31 de dezembro de 2011

DICAS E TRUQUES DE SKETCHUP - Lição 1

MODELAR TERRENO

Bem, não pretendo escrever um manual, ou um tutorial que assim mereça ser chamado, só quero dar umas dicas, entretanto, mesmo para fazer isso, “dar um simples dica”, há que escolher uma metodologia, e eu não estou bem certo de que a que vou usar seja correcta. Mas como não posso fazer vídeos, vou ter que utilizar “print screens” para ilustrar as dicas.

Outro problema é: como devo começar? As dicas são para quem já sabe usar Sketchup ou para quem queira começar a aprender?
Bom, vou fazer de conta que pelo menos o mínimo já é conhecido, pois as ferramentas mais comuns do Sketchup são muito intuitivas. Posto isto, vou avançar.

A modelação do terreno é uma matéria que irrita a muita gente, mas o sandbox do SU7 (e agora SU8) permite uma fácil modelação do terreno, mas depois quer-se marcar o jardim, a estrada, o terreno baldio, etc, e não dá, porque a superfície é a mesma, e as ferramentas usuais do SU não fazem marcação numa superfície não complanar. E é isso que dá dores de cabeça. Aqui vai uns dois truques para dar a volta à situação.


Imaginem que temos a seguinte situação (pode-se fazer o download deste ficheiro DWG aqui, para exercício):


E queremos modelar no SU. Para quem usa SU7 convém salvar o ficheiro DWG em versão 2004 (não tenho a certeza se não importa 2007, porque eu salvo sempre em 2004), para quem usa SU8, não tem problema salvar em versão 2010.


1º passo
Importar o ficheiro com as curvas de nível do autocad (file>import;). Nos sítios marcados a vermelho na figura, tipo do ficheiro, seleccionar DWG, e nas opções seleccionar “METRO” para não alterar a escalar.



2º passo
Clicar com o botão direito em cima do desenho e explodir. Abrir a janela dos layers e congelar todos os outros, deixando visível apenas as curvas de nível.



3º passo
Seleccionar as curvas de nível, para se isolar dos restantes layeres, cortar e colar no local (edit>paste in place)  e criar grupo.
Obs: para editar qualquer grupo, tem que se clicar duas vezes nele.

4º passo
Modela o terreno.
Para preencher tudo facilmente, usar a ferramenta rectângulo e criar um rectângulo sobre o desenho. Depois é só criar elevações. Quando aplicamos a ferramenta puxa-empurra, ao darmos um valor à extrusão, só temos de clicar duas vezes na superfície seguinte para ela se elevar com o mesmo valor.



Ficamos com o terreno assim, escadeado.
Para um terreno de verdade, sem escadas, vamos fazer o seguinte.
Copiar este grupo, clicar com o botão direito sobre ele e clicar hide para o esconder. A seguir colamos no local com a ferramente paste in place no menu edit.

5º passo
Activar o barra da ferramente sandbox.View>toolbar>sandbox.Seleccionar o desenho e clicar no primeiro ícone do sandbox.



A superfície do terreno é criada como um grupo. Seleccionar o terreno escadeado e apagar.
Obs. 1: clicando 2 vezes num objecto a editar, selecciona-se a face. Clicando três vezes, selecciona-se o objecto todo.
Obs. 2: Se as linhas da curva de nível estiverem com as cotas atribuídas, é muito mais fácil fazer o terreno, selecciona-se apenas as linhas e aplica-se o mesmo ícone para ter o terreno feito.




6º passo
Esconder o layer da curva de nível e activar os restantes layeres.
Depois de preenchidas as faces, copiar também este grupo, esconder, clicando com o botão direito e hide, e colar no local.


A seguir, procede-se à elevação das faces. Temos de atribuir um valor superior ao ponto mais alto do terreno. O terreno tem uns 15m de cota, vamos elevar as faces uns 20 metros ou mais, não importa.


Por motivos de renderização convém que as faces todas sejam brancas, porque a face cinza por vezes não é visível pelo renderizador.

7º passo
Activar todos os layeres. Seleccionar o grupo do terreno e o outro grupo e explodir com o obtão direito.
Depois de explodidos, seleccionar tudo de novo, com o botão direito, clicar no intersect>selected.


Isto demora o seu tempo no SU7, menos no SU8, mas leva o seu tempo na mesma, e quanto mais volumes a interceptar mais tempo leva. Por vezes tem que se efectuar o procedimento duas vezes, para assumir todas as intercepções. Após a conclusão, apagar as partes que não interessam, deixando apenas o terreno.




8º passo
Mostrar os grupos escondidos, view>unhide>all. Seleccionar o grupo de edifícios apagar os restantes elementos e proceder à elevação do edifício com a sua cota específica. Aqui usei valores aleatórios.


9º passo
Da mesma maneira que antes, explodir os grupos e usar a ferramenta de intercepção, e depois apagar as partes não necessárias.


10º passo
Aplicar os materias e renderizar.


