Eu sou tão emotivo que as
lágrimas e os meus olhos andam sempre de mãos dadas, e como a especialidade do
cinema indiano, pelo menos nos tempos em que eu era grande consumidor dos seus
filmes (qual praticamente 98% dos guineenses), é apelar a emoções fáceis e
enternecer para fazer chorar, não foi assim tão difícil verter lágrimas por
causa do filme.
Não tenho visto muito cinema indiano ultimamente, mas no Meu Nome é Khan (Khan, do epiglote) percebe-se bem a gramática de Bollywood impregnada. E não estou a falar mal, é um cinema diferente (embora cada vez mais americanizado), colorido e vivo, quando o argumento não peca, é claro. Mas, basta disso… vou falar do filme.
Não tenho visto muito cinema indiano ultimamente, mas no Meu Nome é Khan (Khan, do epiglote) percebe-se bem a gramática de Bollywood impregnada. E não estou a falar mal, é um cinema diferente (embora cada vez mais americanizado), colorido e vivo, quando o argumento não peca, é claro. Mas, basta disso… vou falar do filme.
Eis a sinopse: Khan é um
muçulmano indiano que vive nos EUA pós-11-de-Setembro, ele é íntegro,
trabalhador, boa pessoa, porém, o ódio e a discriminação orientados para os
muçulmanos a partir de então complica-lhe a vida. E para piorar a situação, ele
sofre de síndrome de asperger (outro filme que retrata bem esse problema é Mary e Max). Por causa de uma interpretação literal, próprio dos aspies, porque eles
não conseguem entender a ironia ou o sarcasmo (ah… procurem sobre o assunto),
Khan vê-se com a tarefa de encontrar o presidente da américa, Bush, para lhe
dizer que não é terrorista.
trailer
A abertura do filme mostra já a
preocupante situação dos muçulmanos e comunidades árabes nos EUA, e de como a
liberdade deles está muito condicionada e como a paranóia em relação a todos os
muçulmanos serem potenciais terroristas está implantada na população americana…
americana? Na população global. Eu sei que existem ayatollahs que publicitam o
ódio e prometem virgens a suicidas em nome da fé… sim, existem… até no próprio
filme aparece alguém assim, entretanto acreditar que qualquer um que diga Alá
em vez de Deus é terrorista é preconceituosamente discriminatória.
O filme tenta lidar com vários
problemas, o dos aspies, o da discriminação aos muçulmanos na América e o do conflito muçulmano-hindu, e Kahn acaba por ser a pessoa a estabelecer a ponte
entre todos esses problemas, sendo o neutro da questão, porque para ele só
existem dois tipos de pessoas: as boas
que fazem coisas boas e as más que fazem coisas más, e o resto: a cor, o
credo, a nacionalidade é mais secundária… e isso tentou-se mostrar através duma
comunidade preta de sul da qual ficou amigo.
Meu Nome é Kahn é um bom filme,
mas longe de ser perfeito, porque a certa altura tornou-se todo fabuloso,
plástico e irreal, e não consegue esconder o molde, e por tentar tratar de
muitos problemas ao mesmo tempo por vezes parece que perde o foco. No entanto, a grosso modo
vale a pena ser visto. Boa banda sonora, bons momentos de humor, apelo às
lagrimas, boa representação por parte dos actores principais, uma direcção
sólida que beira à teatral algumas vezes (só para constar), e uma fotografia
bonita que aproveita para fazer da cidade outro personagem. Altamente
recomendável, senão pela história em si, pelo menos pelas preocupações que
ressalva.