Parafraseando não me lembro quem: um bom casamento constrói-se na cama.
Afinal, não só o casamento se constrói na cama, a amizade também pode seguir por essa via. Foi agradável ver os três mosqueteiros, ou os três parolos, a conversarem sobre os seus altos e baixos diários antes de dormir. É uma boa terapia e acredito mesmo que, num casamento, isso pode ser muito importante.
Sabemos que os três amigos são todos solteiros, ou melhor, dois solteiros e meio, mas a sua amizade é mais comparável a um casamento do que a relação entre Ray (Zach Galifianakis) e Leah (Heather Burns), porque parece que estão sempre prontos para ajudar um ao outro… ok!, está bem, vamos esquecer o facto de Ray preferir deixar Jonathan (Jason Schwartzman) pendurado durante uma hora em risco de vida para fazer sexo anal com Leah, o que, consequentemente, pode destruir a minha teoria.
O episódio não teve a intensidade emocional do anterior, entretanto teve belos momentos cómicos, e, praticamente, todos à custa de George. Ok!, não há como negar que Jonathan e Ray nem precisam de falar para ter piada, são bons em humor físico, George, que também é competente nessa área, ou seja, o melhor, ganhou o episódio, com a sua história paranóica de perseguição.
A trama com a loira, bem, eu esperava que se desenvolvesse mais e se estendesse talvez até o final da temporada. Jonathan como fugitivo parecia-me bastante promissor, mas, bem, foi divertido os minutos que durou, acho que os argumentistas não queriam tramas mais complexas e por isso tudo foi resolvido em dois tempos e meio numa linha tão barata e simples, o que por vezes irrita, mas não é nenhuma surpresa, considerando que em questões de linearidade ”Bored To Death” só perde por uma linha recta.
A história começou uma hora depois do anterior, com Jonathan pendurado no relógio, o que me deixou a pensar como é que o gajo continuou exactamente no mesmo sítio e não foi parar no centro da roda quando bateu as 11:00, visto que o ponteiro nesse instante estaria na vertical e ele deslizaria facilmente. Mas não importa, nem importa que Ray tenha saído do carro, subido as escadas, falado com os inquilinos, sem ter passado um único minuto, porque tudo isto são apenas apontamentos, considerando que a série não prima pelo realismo, fazendo com que apontar essas falhas é como procurar erros no filme “Scray Movie”, pois acaba-se por não saber se estão lá pela desatenção dos argumentistas ou do realizador ou se têm de estar lá para a história conseguir o que quer.
Apesar do foco ter sido o limpar do nome de Jonathan ainda tivemos vários momentos para abordar a questão da paternidade que, agora é definitivo, é mesmo a linha principal desta temporada; Jonatham que descobriu que o seu pai não é o seu pai, George que não sabe lidar com o facto da sua filha querer casar com alguém da sua idade, e Ray todo emocionado com o facto de ter Spencer na sua vida, um pequeno e verdadeiro Little Ray que ele poderá influenciar (o que sinceramente espero que não aconteça).
“Bored To Death”, aqui, não aqueceu, mas arrefeceu depois de uma introdução bastante apetecível, mas no quesito da comédia, que é o mote da série, esteve bem, o que me leva a questionar: porque será que mesmo as séries de comédia precisam de drama para serem mais interessantes? Será que é porque se não fosse dessa forma seriam iguais a um “stand-up comedy” ou a amarrados de sketches com piada, como os filmes de Álvaro Vitali?
Howard (para Ray): Eu consigo um uniforme de piloto gordo em 20 minutos.
Ray: Eu quero um uniforme. Não é para ti.
Ray: Eu quero um uniforme. Não é para ti.