E uns renders bem básicos para acompanhar a peça.



29 de dezembro de 2011

PERDIDO (poema)

Por vezes encontros casuais e fortuitos podem resultar em algo ou em nada, neste caso resultou neste poema de duas quadras, onde se procurou sintonia e afinidade. Pode não ser nenhuma obra-de-arte, pode mesmo não ser arte, mas ao menos é um suspirar:


Perdido em remoinhos e desencontrados espirais
Procurando por portas invisíveis de afeição
Iludindo-se por sonhos de algum dia escapar
Perde-se a voz quando nem o eco responde


E só sentado na orla dum penhasco
Ouve o céu que lhe manda a ilusão
De estar sentado naquela nuvem de ouro
A espera do seu amor azul em solidão

25 de dezembro de 2011

EXPOSIÇÃO - UTILITAS INTERRUPTA (museu da água)


A primeira coisa que me chegou à cabeça quando adentrei o Museu da Água para ver a exposição Utilitas Interrupta foi: De facto não brincamos quando o negócio é sujar o planeta.

Como me foi explicado pela guia, a exposição trata-se de obras arquitectónicas e de engenharia abandonadas e hoje sem uso; algumas delas abandonadas antes mesmo de começarem a ser usadas, a outras, no entanto, aconteceu, a determinada altura, ao tentar alterar-lhe o “uso”, o projecto acabou abandonado.

«Esta exposição investiga dezassete case studies recolhidos transversalmente em vários ponto no tempo e no espaço. A infra-estrutura tornada obsoleta pela pressão inexorável do progresso tecnológico; a infra-estrutura da paranóia da vaidade, sem propósito excepto enquanto prova da sua própria existência; a infra-estrutura falida dos ideais dignos e das intenções por cumprir; a infra-estrutura frustrada pelo infortúnio e pela catástrofe, deixada em lenta decomposição; a infra-estrutura do absurdo, do cómico e do trágico – histórias de actos em que cura é assumidamente pior que a doença. Se a paisagem é o teatro onde se encena a epopeia da história, estas cicatrizes infra-estruturais são uma eloquente recordação de que a história tal como a conhecemos e apenas um dos inúmeros – e igualmente plausíveis – guiões possíveis.», palavras de Joseph Grima, Curador da exposição.

Eu não diria que todas as obras apresentadas na exposição são falidas de ideais, porque há ali algumas que chamam atenção tanto pela imponência como pela estética e pela forma, entretanto concordo que todas sejam cicatrizes e marcas da “insustentabilidade” humana. Vi, como já tinha referido, sobre obras arquitectónicas e obras de engenharia que ferem a paisagem, no entanto, não vi, e acho que era também interessante, obras que sujam até mesmo o espaço sideral, tais como satélites abandonados no espaço.

A nossa vontade de construir só é comparável à de destruir, e, pelo que parece, não conseguimos construir coisas bonitas sem deixar outras tantas feias por perto. E a estratégia da exposição exemplifica essa ideia muito bem. No Museu da Água, onde a exposição é mais audiovisual e projectada na tela, temos dos dois lados da tela principal, duas outras, uma à esquerda e outra à direita, que projectam uma paisagem árida e uma paisagem “molhada”, ambas as paisagens, porém, naturais. E na tela principal, vemos a alteração da paisagem feita pelo homem.

Tanto a forma da exposição, como a sua ideia manifestam que tudo o que construímos pode ser recuperado, aliás, os museus servem mesmo para recuperar o “passado” e não deixá-lo como um pedaço de lixo que macula o “presente”.

E outra coisa em que pensei durante a visita foi em como o Ocidente, pela sua influência económica, dita o que deve ser construído e o que não deve; digo isto referindo aos hotéis no médio-oriente que começaram a ser construídos e que depois foram abandonados porque ficaram sem potencial turístico devido a zonas onde se encontravam. E também vemos muitas infra-estruturas abandonadas porque o seu perfil económico alterou-se e não tinham mais esse potencial. Ou seja, é, principalmente, a economia que cria o lixo paisagístico, e a arquitectura está entre um dos maiores criadores de lixo no planeta.



P.S.: A exposição já acabou.

15 de dezembro de 2011

JUDAS, O OBSCURO - Thomas Hardy (1895) - um orgulho da literatura


Thomas Hardy, que é não é de quem vou aqui falar, é provavelmente mais conhecido por Tess de d’Ubervilles, um livro que, há muitos anos já, tentei ler, mas não me despertou muito interesse e acabei por abandonar (sim, sempre tive dificuldade em ler prosas muito descritivas que por vezes beiram a técnico, mas isso é outra história), porém Judas, O Obscuro poderia até ser o seu livro mais icónico. 

Judas… é uma tragédia, uma história de amor cativante e perturbante por parecer vívido e real. Eu costumo aconselhar àqueles a quem recomendo o livro que, a dois terços do fim, cessem a leitura, a não ser que gostem de levar com murros no estômago.
As mais clássicas tragédias, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Píramo e Tisbe, tiveram o seu final resultante de um erro, de um desencontro, e isso faz com que Judas… se destaque grandemente nesta categoria porque resulta de uma deliberação.

