Dois robots a lutar, que piada tem? Foi isso que pensei
quando vi a promo de Puro Aço; nem o nome de Hugh Jackman, ou Steven
Spielberg na produção, me convenceu; talvez se passar num domingo à tarde na TV
e eu não tiver nada para fazer eu veja o filme, concluí. No entanto,
estava duplamente enganado, não só acabei por ver o filme, como
gostei dele.
Apesar de tudo, Puro Açoé mesmo um filme para um domingo
à tarde, para um serão tranquilo e agradável com os sobrinhos. É um filme muito
simpático e ritmado, com zero de profundidade, todo a cheirar a Disney, aliás é da Dreamwork, mas que
consegue enlear durante a sua duração.
Previsível? Como o caraças. É uma
mistura de Rocky com Over the Top (acho que já tinha usado algures esta mesma
comparação), um pai irresponsável com um filho que lhe cai ao colo de repente e
que, acima de tudo no mundo, quer ser amado por ele e blá-blá-blá e foram
felizes para sempre.
No entanto, o melhor do filme mesmo é ver Dakota Goyo a
roubar as cenas a Hugh Jackman.
Eis a sinopse: No futuro qualquer actual e alternativo, um
ex-boxista, modalidade que já não se usa nos moldes que conhecemos, tendo os
lutadores substituídos por robots, passa a vida a viajar com o seu robot
participando em jogos. Um dia, recebe a guarda do seu filho que nunca viu mais
gordo na sua vida e este descobre um robot antigo e ultrapassado num
ferro-felho e começa a participar nos circuitos de luta com ele e vão subindo e
subindo até competir com os gigantes.
trailer
É assim Puro Aço, entretanto pelo meio temos uma
história de amor meio desequilibrado, uma história de relação pai-filho, e
alguns momentos que rapidamente esquecemos entre as divertidas cenas de luta. A fotografia é boa, os efeitos visuais são bem feitos e suportam bem o filme. E tem umas duas sequências de meter inveja a vários video-clips.
Como me disse aqui uma vez alguém, há filmes que vemos só
para entretenimento mesmo e não procuramos tirar dele nenhuma lição, este aqui
é um deles, embora venha imbuído de algum moral de digestão fácil. No geral, Puro Aço é um
daqueles incentivos de auto-ajuda que promove: não deixes que a tua origem te limite o destino.
Não sei bem, mas tenho a impressão de que sempre gostei de
desenhar. No entanto, para compensar sempre fui preguiçoso e nunca realmente
tirei tempo para praticar muito, pois haviam muitas outras coisas que me
despertavam também interesse. De qualquer forma, nunca é tarde demais para
aprender, e ultimamente tenho estado mais em contacto com o meu lado
desenhístico e tenho praticado mais… porém aprendo lento.
Os meus desenhos não são artísticos, considerando que não
sei criar apenas reproduzir e mesmo as minhas reproduções estão limitadas pela
falta de técnica e de perícia que poderiam atribuir uma determinada unicidade
ao desenho, mesmo um desenho meramente ilustrativo, tornando-o artístico…
portanto, não achem que é pretensão eu postar os meus desenhos no quadro “Artes e Imagens”.
Em Março último participei num workshop de desenho e conheci
alguns desenhadores que fazem parte dos Urban Sketchers, e um
deles, Eduardo Salavisa mostrou seus desenhos e tinha um traço aparentemente desengonçado
que de uma certa maneira parecia com o meu traço totalmente desengonçado, e foi
quem me tirou a cobardia de mostrar e orgulhar dos meus desenhos, ainda me
falta muito para chegar à economia e certeza dos seus traços, mas ele
inspirou-me imenso.
museu da cidade, campo grande
eduardo salavisa (a última pessoa no lado direito - a de óculos - era eu)
eu, o mesmo sítio
Como já tinha dito, os meus desenhos não são artísticos, nem
nada por aí, entretanto são meus, e o blog é meu, logo… a partir de hoje, vou começar a postá-los (mas não pela cronologia). Entretanto, a ideia primária de criar este tema é para mostrar desenhos de pessoas que tenho conhecido e que o fazem bem... por enquanto vão os meus.
casas no porto
estádio de alvalade
debaixo do viaduto do campo grande a olhar para o hotel radisson
Como referi no artigo anterior com o mesmo título, estas reflexões começaram por causa de um único incidente. E desta vez pretendo falar da histeria colectiva e peço então que não liguem muito à juventude perdida que aparece no título, e pensem mais em sociedade perdida, que desenvolvo mais aqui.
