24 de junho de 2016

BREXIT - ADVENTO DE UMA CRISE OU REVOLUÇÃO EUROPEIA

Não preciso de avisar que este artigo é altamente especulativo.

Com o BREXIT aprovado, começa um efeito dominó que pode e, de certeza vai, ter um fim imprevisível (ou talvez tudo já tivesse sido planeado adequadamente). O imperialismo anglo-americano ganha assim novo fôlego (falta o Donald Trump ganhar no outro extremo para se relançar com renovado alento). A Libra cai, o Euro vai por arrasto, diminui-se o espaço comercial do Euro e a sua influência, o que vai fazer com o Dólar, que tem estado a perder a supremacia, volte a ganhar força e garantir a sua posição de moeda de tráfico internacional. Pontos para os EUA.

Entretanto, no referendo que tinha sido feito em 2014 sobre a saída da Escócia do Reino Unido, houve ameaças da UE de que se Escócia abandonasse o UK (Reino Unido), seria subsequentemente expulso da UE. Eles escolheram a permanência. Sentindo-se traídos agora, e considerando que a maioria votou a permanência na UE, podem agora decidir a sua saída do UK. Conseguindo isso, vão abrir um precedente que favorecerá grandemente a Catalunha e o País Basco. O que acentuará uma tendência de desintegração em toda a europa.

Se este BREXIT vier a revelar-se apenas como um jogo que o UK fez para chantagear a UE em troca de acordos mais favoráveis, será copiado por vários países, o que inevitavelmente levará a desintegração. Aliás, independentemente do que vier a revelar-se, outros países seguirão os passos do UK.

A desintegração da UE não parece ser má de todo, considerando a sua aparência atual.  A UE tem como o núcleo o capital, em vez de pessoas; subverte as vontades dos estados membros, anula a democracia desses países e governa-os com regras económicas só por ela mesma conhecidas. Quem manda na Europa são pessoas que não são votadas (DITADURA DO CAPITAL). E alguém já se esqueceu do que a UE fez à Grécia? Isso precisa mudar, é preciso alterar o núcleo da UE, e talvez este BREXIT leve a isso, a não ser que queiram deixar tudo nas mãos dos EUA novamente. 

Por isso, se se desintegrar a UE para se reconstruir, ou melhor, se se reconstruir para evitar a desintegração, será mais sólida. Mas enquanto continuar a dizer que a França não se pode sancionar por ser a França, mas Portugal é já sancionável, ou que a Grexit só é mau por causa da estratégia militar, mas o BREXIT é catastrófico, com esses dois pesos e duas medidas, continuará sempre a ser um gigante com pés de barro (pois são os povos que fazem os pés, são os povos que sustentam a política, religião, economia e tudo o mais).

O problema, todavia, é que se a UE se desestabilizar não vão ser apenas os EUA a tentarem rapiná-la, mas também a Rússia, que há muito tempo está a tentar alterar as balanças do poder e acabar com a hegemonia económica dos EUA e com a supremacia do FMI, pretendendo criar através dos BRICS, um novo núcleo de poder económico. Não que a UE ou os EUA estejam a dormir quanto a isso, porque operaram para desestabilizar tanto os BRICS como o MERCOSUL, com a Argentina nas mãos de Macri, o problema com que o Maduro tem lidar na Venezuela e o afastamento de Dilma no Brasil, entregando o poder nas mãos de direitistas pró-liberalismo-esclavagista-capitalista.

BRICS
No entanto, sendo a UE uma grande parceira dos EUA na luta contra a estabilidade da influência económica da Rússia, sob a égide do FMI, se se fragmentar a segunda, neste sistema canibal, como os EUA irão atrás dos despojos e a Rússia também, vamos ser levados a uma mais aberta nova Guerra Fria. Mas, se a UE se recuperar através de uma política menos orientada para o capital, e mais inclusiva, provavelmente sairá mais forte do que antes, pois caso contrário, vai receber um novo PLANO MARSHALL do qual vai levar outra centena de anos a tentar se livrar. Sem dizer que a sua aliança com a NATO, que só por si já é forte, solidificar-se-á ainda mais, deixando-a totalmente entregue nas mão dos senhores da Guerra (olá os EUA).


E nesta crise política e mundial que se avizinha, quem vai sair a ganhar é o FMI e o BM, porque são eles que impõem as sanções, pois são quem controlam o dinheiro, e os países, organizados ou não, vão sempre correr atrás de dinheiro, a não ser que a UE crie outra alternativa bancária, dela mesma e não submissa ao FMI, pois se os BRICS o conseguirem primeiro (e espero que consigam), a UE nunca conseguirá reerguer-se, caso vá abaixo, a não ser, talvez, com o poder militar da NATO.

Eu espero que este BREXIT se consolide numa revolução a favor da democracia e dos povos, e não se venha a verificar que é uma mera estratégia para a recuperação imperialista anglo-americana, como um contragolpe ao neo-imperialismo-germânico.