Judas… não é um livro que acaba logo depois de fechar as capa, principalmente porque a última frase é tão ou mais perturbadora que o livro todo (considerada depois de toda a leitura, é claro).

Porém, Judas… tem uma fraqueza: o início, um tanto morno e que não prende logo a atenção. No entanto, lá pelo segundo capítulo, só queremos chegar as últimas páginas, e quando estamos perto delas desejamos estar no meio do livro, não queremos nunca que acabe, tal é o embalo. E mesmo o teor descritivo do livro, as paisagens, a arquitectura, a cidade, que a mim me chateia imenso, torna-se delicioso. As análises psicológicas dos personagens, a sua descrição e tridimensionalidade são outros pontos forte dos livros.

A história de Judas…, já agora, é sobre um rapaz chamado Judas, que deseja ser maior do que o sítio onde nasceu, porém, muito ingénuo acabou em laços que não desejava, e que depois encontra a libertação na sua prima, outra pessoa que, tal como ele, tem grandes aspirações.

Judas, O Obscuro, foi o livro mais fascinante que eu li em 2006 (quando escrevi estas notas), aliás, até uma amiga minha, devoradora insaciável de Nicholas Sparks confessou-me, depois de lhe ter emprestado o livro que nunca tinha lido igual.

Eu sei que para o, provavelmente, melhor livro que já li, no seu género e mesmo fora dele, este post não é brilhante e falta-lhe entusiasmo, no entanto, isso não me impede de garantir: Judas, O Obscuro é uma obra-prima, uma leitura obrigatória.

4 de dezembro de 2011

PSYCH, S06E05 – Dead Man's Curveball (review)

E então Mel disse: Estou velho demais para esta merda.

Assim fora do contexto a frase não tem piada alguma, mas quando se sabe que Mel foi representado por Danny Glover, e que o nome é uma piada com Mel Gibson, com quem representou Murtaugh e Riggs, respectivamente, na série Arma Mortífera, e a frase foi dita na Arma Mortífera 4 antes de levarem os dois um enxerto de Jet Li, percebe-se a sua graça.

Mel é um treinador de basebol que Shawn conheceu desde criança e o contrata para investigar um suposto assassinato, o que foi a linha principal do episódio.

Entretanto, a primeira metade deste episódio foi uma seca, salvo um ou dois momentos, com Shawn (James Roday) nas suas ridicularices sem sentido que depois de mais de cinquenta episódios perde o encanto, apesar de acharmos nada natural quando ele não se mete ao ridículo. Por exemplo, aquela discussão no início que teve com o seu pai, Henry (Corbin Bernsen), foi um tanto novo, eu sei que eles discutem mas não desta forma, no entanto... bem, de qualquer forma sabemos que Shawn é o filho do seu pai, e a rivalidade entre os dois por causa do basebol de tão irrisório tornou-se engraçado.

Este aqui foi uma espécie de repetição de um dos episódio de uma das temporadas anteriores onde Shawn se infiltrara numa equipa de futebol americano, e talvez por essa razão que até ter começado a ganhar independência, lá para o meio, não teve nenhuma graça, pelo menos para mim.

Se num dos episódios anteriores tivemos Gus (Dulé Hill) drogado, aqui foi a vez de Shawn, não foi tão engraçado quanto Gus, mas não deixou de o ser.

Gus: Por que estás a fitar a minha orelha?

Shawn: Não sei, mas não consigo parar de olhar.

Gus: Por que estás a falar tão rápido?

Shawn: Por que estás a ouvir devagar?

Uma coisa que não entendi foi Henry depois disso ter dito que um amigo seu analisou a água que tinha drogado Shawn, quando a esquadra tem o seu próprio laboratório e em muitos episódios quem analisa essas coisas é o Woody (Kurt Fuller), será que se esqueceram disso ou simplesmente esqueceram-se disso? E Woody está a ganhar cada vez mais a minha simpatia, e aquele paralelo ridículo que fez entre uma melancia e a cabeça humana só porque a primeira contem vitaminas que o cérebro precisa, ou quando pediu por um voluntário para testar a teoria do taco de basebol estiveram mesmo à altura.

Shawn a revelar acidentalmente que praticamente toda a equipa do basebol dormia com a mulher de um deles, ou como a câmara focava nos olhos do mascote enquanto procurava informações ou a dar as boas e as más notícias a Gus, e este a convencer o assassino para não atirar nele, prometendo levá-lo à pessoa certo foram outros dos momentos hilariantes deste episódio. Ah, e esqueci de mencionar Gus vestido de mascote.

Como dissera, este não foi no começo um grande episódio, mas lá para o meio teve uma boa concentração de piadas que acabou por fazer esquecer o início morno. E, ah!, parece que voltamos outra vez às doses de Young Shawn.