A HISTERIA COLECTIVA
Não haja dúvidas, nós somos ovelhas, e apenas ovelhas (embora eu goste de me considerar uma ovelha negra – e não, não por causa da minha cor), no entanto, comparados com as ovelhas animas somos ainda mais estúpidos.
A histeria colectiva acontece em diferentes planos: há o plano religioso, há o plano de modismo, há o plano académico ou pseudo-académico (referido antes aqui), há o plano ateísta-científico, o plano cool-nerd-liberal, enfim… mas destaco aqui o plano nacionalista.
Só publico isto agora, mas escrevi-o quando a selecção de Portugal estava ainda nos quartos-dos-finais no Euro 2012. Nas conversas com as pessoas, nessa altura, dois assuntos saltavam sempre: "a crise e o raio dos políticos opressores" e "O Cristiano Ronaldo e A Selecção Portuguesa", este último ditatorialmente inevitável. No entanto, se sabiam todas as vírgulas acerca da selecção, referiam-se à crise de modo genérico, tal como o meu sobrinho faz. Admirava-me que as pessoas não sabiam que novas leis do trabalho tinham sido ratificadas pelo Cavaco e que punham ainda em piores lençóis (posso dizer assim?) os trabalhadores; admirava-me que dos poucos com quem falava e que o sabiam estavam-se nas tintas, preocupando-se mais com a vitória da selecção. Não me admirou que os média não tivessem dado muita atenção a esse facto e estavam mais interessados em fazer reportagens sobre a selecção, pois esse é o trabalho deles: manter as massas massudas e histericamente cegas para o que realmente importa.
O espírito do povo revelou-se bem nesta carta (vídeo acima) de um miúdo à selecção portuguesa (que faz publicidade a uma marca que não queria dizer, pois mesmo a má publicidade é publicidade) onde ele diz que o futuro do país está nos pés dos jogadores… Não importa que a carta tivesse sido o resultado de uma visão muito mais que ultra-limitado de um miúdo (ou dos seus pais que não lhe deram orientação ilustrada) ou forjada pela marca publicitária, a verdade é que a carta é mesmo o retrato do espírito do povo. Senão vejamos, está todo o mundo a vestir-se de verde e vermelho e a acompanhar pela televisão como dorme, como come e como caga a selecção (aposto que nos outros países acontece a mesma coisa) e não dá atenção às coisas que realmente fazem parte da sua vida e das quais dependem o seu futuro. Aliás, algumas até são forçadas a isso, sei de uma empresa que obrigou os seus funcionários a apoiar a selecção, vestindo a camisola, com o risco de incorrer num processo disciplinar; ou seja, mesmo que o funcionário quisesse apoiar outra equipa esse direito lhe é negado.
Disfarçadas de nacionalismo e patriotismo são dadas cordas às pessoas e elas, patrioticamente, adornam com elas o pescoço sem se preocuparem em entender que isso são manobras para criar letargia e não faz sentido. Ok! Eu prefiro que as pessoas andem a sacudir bandeiras nacionalistas por causa de um jogo de futebol do que a pedir para o governo invadir outro país, mas a questão é que quando se está habituado a sacudir bandeiras por um motivo aparentemente inócuo, mais facilmente se sacode por um outro motivo mais… nefasto. E a eficácia da lavagem cerebral que se revela nesta histeria colectiva vê-se principalmente nos imigrantes africanos, por exemplo, que por uma vírgula põem-se a falar mal de Portugal e dos portugueses e a reclamar de como são lixados, de como o país é racista, que, no entanto, se levantam nos dias de futebol a apoiar o nosso Portugal. Primeiro eu julgava que era hipocrisia, mas depois vi que não, a manifestação é mesmo genuína e eles sentem-se mesmo afectados com as derrotas da selecção, ou seja, deixaram-se levar na corrente e foram apanhados pela histeria, pois nesses instantes sentem-se a fazer parte de algo. E é por essa razão que eu creio que a histeria colectiva acerca da selecção não é necessariamente patriótica, mas resultado de um processo de condicionamento.
