18 de maio de 2009

PENSAMENTOS INEXACTOS


Por exemplo, quem sabe se Homero, quando escrevia Ilíada e Odisseia, acreditava que escrevia verdades sob a direcção de uma inspiração divina, como os autores da Bíblia, ou então que escrevia apenas um romance, quando Hesíodo afirmava que também as musas mentem? Quem sabe se foram os homens que depois acharam que Homero escrevera verdades? Ou as verdadeiras verdades por ele escritas é que depois foram mitificadas? Homero escreveu do seu cérebro ou transpôs para o papel o que os outros diziam?


A razão ou a emoção? A cabeça ou o coração? Devemos aceitar fervorosamente todas as verdades porque há como prova quase uma população mundial que as aceita, ou devemos pensar nelas e rejeitá-las se assim dever ser?, eis a questão.




SOMOS LIVRES OU PRISIONEIROS
A sociedade concede o desejo de ser especial, e somos simples seres seduzidos pelo sucesso social, e sem sequer sabermos forçosos somos sugados, para os sebosos centros devassos, de viscosos sonhos escassos, e vistosos saberes esparsos e conceitos sujos de sermos os sujeitos cujos preceitos serão o centro desta sociedade selvagem.
Conceituosamente, a essência de saber ser um ser saudável sempre será a séria preocupação assente no nosso senso. Tenso, penso que simplesmente é difícil ser o ser social que o nosso cérebro sempre sonha, e saber sentir o sabor que suaviza a seriedade de sermos servos submissos de sádicos conceitos sociais, de segregações raciais, de seleções faciais, separações em espécies físicas: em secos e obesos e altos e baixos, e fortes e fracos e formosos e feios e fiéis e falsos e fixe e fakes… mas no fundo fomos fodidos.
Separamo-nos em espécies, classificadas em sortes diversas, e sempre ansiosos singramos na diferença, e suspeitamos da semelhança. E somos assim separados do saber que concede na existência o sabor da saúde cerebral, independência e sossego social.
E eu sempre indeciso sobre o que é preciso, sabendo que o nosso consórcio solicita muito siso e pouco riso, e eu não friso a causa disso. Eu penso que se deve ser o que se é, não o que sociedade quer que se seja. Eu seria o que sou, não o que penso que eu sou, nem o que querem que seja, mas saberia separar as superfícies e balizas, e conhecer quais as minhas, e quais são proibidas, pois o sarilho com estrilho sempre surge quando se turge a circunscrição. quem são? Quem somos? Quem és? Quem sou?
Sou eu um ser feito, sou um ser perfeito, sim, eu sou perfeito… perfeitamente imperfeito! Sou feito de defeitos, de preceitos, de conceitos que enfeito a jeito de respeito em proveitos escorreitos, pois o leito do meu peito é atreito a preconceitos, que rejeito ou aceito, criados por mim, dados a mim, guardados aqui, compostos e dispostos em postos e repostos e proposto como supostos impostos, e aposto que é o que põe este gosto tosto no meu rosto. Serei um monstro?
Há em mim séries de assonâncias, de consonâncias, de dissonâncias, de ressonâncias, muitas ânsias, e sem fragrâncias, essa dança já me cansa. Com esperança na mudança, sem confiança, de forma mansa nesta balança, o querer ser avança, mas não se entrança nem alcança o que o ser é.
Mas é preciso fugir de pontas, descer, subir, ficar no meio, meditar, pois o mundo está mal, preparar novas formas de viver, computar o mal das sociedades, reparar o ideais entortados, separar o essencial dos acessórios, amparar AS vontades de utopias – quando promovem diferenças – disparar sonhos contra o mal, decidir com escolhas altruístas para presidir a uma boa vida para todos.
A vida reside no espectro. O que é o mundo senão um ícone de sombras? São só sombras que trespassam o nosso sonho e dá-nos a impressão de termos escapado da caverna de Platão.
Eu sei que muitos não me vão entender e vão querer julgar-me.
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