2 de junho de 2010

VENDETTA

Sempre faço tenção de repetir que não sou insensível. E posso até dizer que sou um tipo xyx, embora “x” não signifique necessariamente sensibilidade, pois conheço mulheres que fariam Hitler dar à retaguarda. E para provar que não sou insensível, apresento aqui este vídeo.





Não acham que isso é de indignar? Não acham que o touro devia dar mais chifradas no desgraçado para se vingar?

Eu não amo os animais ao ponto de os não comer, aliás nem sequer sei se os amo, quando criança era bom em operar bichos: sapos e lagartixas, e sem anestesia, deixem-me salientar, e nem sei dizer se naquela altura estava a formar-me para um futuro psicopata ou se queria ser médico. Mas isso era ontem, hoje não entendo que uma multidão vá encher um estádio, sem contar com a cobertura televisiva, para aplaudir um sádico a espetar um bicho. E por isso mesmo penso que se liberarem de novo o circo romano na televisão seria o programa mais visto de sempre.

Não são apenas os toureiros os cruéis, é principalmente a massa que consome este tipo de espectáculo, o toureiro, se calhar está divido entre ganhar dinheiro ou matar uns animais, tal como um carniceiro, mas como a ética não é tão apurada ao ponto de incluir os animais não pensantes logo praticamente deixa de haver dilema.

Para dizer a verdade causa muita impressão o vídeo, aliás vi a notícia primeiro num jornal e tive de voltar a cara ao ver a foto pela primeira vez (isto é para provar que não sou insensível), senti pena do desgraçado, mas quando li a causa do acidente fiquei dividido entre pena e rejubilo. Só lamentei que o touro não tivesse subido a bancada para marrar naquela multidão.

E já, para fechar este post, faço um apelo aos kamikazes de qualquer facção, política ou religiosa, desde a ETA aos Talibãs: por favor, meus estúpidos e odientos senhores suicidas, quando quiserem arrebentar, evitem os templos de consumos, evitem os templos de sabedoria (ou formatação), evitem parques infantis, na verdade, evitem explodir… mas se não puderem evitar… vão explodir para as touradas.

FUTEBOLITE: NÃO SERÁ DOENÇA?

Numa crónica de João Malheiro, Hora Bolas, públicada no Destak de 24 de Maio, ele escrevia todo indignado sobre jornalistas mais novos que não conhecem jogadores que participaram na história futebolística, sem ter em conta que esses, por serem como os chamou, novos, podiam não prestar atenção à Santana que, por acaso, morreu “há vintena de anos”. Acho que nem sequer se lembrou que na faculdade de jornalismo não se ensina a história de futebol e na faculdade história idem. Mas isto sou eu a fazer de advogado do diabo.

Provavelmente lá o senhor tem alguma razão ao dizer que os jornalistas de futebol deviam saber sobre a história de futebol, entretanto, quando ele assina a crónica com o título AMNÉSIA SOCIAL, torna-se irrisório, para não dizer preocupante.

Lá porque o espectáculo de futebol é todo ele coberto pela média significa que ele deva ser regalado para o plano essencial? Quer dizer, não saber de futebol é agora um mal social? Compreendo que a futebolite ataque a maior parte dos cérebros, inclusive de muitos supostamente ilustrados, podendo aqui dar exemplos de, pelos menos dois, professores universitários que faltam às aulas para ir ver benfica-sporting.

Não sei se a ignorância do futebol é positiva, visto que ele faz parte do nosso quotidiano, mas tenho a certeza que não conhecer os jogadores ou a sua história não é nenhum mal, e sei que não ser apanhado de futebolite é ainda menos mal, pelo que assim digo que o mal social não é a sua ignorância, mas ele próprio.

Ontem era pão e circo, hoje café e futebol. O país pode ir às urtigas, pode haver sombras de uma iminente guerra mundial, pode ninguém saber o que é a OPA, ou quem dirige o país, mas não saber quem anda o Cristiano Ronaldo a comer é uma afronta social.


Acho que o senhor Malheiro ficaria menos indignado se o jornalista lhe dissesse que o Big Brother foi escrito em 1984 por um apresentador de televisão.