
Eu não sei como o homem realmente é dividido, mas colo-me a Platão e divido-me em dois: corpo (matéria) e mente (ideia). A ideia platónica seria a alma e ela seria imortal; no entanto, espero que Platão esteja enganado, pois se o Inferno existisse seria a alma imortal ou a mente que sobrevive ao corpo, ou seja, o homem estaria dividido em corpo e inferno.
Acho que nunca pensei realmente na divisão do meu “eu” quanto nos últimos dias. Quando comecei a dar conta que realmente a mente e o corpo são divisíveis e não apenas quando morremos.

Ultimamente tenho estado a despertar do sono e a não conseguir mexer-me, porque o corpo continua a dormir, e por mais que tente acalmar-me, acreditando que ele vai despertar também em breve, sou tomado de pânico, e nesses momento penso no que deve ser a morte. Como nesses momentos a mente e o corpo não se alinham, começo a alucinar e às vezes procuro reconstruir o ambiente, para perceber onde realmente estou e a minha exacta posição na cama, no sofá, seja lá onde for, e quando consigo isso, geralmente acordo, mas muitas vezes parece-me que estou em outro sítio ou tenho por perto pessoas que não estão lá, e então fico a migrar de alucinação para alucinação. Outro truque é forçar o movimento, depois de algumas tentativas frustrantes e frustradas que parecem sugar-me a toda a energia do corpo, lá consigo acordar-me.
Eu não tenho pesadelos convencionais, porque tenho sonho lúcido, mas aí também se encontra o problema, porque mal perceba que estou a dormir a mente sente que já não necessita da ilusão da "realidade dormida" e então desperta-se.
Lembro-me de ter lido sobre uma experiência em que isolavam estudantes, anulando-lhes os cinco sentidos, deixando-lhes apenas um botão para carregar em caso de pânico (acho que se chamava terapia de flutuação), e o único que se aguentou um dia inteiro quase teve um colapso nervo. Esses sabiam que estavam numa experiência e mesmo assim entravam em pânico, mas eu quando durmo e de repente me vejo acordado e sem corpo, penso (das últimas vezes já não penso muito, estou a acostumar-me já): será que morri?
Eu não tenho pesadelos convencionais, porque tenho sonho lúcido, mas aí também se encontra o problema, porque mal perceba que estou a dormir a mente sente que já não necessita da ilusão da "realidade dormida" e então desperta-se.
Lembro-me de ter lido sobre uma experiência em que isolavam estudantes, anulando-lhes os cinco sentidos, deixando-lhes apenas um botão para carregar em caso de pânico (acho que se chamava terapia de flutuação), e o único que se aguentou um dia inteiro quase teve um colapso nervo. Esses sabiam que estavam numa experiência e mesmo assim entravam em pânico, mas eu quando durmo e de repente me vejo acordado e sem corpo, penso (das últimas vezes já não penso muito, estou a acostumar-me já): será que morri?

Se o Inferno existisse, digo de novo, seria assim: estar com a mente a funcionar e com o corpo mudo – uma mente que durante toda a sua existência aprendeu a comandar o corpo, uma mente cuja existência é habitualmente assegurada pelo corpo, uma mente que se sente sem propósito sem o seu corpo para fazer o que deseja. Sim, é o Inferno, espero que quando o corpo morre nem a mente sobreviva. Pois, se agora fico com medo de dormir por ser recorrente este problema, o que o agrava ainda mais, nem imaginam o tamanho do medo que tenho de morrer e a minha mente sobreviver.