lembram-se daquela história do homem que emparedou a sua mulher para servir de sacrifício ao sucesso da construção de uma igreja? Pois bem, não é esta a história, porém de qualquer forma tem a ver com a lição principal deste episódio de “The Fades”: Homens desesperados fazem coisas desesperadas. Primeiro começou com Mark (Tom Ellis) a perder a cabeça tentando ser ouvido pelo pai de Mac (Daniel Kaluuya), o inspector Armstrong (Robbie Gee), e este lhe disse a frase em tom condescendente, entretanto a segunda vez que a frase é dita, o inspector estava a falar para si mesmo. Ainda tivemos Paul (Iain De Caestecker) a coser a boca da irmã, Anna (Lily Loveless), sei lá se por desespero, se por irritação, e Neil (Johnny Harris), que nos episódios anteriores se mostrava de uma maneira paternalista com a fade Natalie (Jenn Murray), aqui a dizer que já não vai haver piedade na retaliação e preparando-se para torturá-la.Outro ponto alto do episódio foi a reconsideração de Neil em falar com Mark, a pedido de Sarah (Natalie Dormer), dando numa de “Ghost Whisperer”, após ter-se sentido às portas da morte. Mostrou aquela vontade extrema de uma segunda chance que sentimos quando o caldo entorna, e quão solidários nos tornamos quando estamos atracados ao desespero, principalmente porque queremos que sejam connosco solidários também. Gostei desta vertente de “o desesperado toma atitudes desesperadas” que foi explorado em diversas situações durante o episódio, com profunda ou superficial intensidade, mas de um modo geral o episódio foi bem morno, e em certas partes parecendo feita de retalhos e pouco coeso. E também gostei da conversa entre Helen (Daniela Nardini) e Neil e do conceito defendido por ela sobre não ser o conhecimento que destruiu o Éden, mas a dúvida.
Outra coisa que estranha foi a rápida aceitação de Paul pela Jay (Sophie Wu) ou mesmo pela Anna, depois daquela manifestação de poder. Acredito que num contexto mais normal um pouco de repulsão seria bastante natural, mas eu sei lá. E acho que estamos cada vez mais perto de saber por que Anna trata mal o irmão, considerando a preocupação que mostrou no hospital e as palavras que tinha trocado com a mãe em como esta não se preocupa com ela. Provavelmente acabaremos por ver que quem lida mal com o afastamento do pai é ela e não o Paul. O que funcionou ainda menos no episódio foi aquele melodrama de Mac, embora o pedido de desculpas de Paul fosse muito querido, happy birth-yester-day. A cena da metamorfose do Fade’s Chief (Joe Dempsie – Chris de Skins) também não foi nada impressionante, porque de novidade não tinha nada. E também não percebo por que carga d’água Melanie anda desde o primeiro episódio a perseguir Paul (será que sabia sobre o especial que ele é para ficar assim tão obcecada por ele, ou será que vão dizer que está apaixonada por ele ao ponto de querer matá-lo para ficarem juntos?)?
No episódio anterior, da forma como tinha acabado, julguei que Helen tinha outros propósitos, e vi-me redondamente enganado, e… gostei disso; tal como gostei que durante a cena de sexo entre Jay e Paul me fizessem querer ver como seria a reacção dela se as asas de Paul de repente aparecessem, e não mostram essa parte, ficando apenas pela sugestão.
Este episódio foi bastante fraco, sem muita piada, com demasiadas sugestões (umas funcionam outras não), e, embora rápido, com um ritmo narrativo um tanto incoerente. Acredito que o próximo vai ser melhor. E também não me admirava nada se visse Sarah a mudar de lado, ficando com os Fades para ganhar carne e poder estar com Mark. Eu, no lugar dela, talvez o fizesse.