os seguintes valores: ESCOLHA, NATUREZA, REPRODUÇÃO e FAMÍLIA. Então aqui vai o meu contra-argumento:

ESCOLHA: Não acredito que a sexualidade seja uma escolha, nem uma questão genética – não acredito que haja gene gay, mas se houver gene gay, como podemos maltratar pessoas por causa de genes que nem sequerem puderam escolher? Acredito que a sexualidade seja uma construção social com qualquer outra, que ocorre sem percebermos como. Se ser gay fosse uma escolha, considerando toda a violência e todo o preconceito que sofrem, não parece mais lógico que escolheriam ser heterossexual?
 
Quando falei da discriminação sexual e usei o racismo como termo comparativo, a mesma pessoa disse-me que essa comparação era idiota porque ninguém escolhe como vai nascer (Michael Jackson escolheu ficar branco por causa do racismo e ficou tão branco que acabou por ter apenas filhos brancos - o poder da escolha). No entanto, a questão da discriminação não está em alguém escolher como nascer ou não, mas em não poder ser o que é (acidente) ou não poder ser o que quer (escolha) porque os outros não o deixam ser.
 
A sexualidade de alguém não agride aos outros, não faz mal a ninguém, por isso, nesse caso, as pessoas deviam ser deixadas em paz para usufruírem da sua sexualidade sem nenhum problema. Quando a sexualidade envolve atos criminosos (pedofilia, necrofilia e outras parafilias perigosas), sim, acredito que essa pessoa tem de ser responsabilizada (atenção, não estou a dizer maltratada e discriminada), mas esses problemas não são homossexuais, como muitas vezes nos tentam fazer crer, mas estatisticamente heterossexuais.

Volto a remarcar: a sexualidade não é uma questão de escolha. Ou acreditam que as pessoas são masoquistas e adoram ser discriminados e ainda por cima serem culpados da própria discriminação que sofrem?

NATUREZA e REPRODUÇÃO: Ninguém tem dúvidas de que só a união do feminino e masculino gera filhos, isso é a natureza a controlar a reprodução. Mas nós paramos de deixar tudo na mão da natureza há muitos, mas muitos anos. 

Quando a natureza nos tentava limpar com as doenças e infeções, criamos medicamentos e antibióticos que nos tornaram mais resistentes e mais longevos (sim, não há dúvidas que essas medidas resultaram também por obedecerem a leis naturais, mas a forma como lá chegamos foi por engenho próprio).

Numa época em que a ovelha Dolly já é história e já ninguém se lembra de Louise Brown e os geneticistas já conseguem manipular os genes e praticar eugenia dissimulada, numa época onde as pessoas recorrem ao banco de esperma para terem filhos ou às barrigas de aluguer, não precisando de efetuar sexo para se reproduzirem, não acham que o argumento de reprodução natural já se encontra obsoleto?

A dita pessoa defende que se os gays quisessem filhos não se casariam entre si, porque sabem que dessa forma não conseguirão reproduzir e por isso devem viver com essa consequência e não adotar. Então eu pergunto: e os casais heterossexuais cujo um dos pares é estéril ou ambos são, mas que escolhem casar-se e adotar, não deviam ser também penalizados por terem escolhido uma união que não pode resultar em reprodução direta e natural? Por que só os gays devem ser penalizados?


FAMÍLIA: A família é composta por um pai e uma mãe e não dois pais ou duas mães, é o que defendem. Mas aqui, pergunta-se: qual família? A ocidental, talvez. 

Há famílias compostas por um pai e várias mães, como as muçulmanas ou africanas (atenção, nem todas assim são) e muitas famílias ocidentais, embora não sejam oficiais em nome da lei (mas isso é apenas uma questão moral). Há ainda famílias compostas por uma mãe e vários pais, há famílias de vários pais e várias mães, cujos irmãos não são consanguíneos, por serem apenas meio-irmão do meio-irmão e não deixam de ser família por causa disso. 

