Parafraseando Jean Giono: A juventude é a paixão pelo inútil.
Parece que os três mosqueteiros de “Bored To Death” concordam com a frase e tentam vivê-la ao extremo.
Parece que os três mosqueteiros de “Bored To Death” concordam com a frase e tentam vivê-la ao extremo.
Jonathan, Ray e George têm apenas uma coisa e meia em comum têm apenas uma coisa e meia em comum: gostam de ficar pedrados, não querem crescer e lidar com os efeitos dessa causa (mais agravado no caso de Ray) e todos eles são escritores. Tirando isso, têm personalidades bem diferentes, embora por vezes se projectem um no outro e seja um tanto difícil peneirar as suas diferenças. Todavia esta apresentação é para quem não conhece os personagens.
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A premissa de “Bored To Death” é de Jonathan ser um detective, mas, convenhamos, embora resolva os seus casos, o que é um grande mistério (como diz um promo da série) a série não prima por lances detectivescos, aliás, brinca com eles, fazendo de Jonathan o pior detective do mundo. Eu vejo a série com uma espécie de “What If” – os personagens foram caracterizados psicologicamente e são expostos a determinadas situações, quase todas caricatas, e têm de lidar com elas sem trair a sua caracterização -, funcionando talvez como um ensaio de psicologia mas com muita comédia por dentro. E tem conseguido não se trair e permitir a evolução das personagens dentro da sua linha, fiéis a si mesmos, sem, no entanto, serem de todo previsíveis. Eis um dos maiores pontos da série.
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- Ray a ser pai, o que rendeu umas boas risadas, e o que, espero, poderá trazer grandes riquezas tanto para o personagem como para a série, aliás, acho que também Leha acha a mesma coisa, pois como felicitação até estava disposta a agraciar-lhe com uma entrada pelos fundos.
- George a ser pai, e que pai! Ele que anda atrás de qualquer rabo-de-saia e que se vangloria de ser jovem (60 é o novo 45), aqui a ressentir-se porque a filha quer casar com alguém da sua idade usando uma óptima justificação: É da minha filha que estou a falar. Pois é, pois!
- Jonathan acaba de descobrir que afinal o seu pai não o seu pai biológico e que afinal fora resultado de uma visita a um banco de esperma, e está visivelmente abalado. A conversa que teve com George sobre o assunto, ao mesmo tempo que enternecedor, teve a sua piada.
Outro aspecto a ser desenvolvido em paralelo com a questão da paternidade é o envolvimento de Jonathan num assassínio, uma linha para criar um clima “noir”, que, apesar do lugar-comum, acredito, dará muito sumo.
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Eu sinceramente não sei se vejo “Bored to Death” para rir ou apenas para me divertir com os personagens e a sua exploração psicológica, visto que foram bem elaborados. Então, descontando uns poucos maus timings, vou pontuar o episódio com uma nota digna de um regresso.
E… será que Jonathan está mesmo à espera que Ray vire Super-Ray ou é só do desespero?
George: Obrigado, Richard.
Stephen: É Stephen, Sr. Cristopher.
George: Não conheço nenhum Stephen.
Stephen: Não, é Jonathan.
George: Oh, desculpa… obrigado, Jonathan. (falando ao telefone) Alô, Stephen?
Eu compreenderei se um dia Stephen partir a cabeça ao George.