não tenho nada contra portugal como país ou povo, entenda-se (por isso estão aí as bolas de futebol para contextualizar)
Há determinadas actividades publicitadas como próprias de uma idade… vou ater-me à juventude… ou seja, para se ser completamente jovem tem que se participar nessas actividades, bebedeiras às sextas, concertos de verão, um pouco de vandalismo ligeiro (alguém percebeu o teor da mensagem da publicidade da geração aleatória da moche? Ou que ela é muito parecida com a série inglesa Skins que retrata uma juventude conturbada e auto-destruidora?), essas imagens são vendidas e o jovens, impressionáveis, tentam integrar-se e seguir à risca, pois querem fazer parte de algo, abafando a originalidade, e diluindo-se na multidão. Mesmo aqueles que gostam de ser diferentes, o mais nerds, por exemplo, que se sentem mais atentos e dizem que percebem que existem essas armadilhas acabam também a fazer filas histéricas, não às portas das discotecas, mas em convenções de banda-desenhadas e afins. Ou seja, a necessidade de fazer parte de um grupo leva as pessoas a ceder à pressão dos pares ou então à dobrar-se perante as generalidades.
Foi assim que saímos da geração rasca para a geração à rasca, seguindo às riscas os preceitos de ser um jovem, pois só quando é tarde é que conseguimos tempo para começar a analisar. Mas parece que os da geração à rasca são apenas os antigos jovens da geração rasca, porque esta nova geração, que tem a idade que tínhamos quando éramos da geração rasca, tem um bounce diferente (também quero parecer cool!), é tão fútil quanto à nossa, porém tecnologicamente armada e ainda cheia de brilhantina (deus do céu!, o que é que muda afinal?).
Um homem é um ser social, portanto participa na sociedade, no entanto quando participar começa a sinonimizar seguir cegamente as tendências é porque alguma coisa está errada; quando olhamos para o que os outros fazem e repetimos, costumamos dizer: por que não?, não me causa mal nenhum…, porém é mesmo nisso que a armadilha se localiza, pois quando o receio do ostracismo te leva à ceder à pressão dos pares, podes estar certo de que já perdeste a tua capacidade de acção, perdeste a vontade, e és um individuo simplesmente reactivo.
Livros escritos por guineenses eram raros (ainda hoje são), a literatura guineense mais conhecida era uma recolha de contos feita por Teresa Montenegro e Carlos Morais (duas pessoas que me orgulho de conhecer, e gabo-me de ser amigo da primeira) e alguns outros livros de poesia, dos quais destaco A Luta é a Minha Primavera de Vasco Cabral e a antologia Mantenhas Para Quem Luta (não cheguei a ler nenhum dos dois livros), mas vários dos seus poemas que vinham em livros didácticos, e foi assim que os conheci). Romances? Não havia nenhum. O mais parecido com isso era uma novela (acho que o posso chamar assim), do brasileiro João Ferreira (o autor nem era guineense, redundo).
Quando nesse deserto surgiu A Última Tragédia de Abdulai Silá (outra pessoa que me orgulho de conhecer) o meu círculo de leitores explodiu de entusiamo e de consternação, o segundo porque só um de nós possuía o livro e fazia-o circular entre quê?, umas sete ou oito pessoas e mais alguns curiosos que nunca liam mas queriam provar o sabor de um romance guineense e como a velocidade da leitura diferia bastante, e como o tempo passa mais lento para quem espera, era uma seca estar na lista de espera. O título nem era o primeiro romance guineense publicado, embora o primeiro, Eterna Paixão, também fosse do mesmo autor, mas foi o primeiro de que tivemos conhecimento.
Eu li A Última Tragédia de uma assentada, não é volumoso, nem nada que pareça, e tem um bom ritmo. E quando tive o conhecimento dele foi em 1998, um bocado tardio, porque fora publicado três anos antes. Lera-o com um misto de orgulho e de inveja, talvez mais de inveja porque não gostei muito dessa primeira vez, o que só aconteceu anos mais tarde, depois da guerra no meu país, quando amadureci (?) e passei a ler o livro dentro do livro.
