O Feitiço do Tempo foi o filme
que me calhou esta semana (já não sei qual semana, porque há já meses que
tinha isto para transcrever); não gosto de rever filme, principalmente quando
há muitos em fila a clamar pela minha atenção, no entanto tem aqueles que não
conseguimos deixar de acarinhar… e este é um dos meus.
Não vou falar de Bill Murray, nem
de Andie MacDowell (como é hábito não fazer, embora por vezes não consiga
evitar), resumo os dois nisto: funcionam bem juntos.
O Feitiço do Tempo, por causa da
abordagem, não parece um daqueles filmes que grita furiosamente: qual é o sentido da vida?, aliás, nem
faz a pergunta, apenas ensina qual é o sentido da vida. Analisado o trama, é
análogo aquelas teorias hindus de reencarnação, com a diferença de que aqui, o
herói (ou a vítima) tem o conhecimento da sua vida anterior. Também o filme
parece um dos inúmeros ensaios de Phillip K. Dick: e se eu tivesse o conhecimento do futuro? Um filme similar ao
feitiço do tempo é “12:01”, similar na premissa, mas diferente na abordagem… e
na qualidade, é claro.
Eis o enredo: Phill é um
jornalista do tempo (isso faz sentido?), muito arrogante, egocêntrico e convencido da sua
importância, que ao cobrir um acontecimento inútil
e irrelevante numa cidade fica preso no mesmo dia, repetindo-o vezes e
vezes sem conta. Torna-se desesperadamente solitário, visto ser o único que
percebe que o dia não muda, e o seu único consolo acaba por ser a sua colega,
Rita, por quem se apaixona e tenta diariamente fazer-lhe ficar apaixonada por
ele.
trailer
Há diversas maneiras de abordar O
Feitiço do Tempo, mas eu prefiro este: O
que eu faria se eu tivesse o conhecimento do futuro? Aqui, por os dias
serem todos iguais, o fardo é acrescido, porque não só se tem o conhecimento do
futuro, como a monotonia é tanta que não faz sentido ficar nela preso; e por os
dias serem o mesmo deixa de existir o Tempo: o futuro e o passado acabam por
ser um eterno presente.
Se o filme tivesse um monte de
frases filosóficas e tretas esotéricas à la Matrix (e houvesse o hype internáutico) poderia ter sido um cultuado filme
de ficção científica, porém, embora aborde uma questão séria (?) ele não passa
de uma comédia moralista para um domingo à tarde, que fala fundamentalmente de
“egoísmo, abnegação e altruísmo”, estes últimos tornando-se a chave para
resolver a questão, ficando a moral da história a ser: a vida não tem graça se for
vivida hedonisticamente, e a melhor forma de usá-la é em função dos outros.
Outra maneira de abordar o filme é a forma desconcertante como Phil tem manipulado os outros ao seu redor, com o conhecimento do que vai acontecer, e como o conhecimento é poder.
Outra maneira de abordar o filme é a forma desconcertante como Phil tem manipulado os outros ao seu redor, com o conhecimento do que vai acontecer, e como o conhecimento é poder.
Mas... como bónus, o filme tem uma óptima banda sonora.