Além do mais, eu compreendo que um ocidental diga que a família é pai, mãe e filho, mas não um guineense, porque a família guineense é bastante alargada, inclui tios, tias, primos dos maridos ou esposas destes, inclui meio-irmão do meio-irmão do meio-irmão, inclui sobrinho da neta do cunhado da ex-mulher e prolonga-se num nunca mais acabar de relações. 

O termo madrasta ou padrasto na Guiné só é usado em poucos contextos, geralmente quando a pessoa se separa e volta a juntar-se (e é um termo relativamente moderno), as crianças que nascem de famílias poligâmicas chamam às outras mulheres do pai de "mame sinhu" – pequena mãe, e ao outro companheiro da mãe de "pape sinhu" – pequeno pai, portanto temos crianças com muitos pais e muitas mães.

O próprio Cristo tinha três pais: José (pai adotivo, que o criou, amou e educou), Espírito Santo (pai biológico ou sem-lógica, que entrou na sua mãe e a engravidou) e Deus (que ele depois alega ser seu pai efetivo).

Há crianças de famílias monoparentais que não são criados por pai e mãe, mas por apenas um deles. Ninguém reclama que essas crianças merecem um outro membro e faça leis para obrigar que os seus pais casem com um respetivo membro, então, por que não deixam que a criança em vez de ficar só com uma mãe ou um pai, possa ficar com duas mães ou dois pais? Sem dizer que muitas crianças são criadas com dois pais ou duas mães, embora só um deles seja legalmente pai. Há crianças criadas pela mãe e pela tia ou pelos tios, que os considera, os ama e os respeita como pais e mães, podem ser chamados legalmente de tios ou de tias, mas no coração da criança são pais, porque sente que será protegida e amada por eles. 

Não devia ser a lei a submeter-se ao sentimento derivado do conceito da família e não o contrário: as famílias terem de ser construídas e amadas conforme os ditames da lei?

família poliândrica tibetana 
A família é uma construção social como qualquer outro tipo de agrupamentos humanos. Quem não tiver preguiça e estudar um bocado, vai saber que houve vários e há e haverá modelos de famílias. Usando o livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, de Engels, vou simplificar os modelos da família aqui em quatro. 

No primeiro modelo de família, incestuoso, os membros casavam-se entre si, pais, mãe, filhos, sobrinhos e sobrinhas, reproduzindo-se conforme conseguissem, porque na altura a sobrevivência da espécie era o fundamental e era preciso pôr na terra mais gente possível, para compensar os que morriam e morreriam de doenças ou de outros predadores. 

No segundo modelo de família, matriarcal e poliândrica, as mulheres, reprodutoras, tinham quantos homens quisessem e pudessem e tinham a merecida importância, porque eram elas que mantinham os agrupamentos coesos e organizados, enquanto os homens iam à caça (modelo questionado com as recentes descobertas de que as mulheres afinal eram também tão caçadoras quanto os homens). 
família poligínica americana

O terceiro modelo da família, patriarcal e poligâmico, nasceu com a propriedade privada. Os homens começaram lavrar a terra e a criar gados e serem mais individualistas, sendo eles donos das terras e dos gados e não sabendo que filho da sua mulher era dele, inverteram os papéis, começando eles a casarem-se com várias mulheres para terem a certeza que o herdeiro é mesmo seu filho - o tal gene egoísta. 

O quarto modelo, patriarcal e monogâmico, que hoje impera, nasceu muito tempo depois e foi popularizada e imposta na sociedade ocidental pelo cristianismo.

Com isto vê-se que a família é um conceito que evolui conforme os tempos e as circunstâncias e não tenham dúvidas que houve sempre atritos durante a transição entre os modelos acima citados, mas se aprendemos que a mudança é necessária, por que razão ainda vamos utilizar como argumento um modelo fixo de família e dizer que é o modelo natural, quando é mentira, para impedir os homossexuais de terem a sua própria família?

Há aqueles que se opõem aos homossexuais e a tudo relacionado com isso por motivos religiosos, mas sobre isso falarei num próximo artigo, visto que este ficou mais extenso do que inicialmente pretendia. Enquanto isso, vivam e deixem viver (e se for em paz, melhor ainda).

