Quando olho para as pessoas a cantar
aleluias ao 25 de Abril, com a emoção a mil, à minha cabeça vem uma ideia que termina
nesta questão: Afinal onde estão aqueles que de coração apoiavam o regime do
Salazar?
Então, presto atenção e percebo
sem emoção que eles ainda estão à cabeça da nação, a tratar da condução. Estão ali
no parlamento, sedentos do poder, a foder com a política de forma crítica.
Estão ali marcados no mercado, embarcados na banca, salgados e sagrados. Trocaram
de casacas e continuaram sentados na crista do Abril, a surfar de forma febril
nas costas do povo.
Hein!, onde estão aqueles tipos
que apoiavam o salazarismo? Eles estão ali no poder, eles estão ali no poder.
Sequestraram o Abril, amarram-lhes os braços e venderam-no aos pedaços, mas mantiveram a carcaça para expor ali na praça, nos 25 todos os anos. E nós… nós apoiamos.
Sequestraram o Abril, amarram-lhes os braços e venderam-no aos pedaços, mas mantiveram a carcaça para expor ali na praça, nos 25 todos os anos. E nós… nós apoiamos.
Olho para os políticos que mandam
no país, esses políticos que falam sempre do Abril e que me dizem com todo o
brio que eu devia ser feliz, porque a revolução mudou este país.
Pois sim, acredito que sim, o país mudou, mas eles não mudaram, pois só vejo afilhados e filhos, netos e sobrinhos, cunhados e primos dos tipos que andavam a fazer bico ao salazarismo. Que raio, num ato edipiano, destronaram os seus pais para foder com a mãe-pátria. E para o nosso azar até há um que ali reside, que teve ficha da PIDE. Teria sido um agente? Não sei, mas foi ministro e foi presidente.
Pois sim, acredito que sim, o país mudou, mas eles não mudaram, pois só vejo afilhados e filhos, netos e sobrinhos, cunhados e primos dos tipos que andavam a fazer bico ao salazarismo. Que raio, num ato edipiano, destronaram os seus pais para foder com a mãe-pátria. E para o nosso azar até há um que ali reside, que teve ficha da PIDE. Teria sido um agente? Não sei, mas foi ministro e foi presidente.
Desculpem-me se não consigo embarcar
no entusiasmo do Abril, porque nos anos 80 eu nasci, e nem sequer foi aqui, portanto
não vivi nem conheci a dificuldade pré-Abril. Desculpa-me aí o meu pouco entusiasmo,
porque o que vejo no país é uma traição ao Abril, ouço gente a dizer: “o povo é
que mais ordena!”, e fico a perguntar que mas merda o povo ordena? Um ordenou ao Cavaco para que fosse trabalhar e todos vimos o resultado: mandam-no
multar; é claro, se fosse famoso e aparecesse na TV podia chamá-lo de palhaço e
nada ia acontecer.
O povo nada ordena, o povo serve
para ordenha; o povo mata-se a trabalhar para uns poURcos triunfar. O povo é
posto na engorda e tratado como porco, porque esses gajos no poder adoram o
nosso lombo.
O Abril nos trouxe liberdade, liberdade
de expressão, pois é, temos liberdade, só não temos é pão. Sim, Temos a
liberdade de não ficar calados enquanto estamos manietados e a ser enrabados…. e
quando reclamamos somos logo avisados: precisamos do teu rabo, portanto aquenta
aí, bacano, pois este é o resultado da tua escolha de deputados; aguenta aí os
danos que te fazemos ao ânus que daqui a quatro anos poderás escolher... uma nova
marca de vaselina.