A Última Tragédia engana apenas numa coisa: não era a última, é um retrato de um país fragilizado e obstruído, tanto pelos problemas exteriores, como, e principalmente, pela auto-limitações a que se impõe em nome de uma tradição. É uma aspiração a uma realidade ideal, como lemos através de um régulo que aparece na história, mas que parece ser inalcançável, mantendo o ritmo da tragédia. E, desligando-se de fronteiras, e alienando-se do pano do fundo, facilmente percebemos que é também um retrato de nós mesmos, independente da sociedade em que vivemos: a história do livro situa-se na Guiné colonizada, fortemente limitada e que dança ao chicote, entretanto, a colonização tal e qual era não existe mais, o que não quer dizer que desapareceu, hoje somos colonizados (não estou a falar do país, mas das pessoas de todo o mundo) pelos nossos próprios governos, que são colonizados pelos bancos... mas... ok!
Tenho uma boa relação com o livro, porque foi a primeira literatura guineense que eu li e senti… e é, entre outras, a razão por que o recomendo.
O Capitalismo está gasto e defunto… bem, talvez não defunto, talvez zombie, precisando de cérebro alheios para ficar com a sensação de sobrevivente, quando na verdade é só um walking dead que zombiefica todos ao seu contacto. Houve ideais nobres no capitalismo?, acredito que houve, e não apenas uma substituição melhor organizada e disfarçada da escravatura e do feudalismo através de termos mais civilizados, onde em vez de condenar as pessoas à forca, vende-se-lhes a corda e ainda lhes são cobradas as expensas mortuárias. O Capitalismo é ultra-canibal e necrófago, porém, o seu maior trunfo é ser um mestre de ilusões.
Como se costuma dizer, o maior truque do Diabo foi convencer ao mundo que não existe, também o maior truque do Capitalismo é similar, no entanto oposto: ele convence-nos que sem ele o mundo colapsará e reduz-nos as expectativas com distopias bem cozinhadas, impedindo-nos de imaginar o mundo sem ele, levando-nos a acreditar em ilusórias vantagens de maneira a acharmos que qualquer outro sistema é inimigo.
Vamos só ver um exemplo: nos EUA, em plena crise de 1929, enquanto o povo (aqui falo da ralé, a classe baixa, nós) malhava forte no ferro frio para sobreviver, esse mesmo povo atacava outros ideais e defendia os seus exploradores, chegando mesmo a linchar comunistas e bolcheviques, mesmo nessas alturas negras uma das maiores ofensas era ser chamado de comunista, vermelho e afins, e quando confirmavam que alguém defendia esse ideal, ele era ostracizado e culpado pelos males da aldeia (alguma similaridade com a idade média?). E será que hoje é diferente? Nada! Se não fosse porque cultivamos mais "tolerância" hoje (não graças ao capitalismo, que o capitalismo existe há muito tempo e não é tolerante) ainda continuar-se-ia a linchar comunistas, zeitergeistas e outros istas. Eis a maestria do Capitalismo, tornou-se não necessário, mas imprescindível.
Uma das artimanhas do Capitalismo para garantir a supremacia foi misturar-se com a democracia, parecendo que são sistemas gémeos e co-dependentes. No entanto, a história prova-nos que isso é ilusão. Os gregos já tinham democracia enquanto ainda eram esclavagistas, e o próprio capitalismo é uma transformação do feudalismo, usando como diferencial apenas o assalariamento. Antes que se criassem leis que tentassem defender mais aos assalariados o capitalismo era tão cru como está a ser agora com neo-liberalismo, voltando às raízes antigas, usando como desculpa a crise económica para poder sugar-nos melhor o cérebro (mas isso já é outra história). É mais que certo que nenhum dos exemplos conhecidos do socialismo (senão a sombra do socialismo existente na Venezuela que também balança entre a ditadura e a democracia) foi democrático (isto se considerarmos que democracia é fazer eleições periódicas), e assim, por comparação directa, como o socialismo é antagónico ao capitalismo e a ditadura é-o à democracia, logo pensa-se que o capitalismo é que garante a democracia.
