25 de dezembro de 2010

SÓCIO PERFEITO, O, 1996 (The Associate)

Whoopi Goldberg, aquela mulher, já oscarizada, que já foi um ícone de comédia, provavelmente a preta e a judia mais conhecida nesse ramo de Hollyood durante os anos 90. Hoje não ouço muito falar dela e só tem eentrado em filmes menores (quer dizer, com pouca relevância publicitária), ou em animações, actuando apenas com a voz. Ela era boa no que fazia e era cativante, mesmo quando fazia o mesmo papel em diferentes filmes.

Mas não quero falar de Whoopi, mas sim de O Sócio Perfeito, um filme onde ela participou com Diane Wiest (uma outra actriz que admiro). O Sócio é uma daquelas comédias que não te mata à gargalhada, mas que diverte e que vale o tempo de visualização. Não, não é nenhuma obra prima, e tem tantos lugares comuns como os filmes do género, porém o tema é bastante interessante.


Fazendo uma sinopse: Uma gestora económica é lixada pelo seu subordinante directo que lhe tira todos os louros e acaba despedida. Apesar de muito inteligente e de conhecer os meandros daquele mundo não consegue destacar por um motivo: por ser mulher. O que estou a dizer? Por dois motivos: por ser mulher e, ainda por cima, ser negra. Então ela cria um plano que é inventar um HOMEM BRANCO e fazer-se sócio dele. O resto já sabem, se não viram este filme, devem tê-lo visto em algum outro filme.

Pois bem, o filme é uma forte sátira à sociedade masculinizada e conservadora do mundo de negócios, e uma bela crítica. (Cuidado com spoilers). O filme é todo ele de mulheres, embora os homens apareçam em grande número, mas percebe-se bem que tirando um (o antagonista, que encarna a mundo masculinizado), os restante são só engrenagens para a história avançar.

Temos a protagonista, que já apresentamos. Depois ela tem uma secretária (Diane Weist), tímida e com um ar de parva, mas muito eficiente e inteligente, em quem vemos que a imagem engana e que a falta de oportunidades pode vergar os espíritos (eu disse vergar, porque ninguém liga aos tímidos, preferimos antes os atrevidos e aparentemente desembaraçados, como a protagonista, pois os primeiros parecem passivos).

Temos ainda uma outra mulher, muito inteligente, o que se percebe nos seus diálogos, que não cede, como a secretária, à falta de oportunidades naquele meio, e usa a única arma que acha que tem, a sua beleza para seduzir os homens que triunfam, tornando-se assim numa groupie de luxo.

Ainda temos uma outra mulher, uma repórter (com pouco destaque é claro), que trata do mundo de negócio e detém um grande poder, o poder da média,  mas que se foca mais nos homens, porque mulheres não pertencem às páginas da sua revista.

Ainda temos um travesti a servir de meio termo entre os dois mundo, pois é através dele que tudo se resolve.

A cena final, num clube cujo o salão nunca foi pisado por uma mulher (imagino que não usam "empregadas" de limpeza), vemos todo o preconceito que o filme quer mostrar, as mesas estão todas a ser servidas por empregados negros, o que a câmara trata de destacar, as mulheres, repórteres ou groupies, estão todas fora do salão (isto é redundante).


Ah, quase que me esquecia, ainda temos uma cena onde durante a criação do HOMEM BRANCO pela protagonista, ela lhe quis arranjar acessórios e pensou numa esposa para ele, porque era um acessório necessário, o que resolveu depois não fazer, porque ele estava à procura do AMOR VERDADEIRO que em 67 anos nunca chegou a encontrar, isto, por outras palavras queria dizer, sendo aquele meio como é, é mais provável que os casamentos se realizem por interesse do que por amor.

Não quero dizer que o mundo de negócios, aquele representado no filme, não presta, embora eu não acredite que valha a pena ter mais dinheiro aquele que poderei gastar, mas isso é o que acredito, pois ainda continuo à procura de conhecimentos que nunca poderei usar, ou seja, não sou diferente deles, apenas os objectos de procura são diferentes. Enfim...

O filme é divertido e real, embora pouco realista devido a certas cenas e situações, mas quem quer saber disso? Eu o aconselho senão como uma boa hora de divertimento, pelo menos como motivo para pensar como é injusta a nossa sociedade.


O filme tem já 14 anos, mas será que as coisas mudaram? Duvido, ainda ontem vi n'Os Simpsons (E03S18), de 2006, um episódio com Marge a fazer óptimos trabalhos e o Hommer a levar os louros, porque ninguém queria contratá-la por ser mulher.  
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