14 de abril de 2013

UMA QUESTÃO DE... LIBERDADE DE EXPRESSÃO


O senso comum diz: onde acabam os teus limites começam os meus, sustentando-se no princípio de boa convivência.

Entretanto o mais certo é que isso não é assim tão simples como se diz, na medida em que esses limites na maior parte das vezes são marcas invisíveis e imperceptíveis, ou visíveis, porém, ilusórias, nada mais do que miragens. De qualquer forma não há como negar que este simples princípio consegue estabelecer algum equilíbrio, no entanto, quando as pessoas invocam a liberdade e os direitos, aí a coisa complica.

A liberdade nunca pode ser plena, ela é ultra-condicionada tanto por outros factores como por ela própria (considerando que a nossa liberdade e o direito a ela tem de se submeter, na maior parte das vezes – e para a maioria dos mortais, conforme a sua importância social –, à liberdade e o direito a ela de outras pessoas). Somos livres mas não tanto ao ponto de entrar numa casa alheia e usar as coisas dela, por exemplo… oh… essa foi demasiado básica… somos livres, mas não tanto ao ponto de nos mandarmos embora de um emprego quando temos contas por pagar no final do mês, ou para nos darmos ao luxo de não ter uma conta num banco qualquer, ou para não nos submeter às filhadaputices das leis governamentais que nos tramam... hem!, somos livres mas não tanto ao ponto de agredir física ou emocionalmente outras pessoas.

E é sobre esta parte complicada da liberdade que eu quero reflectir: a liberdade de expressão. A liberdade de expressão é uma das mais confusa, tramada e opressora forma de liberdade de que eu tenho conhecimento; muita gente pretende que pode dizer o que bem lhe dá na telha sob a alçada da liberdade da expressão, mas não percebe que embora pareça que possa, talvez não deva usar essa aparente liberdade (e não, não quero ir para o sempre aclamado e vulgar direitos e deveres).

Em nome da liberdade de expressão faz-se declarações difamatórias, publica-se o ódio, publica-se a estupidez, chama-se de estúpido aos estúpidos, aos iluminados e aos pseudo-iluminados, sem discriminação, desde que não estejam de acordo com a nossa forma de pensar. Eu mesmo que estou praqui a falar, por exemplo, ao escrever uma crítica sobre um filme que não gostei, chamei de pseudo-intelectuais àqueles que disseram que gostaram, e digo, em minha desculpa, que tenho os meus motivos para isso e justifico-os. E é isso que toda a gente faz quando usa da chamada liberdade de expressão, agride os demais e justifica a agressão.


O que não faltam por aí são artigos escritos por pessoas cultas (considerando as citações que fazem), académicas (por causa da estrutura séria dos seus textos) e bons escritores (porque os textos têm ritmo e são bem redigidos e apelativos), feitos à bandeira da liberdade de expressão, mas que não passam de um atropelo à expressão da liberdade: textos misóginos, textos racistas, textos homofóbicos, textos partidários, textos religiosos, textos ateus, textos eteceteristas; e quanto com mais cultura são escritos, mais perigosos são, porque se baseiam sabiamente (mas de forma errada) em justificações bem manipuladas que, sem um pensamento crítico da parte de que os lê, induzem em erro.

Há uma confusão constante, as pessoas julgam que a liberdade de expressão é uma expressão de liberdade, pois devia ser, mas considerada no plano ético, onde temos o tríptico: eu, tu e nós, vemos que restringimos a nossa liberdade quando só respeitamos um dos elementos desta santíssima trindade e fazemos pouco caso dos outros. Quando só olhamos para o próprio umbigo, quando só julgamos que a nossa opinião é que conta e quando fazemos tudo para defender essa opinião e o direito de a ter, o que poderemos esperar que a alteridade faça? É aqui que triunfa o príncipio de os meus limites e os teus.