Mas a verdade é que são questões diferentes o capitalismo e a democracia; e a democracia capitalista é apenas uma capa da ditadura, a ditadura do capital, quem tem mais dinheiro tem mais votos. Somos iludidos que há balanço, quando excepções como pobres (Lula, por exemplo) ou pretos (caso Obama – no mundo branco) ou mulheres (Soong Ching-ling – um raro caso chinês que é mais monárquico, porém histórico) são eleitos presidentes, passando a ideia de que tudo é possível no capitalismo, mas visto à lupa, vemos que por trás destas figuras há empresas e máquinas de propaganda que investiram muito dinheiro à espera de dividendos, favores e facilitismos e que apenas se aproveitam do espírito do tempo para apresentar um produto que melhor resultado lhes traga. Ou seja a democracia capitalista é apenas um negócio como qualquer outro, investe-se e espera-se por lucros, não é nada um sistema como imaginado pelos gregos que pretendia um equilíbrio social. E como busca sempre lucros por isso espalha sementes da guerra, da irascibilidade e da fome por toda a parte do mundo, para continuar no controlo.
O Capitalismo é definido pela frase mais cliché dos filmes sobre Wall Street: queres estar aqui tens de ser um tubarão… e o tubarão come peixes miúdos. Sim, eis o Capitalismo na sua essência mais pura e ele não tem nada a ver com a democracia. Aliás, vejamos apenas como boa parte dos países árabes são capitalistas mas não democráticas, ou melhor, até a China, que se diz comunista, aplica uma política externa também capitalista para engolir o resto do mundo. Ponto, acho que já consegui explicar que o capitalismo é diferente da democracia. Mas que o capitalismo seja um proxeneta da democracia, não há dúvida. E será a própria democracia o melhor sistema? Credo!, não! Mas sobre isso vou falar com mais detalhe num outro artigo.
Quais as vantagens do capitalismo? Todo o mundo pode fazer dinheiro… se conseguir; todo o mundo pode aspirar a ir para a cama com a democracia… se tiver um investidor; todo o mundo pode arranjar um investidor… se tiver ideias (e não menos importante, sorte de encontrar alguém isento que não lhe roube a ideia); todo o mundo pode processar quem lhe roube a ideia… se tiver advogado; todo o mundo pode ter advogado… se tiver dinheiro (se não tiver o governo atribui-lhe um que vai ter que dividir com muitos outros); em suma, todo o mundo pode ter dinheiro… se tiver dinheiro.
O capitalismo está cheio de exemplos de self-made-men (e tantos filhos do papá que assim se denominam), homens que foram tubarões e que se empenharam bastante para conseguir um lugar no aquário com os graúdos, mas para 98% de cada um desses há centenas a chorar de exasperação.
O capitalismo é uma outra espécie de monarquia que, grande parte das vezes, não se atém ao mérito (patranha sobre o qual vou falar num outro post), mas ao sobrenome; só isso explica a eleição do Bush Júnior, ou por exemplo, a recente aquisição da filha de Clinton pela CNN [escrevi isto praí em Novembro do ano passado] – longe de mim desmerecer a mulher por causa do nome que carrega, mas está claro que a aquisição da CNN virou notícia exactamente por causa do nome dela. Ok! Eu sei que isto não é um defeito exclusivo do capitalismo, mas não deixa de ser uma marca do sistema.
Em alternativa ao capitalismo o que é que proponho? O socialismo? O zeitgeist?
Não, nenhum dos dois. Não proponho o socialismo, pelo menos não nos modelos que já vimos ou lemos: o russo, o cubano ou o chinês (embora este último está a parecer-me ultimamente um tanto viável, considerando que quebra com a hegemonia ocidental, vencendo o ocidente no seu próprio jogo), que se tornaram opressivo ao invés de equilibrados como no início os seus mentores idealizaram, acabando a adoptar a máxima dos porcos de Orwell: somos todos iguais, mas alguns são mais iguais que outros! E será que alguns não devem ser mais iguais que os outros? Será que aquele que estudar por mais de vinte anos para ser médico e bom, deve ganhar o mesmo que aquele que andou esse tempo todo a estudar rótulos de garrafas de álcool para depois se tornar, sei lá, arrumador de carros? E aquele que passa a vida debaixo da terra a escavar carvão para aquecer ao médico, pondo em risco a sua vida, por que não deve ganhar mais? Não sei a resposta disto, por enquanto está-me a parecer que devemos ser premiados pelo "mérito", mas o que realmente define o mérito? (como disse, isto é matéria para outro fórum). No entanto, a realidade hoje é que não importa a quantidade do tempo que andaste a estudar, podes ter estudado vinte anos, mas perdes sempre por alguém que estudou um ano e tenha no diploma Oxford ou Cambridge ou Harvard (entre alguns) mostrando como o dinheiro ou a falta dele influencia o mérito no sistema capitalista.
