Ao vender um livro uma vez, a pessoa disse que só o comprava se eu explicasse o sentido da vida. Que pergunta, hem! Era um professor universitário e fez a pergunta em tom sério, o que me impediu de resumir a resposta nisto: a vida é uma merda!
O engraçado é que participo num grupo de mandriões do Hi5 e nesse grupo alguém se lembrou de fazer esta mesma pergunta. Escolhi uma resposta curta, sem justificações, sem nada. Mas vou transcrever aqui o que disse ao professor sobre o sentido da vida para que ele me comprasse o livro:
Que posso eu dizer da vida, de concreto, quando ela para mim já foi o paraíso, o purgatório e o inferno? Acho que nem mesmo Caronte, que passa a eternidade entre as margens de Styx saberia dizer o que é a vida.
Entretanto, tendo em conta que não se espera nestas linhas verdades absolutas, não vejo inconveniência em dizer as minhas.
Pegando na teoria dos opostos, o eterno dualismo, para dissecar o assunto, dividiríamos a vida em duas metades… ou mesmo, podíamos mantê-la una, mas ubíqua, representando em dois cenários: um trágico, outro cómico; e resumíamos tudo em dois planos: momentos de riso, momentos de choro, horas de alegria, horas de tristeza; tempo de dançar, tempo de carpir; e podíamos dizer: eis cá a vida tal como é.
Todavia, a vida não se limita apenas á nossa, mas também a dos que nos rodeiam, e ela só é vida comungando com essa, formando assim uma massa homogénea de diferenças. Não somos ilhas, mas subsistemas de um sistema. Logo, para definir a vida há que considerar a de todos os outros, e nesse sentido, acho legítimo dizer o que tantos outros já disseram: a vida não é nem comédia, nem tragédia… ela é uma farsa.
Sendo assim, como deve ser vivida? Rindo-se dela, no entanto. Eu explico:
Sentimo-nos bem quando assistimos a uma comédia (vida de outros) ou a uma tragédia; já louvámos Sófocles, Eurípedes, Shakeaspeare, adorámos Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Judas o Obscuro; dizemos: este sofrimento alheio foi bem descrito, até nos toca a nós. Manifesta-se assim o nosso lado sádico.
São personagens fictícias, eis a desculpa. Pois são, quem disse que não! Mas que de nós já não se riu um amigo que escorregou antes de tentar ajudá-lo (sei que há outros exemplos melhores, mas a minha inspiração lá não chega). Para não tergiversar mais, resumo: ríamo-nos de nós próprios, antes que outros o façam… e mesmo quando o fazem. Assim será mais fácil vivermos com nós mesmo e com eles.
Qual o sentido da vida? O riso; a loucura.