2 de agosto de 2010

ORIGEM, A, 2010 (Inception)

Não escrevo críticas de filmes, análises talvez, pois vejo-os, aos bons, com a atenção que uso quando leio um livro. O primeiro filme que analisei por escrito, e também o último, já agora, foi "O Sétimo Selo", um filme prenhe de significados e de uma largueza interpretativa incrível.

Vou escrever sobre Inception (A Origem) de Christopher Nolan (cuidado com spoilers). É um filme 10, não preciso dizer mais. Tem as suas falhas e algumas lacunas no argumento que não vou dizer agora por ser o meu trunfo contra os que acham o filme superperfeito. Uma das lacunas é resolvível com a leitura da banda desinhada publicada para promover o filme. Ok!

Os filmes que o filme me lembrou foram: Dreamscape, com Dennis Quaid, O Despertar da Mente, de Charlie Kaufman, Dark City, de Alex Proya, A Cela, com Jennifer Lopez, O Imaginarium do Dr. Parnassus, de Terry Gillian, e até mesmo o Freddy Kruegger de Wes Craven. Não é assim tão original, mas como sabiamente se diz: non nova, sed nove.


trailer


Bem. Escrevo isto porque vejo pessoas a discutirem sobre o final do filme, dizendo que está em aberto, o que eu duvido muito. (cuidado com spoileres). Só vi o filme uma vez, mas acredito que bastou para tirar as minhas dúvidas, e sendo assim jogo também para aqui a minha opinião.

A questão é se o personagem principal cujo o nome não me lembro viu ou não os filhos.

A resposta: não viu. Ele perdeu-se na sua mente. Dicas para perceber que não viu:

1. Quando ele fala com os filhos pelo telefone, eles estavam com a avó, e a voz da mais velha parecia de uma adolescente. Eu até cheguei a pensar que ele tivesse três filhos.

2. Quando pela primeira vez girou o pião, o pião manteve um eixo perfeito. Mas no final não. Porém o pião nessa altura já tinha perdido a sua magia de âncora à realidade, pois, quando ele aconselhou a arquitecta a fazer a sua âncora, ela não o deixou tocar nela, porque ia estragar-lhe a função. E o pião dele foi tocado pelo  menos por três outras pessoas, os dois capangas do japonês e o próprio japonês. Ou seja, o pião já não servia para a sua função quando ele o girou no fim.

3. O pai dele foi deixado em Paris, mas ele estava no aeroporto à sua espera. Ok! É certo que passou muito tempo desde que ele viu o pai em Paris e o quando voltou para a América, tempo usado para ir para Mombaça, para estudar uma das pessoas que queriam copiar, para preparar o golpe e tal, e o pai podia ter saído no decorrer disso. Mas se as crianças vivem com a avó não devia ter sido ela a levá-las ao aeroporto? Especulação: deu a ideia que a avó era a mãe da mulher dele e não a sua mãe, pois não parece que se fosse sua mãe teria sido tão fria com ele. Ainda nesta linha: ele não tinha a certeza da sua liberdade, porque mesmo no avião ainda estava a suplicar por ela, por isso, sem essa certeza acho que ele não quereria causar outro desgosto aos filhos, chamando-os para o aeroporto para eles o verem a ser preso, se tudo corresse mal.

4. O tempo que levaram a preparar o golpe significa que todos os golpes que eles praticam levam algum tempo a preparar e a consumar, e durante as conversas ao longo do filme percebe-se que ele deu muitos golpes depois de ter fugido dos EUA e que passou um belo tempo entre a morte da esposa e o último golpe, mas os seus filhos não tinham crescido nem um bocado. Não sei se notei bem, mas alguém que viu o filme mais recentemente deve ter notado, as crianças não mudaram de roupa.

5. Não me lembro de um final feliz num filme de Nolan. Nem de um final fechado, também devo dizer.
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