E por que não proponho o Projeto Vénus? Simpatizo com o sistema, como já dissera aqui, no entanto, parece-me muito filho do capitalismo e mais uma substituição desequilibrada, da maneira como se apresenta pelo menos, do que propriamente uma solução fiável.
Mas o que proponho em substituição ao Capitalismo? Definitivamente o comunismo marxista e a descentralização dos poderes.
Numa época de legalidade extremista e da opressão do politicamente correcto como a nossa, onde por dá cá aquela palha as pessoas incorrem em processos legais, admiro que alguém ouse publicamente caluniar uma outra, sem base sólida para se apoiar.
Caluniar!!!Eu disse caluniar? Pois disse! No entanto, se caluniar é dizer inverdades sobre alguém, não sei se devia ter aqui usado a palavra, por outro lado, por não saber da veracidade do dito não sei se não devo usar.
Deixem-me explicar, mas quero antes deixar claro que tenho uma posição neutra em relação ao assunto (não vá o diabo tecê-las), se manifesto a minha opinião e inquietação (?) - digamos assim - é porque estou intrigado pelo tratamento que o caso está a receber, ou seja, nenhum.
Sei que há manifestantes que usam cartazes com dizeres mais ofensivos que este aqui, entretanto, nenhum desse apelam pelo lado legal das resoluções dos problemas... mas, peraí... acho que estou a pôr os bois à frente das vacas...
Eis a situação: Há uns pares de dias, no metro e estações, andava um senhor, José Vieira da Silva (ou a representá-lo), com o cartaz acima (fotos catadas aqui), fazendo séries acusações ao professor Marcelo Rebelo de Sousa. E como eu disse antes, não faço ideia da veracidade do expresso pelo cartaz, entretanto, supondo que o Sr. Vieira deve ter certezas do que está a dizer para ousar se expor desta forma com acusações deste calibre, acho que pelo menos uma resposta deveria ser dada.
Pela importância da figura em questão e pela gravidade do escrito no cartaz esperava que a média, sensacionalista como é, se focasse no assunto, ou que o visado se manifestasse. Compreendo, no entanto, o a posição do visado, pois pode usar a máxima de: quem alterca com parvos, mais parvo é!, e assim mostrar que não é parvo e dignificar-se a si mesmo. Entretanto a média, essa sanguessuga, é que me deixa incrédulo como o seu silêncio sobre o assunto. Por isso pergunto: este é mais um desses casos que mais parecem filosóficos (tanto faz que se saiba ou não, que não muda nada)? Ou é um assunto realmente sério que está a ser contido por uma censura velada?
Não faço nenhuma ideia, e parece que estou apenas a atirar achas à fogueira. No entanto, considerando que jornalistas ditos conceituados muitas vezes começam rumores, dizendo que têm uma fonte anónima, por que desta vez há silêncio quando a fonte se expõe publicamente?
Eu gostaria de ouvir o pronunciamento do professor Marcelo de Sousa acerca disto (embora ele possa querer conservar a sua dignidade, ou, por ser assediado constantemente com cenas do género, já não esteja virado para essas difamações - de qualquer forma é difamação, verdadeira ou não), porque se a média se cala e o Sr. Vieira fala, provavelmente ele pode ter alguma razão no que diz.
Apesar de tudo, vejo vacuidade na acusação do Sr. Vieira, parecendo ter uma querela pessoal com o Prof. Marcelo de Sousa, e anda despeitado, do que propriamente sentir uma necessidade de justiça com intuito de trazer melhorias a todos e prevenir repetições.