Por exemplo, lembro-me de alguém justificar que tem o direito de não gostar dos gays e de não os querer perto de si. Pois, faz sentido, tanto quanto o meu sobrinho tem o direito de não gostar de repolhos. Porém, os repolhos são para serem comidos, não têm decisão na matéria, mas um gay tem (ou devia ter) os mesmos direitos que esse alguém que não os quer por perto, e, voltando à santíssima trindade, percebe-se facilmente que apenas o elemento eu fica em desvantagem diante dos outros dois.

A questão da liberdade é complicada, a da liberdade de expressão é estupidamente mais complicada ainda, mas talvez se simplifique se pensarmos que se com ela estamos a pôr em questão a liberdade de outras pessoas é porque não faz sentido e é prejudicial. Como por exemplo disse alguém inteligente, se há muitas pessoas heterossexuais solteiras que não querem casar-se e acham ridículo o casamento, mas ninguém lhes acusa de estragar a seriedade casamento por isso, por que raio acham que os homossexuais que querem casar-se (entenda-se, respeitam essa instituição) é que vão pôr em risco o seu significado?

Sem esticar mais, e não me sentindo muito claro e inteligente hoje, vou acabar aqui o artigo e deixar a sugestão de que quando a nossa liberdade de expressão agride qualquer expressão de liberdade, pondo em risco o tu e o nós (considerando que se o eu atacar o tu, este reage atancando o eu, e o nós deixa de existir), então o mais certo é não fazermos o uso dela.

6 de agosto de 2010

CASAL GAY PODE ADOPTAR?

Lá poder, pode. Mas será que o vão deixar fazê-lo?

Há uns tempos estive a discutir com uns colegas acerca do casamento gay. Eu era a favor, e um deles: claro que és, quando algo não é normal, nem usual, és sempre a favor. Essa mesma pessoa pediu-me para imaginar um casal de gay-homo a criar um filho e perguntou-me: não achas que esse seria gay? Bem, não soube responder, a única resposta que consegui dar foi outra pergunta, para desviar a questão: Não sei. Se os casais heterossexuais criam filhos gays, por que razão não pode acontecer o contrário? 

Eu acreditava que o casal gay mais certo era criar filhos gays, por essa razão não pude defender a minha posição sobre o casamento gay (sou a favor), porque, achei, tinha de repensar o assunto, porque se o casamento é para formar família e a família tradicional é constituída por pais e filhos, negar a adopção aos gays é o mesmo que dizer não vale a pena que casem, pois os que quiserem ter filhos não poderão fazê-lo. E eu era contra deixar as pessoas criarem gays deliberadamente, o que queria dizer que não era tão despreconceituoso quanto defendia.

(Nota: não disse pai, mãe e filhos, pois, tirando a família divina: Deus Cristo e Jesus Cristo - supondo que os filhos tomam o apelido dos pais, provavelmente Deus é Cristo - que são ambos pais da humanidade, o primeiro casal gay, se fizessem sexo - e incestuosos ainda por cima -, a família tradicional é começada por pessoas de sexo oposto).

Pois bem, na dúvida, retractei sobre o meu voto ao casamento gay e preferi pensar.

E pensando, posteriormente, cheguei à pergunta: quem ou o que foi que legitimou o mundo humano como heterossexual?

Não acredito na Bíblia, por isso dispenso respostas como: crescei e multiplicai. A natureza, sim, concordo (excluindo a humana), parece heterossexual, mas, a natureza cumpre ciclos, tem tempo de fecundar, tempo de procriar, etc., um calendário não subversível por ela própria, e a natureza é desprovida de sexualidade (considerando o plano psicológico do termo), e não sabe fazer fertilização in vitro nem clonagens, não constrói máquinas e nem evolui tecnicamente… mas nós o fazemos; evoluímos, e connosco os conceitos. Boa parte é contra os gays porque, advogam estupidamente, vão pôr em risco a continuidade da raça humana... outra parte, porque são diferentes.

Voltando à questão: por que não pode uma pessoa ser criada como homossexual (e nem sei como é que se cria uma pessoa segundo a sua sexualidade; não confundir sexo anatómico com sexualidade)?


