2 de julho de 2012

EXPLORAÇÃO INFANTIL PELA PUBLICIDADE

As crianças viciam-se facilmente no canal Panda, não sei por quê? Já até pensei que talvez usassem mensagens subliminares, mas esse sou eu a fazer filmes. Eu costumava ver o Canal 2 (o melhor canal português) à tarde, tinha muitos desenhos animados iguais ao do Panda, mas quando comecei a ver a TV com o meu sobrinho, rapidamente ficamos pelo Panda. Não sei se foi porque ele começou a frequentar a escola e quer fazer como os colegas ou se, volto outra vez ao filme, o canal utiliza mesmo mensagens subliminares que prendem a ele e a outros miúdos ao ecrã. 

De qualquer maneira, não é disso que me queixo. O que me preocupa é a quantidade de publicidade com que as crianças são bombardeadas nesses canais, convidando-as, ou melhor, coagindo-as a comprar lixo, aliás, a obrigar os pais a comprar lixo. A quantidade de energia que uma criança gasta a chorar por um brinquedo no supermercado é inversamente proporcional ao tempo que leva entusiasmada com ele. Mas só porque viu na televisão quer ter, porque é moda e todos os amigos têm.

Eu sei que estamos num estado capitalista e o consumismo é uma medida prática e essencial para a sobrevivência do sistema, no entanto, tendo em conta que todos os dias se fala dos direitos da criança e da necessidade de as proteger, será que ninguém pensa nessas publicidades como exploração infantil? Ou legalmente a exploração infantil não é quando se usa criança para ganhar dinheiro, porém apenas quando se lhe põe a fazer trabalhos mal remunerados? Claro que para o hipócrita do Ocidente a exploração infantil só acontece na China e na Índia, porque são a mão-de-obra barata que ele mesmo usa e abusa em seu benefício, apesar de andar todos os dias a falar contra em público.


trabalhando num supermercado acabei por entender por que esta publicidade de mau gosto tem piada


Não vou falar de novo das crianças trabalhadoras do Ocidente civilizado (visto já ter falado antes disso aqui), vou ficar apenas na publicidade como forma de exploração infantil. Se pessoas com opiniões formadas e que se julgam blindadas, como eu, somos susceptíveis de sermos influenciados pela publicidade, imagine-se qual não será o efeito numa criança que ainda acredita no Pai Natal e que julga que Portugal anda bem. E por ver como os meus sobrinho são afectados é que a "concentra", o maior publicitário do canal, e o próprio canal Panda são os objectos do meu ódio de estimação. 

Devia haver leis que protejam as crianças dessa coisa nefanda que é a publicidade ou que, pelo menos, obrigasse que aquelas dirigidas às crianças fossem honestas. Por exemplo, quando publicitam um boneco de homem-aranha, põem-no a atirar teias e a escalar paredes, depois, quando o miúdo, à gritaria (ou de outra forma coerciva), obtém o boneco e tem de ser ele a fazê-lo mexer, sem teias e sem adesivo, sente-se desiludido e traído e perde o entusiasmo ao fim da segunda hora, preparando os pulmões para os bonecos de bakugan na próxima vez. 

Está-se cada vez mais a fabricar zombies, pessoas descerebradas que exigem que toda a gente sejam como elas, praticando as mesmas modas e modismos, consumindo as mesmas porcarias, não vingando a utilidade nem mesmo a qualidade, apenas para satisfazer a vontade de poder usar a mesma coisa que o vizinho, porque apareceu na TV e isso significa que é um must (ainda se usa esta expressão?).

Espero que a TV digital venha a permitir que se veja a TV sem ver a publicidade, embora duvide dessa hipótese (se até para ver o youtube agora temos de levar com ela) ou então a pessoa vai ter de pagar uma bela soma para se ver livre dessa maleita. Eu deixei de gostar de ver a TV com o meu sobrinho porque a todas a publicidades ele diz: tio, compras-me isto? E dizer muitos nãos a essa pergunta deixa-me com uma sensação desgostante. O meu apelo é: Por favor, protejam dessa exploração as crianças! 

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