De qualquer maneira, seja qual for a intenção de um e do outro, eu gostaria de ver um desenvolvimento do caso, embora hoje aos Davids não se dão hipóteses sequer de enfrentar os Golias(es)... até lá, então.
As crianças viciam-se facilmente no canal Panda, não sei por quê? Já até pensei que talvez usassem mensagens subliminares, mas esse sou eu a fazer filmes. Eu costumava ver o Canal 2 (o melhor canal português) à tarde, tinha muitos desenhos animados iguais ao do Panda, mas quando comecei a ver a TV com o meu sobrinho, rapidamente ficamos pelo Panda. Não sei se foi porque ele começou a frequentar a escola e quer fazer como os colegas ou se, volto outra vez ao filme, o canal utiliza mesmo mensagens subliminares que prendem a ele e a outros miúdos ao ecrã.
De qualquer maneira, não é disso que me queixo. O que me preocupa é a quantidade de publicidade com que as crianças são bombardeadas nesses canais, convidando-as, ou melhor, coagindo-as a comprar lixo, aliás, a obrigar os pais a comprar lixo. A quantidade de energia que uma criança gasta a chorar por um brinquedo no supermercado é inversamente proporcional ao tempo que leva entusiasmada com ele. Mas só porque viu na televisão quer ter, porque é moda e todos os amigos têm.
Eu sei que estamos num estado capitalista e o consumismo é uma medida prática e essencial para a sobrevivência do sistema, no entanto, tendo em conta que todos os dias se fala dos direitos da criança e da necessidade de as proteger, será que ninguém pensa nessas publicidades como exploração infantil? Ou legalmente a exploração infantil não é quando se usa criança para ganhar dinheiro, porém apenas quando se lhe põe a fazer trabalhos mal remunerados? Claro que para o hipócrita do Ocidente a exploração infantil só acontece na China e na Índia, porque são a mão-de-obra barata que ele mesmo usa e abusa em seu benefício, apesar de andar todos os dias a falar contra em público.
trabalhando num supermercado acabei por entender por que esta publicidade de mau gosto tem piada
Não vou falar de novo das crianças trabalhadoras do Ocidente civilizado (visto já ter falado antes disso aqui), vou ficar apenas na publicidade como forma de exploração infantil. Se pessoas com opiniões formadas e que se julgam blindadas, como eu, somos susceptíveis de sermos influenciados pela publicidade, imagine-se qual não será o efeito numa criança que ainda acredita no Pai Natal e que julga que Portugal anda bem. E por ver como os meus sobrinho são afectados é que a "concentra", o maior publicitário do canal, e o próprio canal Panda são os objectos do meu ódio de estimação.
Devia haver leis que protejam as crianças dessa coisa nefanda que é a publicidade ou que, pelo menos, obrigasse que aquelas dirigidas às crianças fossem honestas. Por exemplo, quando publicitam um boneco de homem-aranha, põem-no a atirar teias e a escalar paredes, depois, quando o miúdo, à gritaria (ou de outra forma coerciva), obtém o boneco e tem de ser ele a fazê-lo mexer, sem teias e sem adesivo, sente-se desiludido e traído e perde o entusiasmo ao fim da segunda hora, preparando os pulmões para os bonecos de bakugan na próxima vez.
Está-se cada vez mais a fabricar zombies, pessoas descerebradas que exigem que toda a gente sejam como elas, praticando as mesmas modas e modismos, consumindo as mesmas porcarias, não vingando a utilidade nem mesmo a qualidade, apenas para satisfazer a vontade de poder usar a mesma coisa que o vizinho, porque apareceu na TV e isso significa que é um must (ainda se usa esta expressão?).
Espero que a TV digital venha a permitir que se veja a TV sem ver a publicidade, embora duvide dessa hipótese (se até para ver o youtube agora temos de levar com ela) ou então a pessoa vai ter de pagar uma bela soma para se ver livre dessa maleita. Eu deixei de gostar de ver a TV com o meu sobrinho porque a todas a publicidades ele diz: tio, compras-me isto? E dizer muitos nãos a essa pergunta deixa-me com uma sensação desgostante. O meu apelo é: Por favor, protejam dessa exploração as crianças!