Criar um rapaz com saias, provavelmente pode trazer-lhe problemas psicológicos, porque todos vivemos inseridos num contexto cultural, mas o uso de saia ou de calças não é apenas uma questão de moda? Os romanos, enquanto faziam a Via Ápia, o Fórum, o Panteão, o Coliseu, e conquistavam meio mundo não andavam a usar saia? Eu sei que existe o conceito de cultura e do tempo, só quero mostrar que a saia não faz o homem. Contaram-me sobre uma mulher, feminista, que foi a uma conferência das Nações Unidas, com um bigode (provavelmente implantado): questionando assim o uso de bigodes pela população masculina apenas. E falando nisso, seremos agora menos homens (masculinos) porque rapamos os bigodes, outros depilam as pernas? Não, nem isso nos torna menos homem, creio eu, mas julgo que um rapaz que seja educado desde pequeno para depilar as pernas, os sovacos e tal, vai ser considerado como quem recebe uma educação gay. E não estou a dizer que é assim que os gays vão educar os seus filhos.

A questão que ninguém levanta é a seguinte: o que faz um pai ser um bom pai?

A proibição de adoptar aos gays responde: a sua orientação sexual.

As pessoas associam à homossexualidade as taras sexuais. Mas que eu saiba, Carlos Cruz era bem casado (e falando nisso, por ele ser um pedófilo que ia aos rapazinhos quer dizer que ele é homossexual? Tenho dúvidas sobre o assunto, visto a pederastia, como a chamavam os gregos, não é a homossexualidade como a conhecemos).

Sejamos realistas, o amor altruísta, o ágape, é que faz a boa educação, e não o amor erótico, o eros. Pais de qualquer orientação sexual podem ser tanto bons pais como maus pais; qualquer pessoa pode ser tarada sexual, independentemente do lado para que dá.

Se um casal gay criar filhos gays, por que não? Se o filho não for gay… pelo menos aprenderá respeitar os que são. E o que vão fazer aos casais gays-femo? Vão laquear a trompa às mulheres para não serem fecundadas? Vão-lhes retirar os filhos se elas lá arranjarem maneira de dar à luz?

Se não vão fazer nada aos casais femininos e elas poderão conceber, porque não deixam os gays-homo adoptar?

Na verdade, como alguém já referiu, essa lei que aprova o casamento e proíbe a adopção só serve para mascarar o preconceito e é um golpe político, não pretende isenção.

22 de fevereiro de 2010

CASAMENTO GAY AGAIN....


Os gays querem casar-se... Quer-se referendo... não se quer referendo... QUER-SE REFERENDO... NÃO SE QUER REFERENDO... QUER-SE... NÃO SE QUER... Então, porra, aonde vai isto dar?

Eu responderia, deixem casar os gajos. O casamento é uma instituição familiar, dizem os defensores do NÃO, portanto não se pode misturar com motivos de moda, deve-se preservar a sua legitimidade, e só é legítimo quando é para ser realizado entre um homem e uma mulher.

Eu cá não sei, mas quando era mais novo, lembro-me de ter visto numa enciclopédia (era uma LOGOS ou uma POLIS) definições diferentes para casamento e matrimónio. Acho que matrimónio era uma instituição religiosa e casamento instituição civil... não estou certo, mas de qualquer maneira pergunto, não estão a confundir alhos com bugalhos, levantando-se a igreja e os restantes povos moldados pela moral religiosa contra o casamento gay, sendo casamento um contrato?

Há casais, ou melhor, pares gays que querem os mesmos benefícios (se é que existem) com as pessoas que vivem casadas ou em união de facto, seja benefícios monetários (irs e tal) ou psicológicos (a sensação de confiança provocada por um aro de ouro - se na verdade é o que garante a confiança). Dêem-lhes isso! Temos um documento chamado Direitos Humanos, que defende a igualdade para todos, então porque não vão ser eles contemplados por esse documento.

Já a Câmara de Lisboa tinha cometido um gaffe ao não permitir a inscrição de gays nos casamentos de Santo António... Ok! Sejamos sensatos, a Câmara é uma instituição, a Igreja Católica outra, portanto, ela não pode imiscuir-se nas regras desta (a não ser que tenha Sarkozy à testa) sendo que são diferentes... porém, quando esses casamentos são financiados pela câmara, ai, ai, a coisa já muda de figura, os civis, gays ou não, mereceriam ser contemplados... isto é uma coisa tramada. Mas tudo bem... proibiu-se aos gays de aparecerem nos casórios e como se isso não bastasse ainda há grupos a levantar-se para marchar contra o casamento gay!!! Tenham paciência.

Estou farto dessa cantiga, deixem os gays casar... afinal não se queixam do alto índice de divórcios?... e agora que encontraram malta disposta a contrariar a tendência estão a impedi-los.

Deixem casar os gays... adoptar... hum... isso já se vê.

4 de agosto de 2009

A HOMOSSEXUALIDADE É DOENÇA

Estive a ler Yvan Lerger, Desvios Sexuais, no capítulo onde ele fala de homossexualidade, refere-se a essa questão como se fosse uma doença. Eu não sou psicólogo, mas confiro-me autoridade, ou pelo menos bom senso, suficiente para contrariar esse senhor, autoridade esta apoiada nos seguintes artigos (só de exemplo): este e mais este.


É ridículo considerar homossexualidade uma doença só porque a tendência geral é a heterossexualidade. Aliás, se formos ver bem, então doentes neste planeta seriam os honestos, altruístas e ateus, porque somos ensinados que o mundo é cruel e portanto temos de sê-los também para poder sobreviver. Mas isso não é assunto para este capítulo.

Entretanto, vou dar um desconto ao Dr. Yves considerando a época em que escreveu esse livro e mentalidade que imperava nessa altura, vou fechar os olhos e não ver que por causa de autoridades, moralistas ou científicas, tendenciosas é que o nosso mundo continua estagnado em preconceito vários. Bem como Pierre Boulle n’O Planeta dos Macacos com maestria ridicularizava: uma sociedade de orangotangos que mandam na ciência com dogmas e tretas não permitindo que se chegue ao passo seguinte porque têm medo de ver a sua autoridade derribada.

A homossexualidade (isto para alguns idiotas preconceituosos que se julgam sábios e andam por aí, facundos, a pregar preconceitos contra os homossexuais) não é doença, não significa instabilidade mental, significa simplesmente escolha, ainda que inconsciente. As pessoas não nascem homossexuais, não nascem heterossexuais, não nascem coisa alguma, simplesmente são educadas ou fazem a sua escolha por motivos diversos algures no caminho da sua vida enquanto se formam e se consolidam. Homossexualidade é doença? Ridículo.

Não bastam os religiosos, com as suas cruzadas fictícias, a chatearem os homossexuais… não bastam os hipócritas que curtem bué um show de lésbicas, mas atacam os homossexuais masculinos, porque são contra a homossexualidade… não basta o medo de ostracismo pela sociedade… ainda vêm psicólogos ou sexólogos a escreverem livros com finalidade de instruir uma massa a dizer que a homossexualidade é doença!!!

Porra! Se formos ver bem, doentes seriam os heterossexuais. Pelo menos até hoje ainda não tive conhecimento de uma violação “homossexual”, possivelmente temendo o estigma, tal como muitas mulheres não participam quando são violadas, os homens muito menos o fazem. Alguém pode objectar dizendo que nas prisões ocorrem violações homossexuais, mas eu diria não, pois os que violam os outros na prisão são heterossexuais. E sabemos bem dos tipos de psicoses que espaços fechados como prisões podem criar nos indivíduos.

pelo menos tem a sua piada
Eu fui criado heterossexual, e confesso ter também alguns preconceitos em relação a homossexuais, preconceitos estes cada vez mais minimalizados... mas todos dizem que cada um manda no seu rabo, cada um tem o direito de fazer o que quer com ele (alusão a homo-homens), então por que tanta algaraviada pelo rabo alheio? 

E se se estranha a alguém como é que um homem pode gostar de sexo anal (estou a tentar usar uma linguagem menos chunga) ou de beijar outro homem, pode simplesmente pensar como é que as mulher gostam de sexo anal e de beijar-nos. Se elas adoram quando nos beijam, porque não poderia um outro homem adorar quando beija um igual? Se elas gostam do sexo anal, porque não gostaria um homem? Nós somos moldados pela nossa educação e ficamos presos a isso, mas lá porque outras pessoas comem diferente de nós não significa que sejam doentes e nem que devem ser maltratadas (em todas as acepções da palavra e em todas as outras que ela pode obter)… revisem a questão na vossa cabeça.

22 de fevereiro de 2008

O MUNDO E A TV - DISSEMINANDO A INTOLERÂNCIA



Este vai ser a primeira parte de uma série de reflexões de treta.

Fazendo o zapping encalhei na SIC Mulher (oh!, não, não me entendam mal, não sou gay, e como isto aqui é um sítio público e para não quebrar a convenção e passar por intolerante, vou carimbar que não tenho nada contra eles, apesar de não ter gostado do único que conheci, pois fazia-se a mim).

Como estava antes a dizer, encalhei-me ali, porque um homem (bem parecido, por sinal) estava a contar como a sua mãe o apoiara quando descobriu que era gay; fiquei interessado, é sempre bom ver alguém com coragem para assumir a sua posição; e quando vemos como são tratados por serem apenas diferentes sobe-nos um nó para a garganta e um aperto no estômago tão forte que nos deixa a cara a arder. Aliás, eu pensava que era isso que acontecia, até ver a apresentadora (acho que é Tyra) a despedir o homem e depois a chamar uma mulher que não estava de acordo comigo.

Ela chamava-se Ashley qualquer coisa, era advogada e mãe de onze filhos, praticava a religião baptista e tinha um imenso ódio contra os gays, porque, segundo ela, todos eles irão para o Inferno, porque Deus os odeia (isto dá muito pano pra manga).

Primeiro admirei também a coragem da mulher: entrar numa audiência onde se tinha acabado de bater palmas fortes em solidariedade aos gays, e sustentar à viva voz que odiava gays, era algo que chamasse colhões ao assunto. Era provocação máxima, mas era uma mostra de coragem e afirmação. Ela estava acompanhada de duas meninas, suas filhas, e todas elas partilhavam do mesmo credo: ódio aos homossexuais. A justificação: Deus odeia isso.

Esqueci-me de dizer que a Tyra anunciou essas mulheres como semeadoras de ódio, violência e intolerância e durante a entrevista, não deixou de chamar-lhes isso nas suas caras; pensam que elas se zangaram? Não, continuaram ali, impávidas, forçando um sorriso amarelo e melado cada vez que a câmara lhes focava, e não alteravam a postura por minuto algum. Houve um momento em que a Tyra começou a gritar com a mãe: não discutas comigo no meu programa. Eu estava a sentir pena, admiração e nojo dessas mulheres, mas pela forma com a Tyra as atacava, e quando falou isso, e quando depois pôs os figurantes a atacar essas três diabas, enjoei. 

As mulheres queriam aparecer na TV, a Tyra queria subir a audiência, o sacana do gay tinha um programa de auto-ajuda e era músico, estava apenas a publicitar-se. Aquilo tudo começou a feder de hipocrisia; e quando se chamou um ex-skinhead para descascar as três mulheres, passei dos carretos… mas não pensem que mudei de canal. Ainda vi uma menina de 14 anos a dizer que é uma puta porque fodeu já 14 rapazes…

Não posso transcrever aqui os diálogos, mas posso dizer que naquele estúdio não havia uma única pessoa que não fosse intolerante; e eu também me senti intolerante, por momento quis que um kamikaze entrasse de rompante no estúdio. 

Estou com preguiça de pensar e sei que o texto está superficial, mas vou resumir, a raça humana é a pior que existe neste planeta, perdoem-me o cliché.