30 de janeiro de 2011

YAEL NAIM - voz e talento, aliança brutal


Yael Naim é tão fixe que o nome dela escreve-se com tremas (Yaël Naïm), mas eu tenho hábito de escrever o nome das pessoas sem tremas e sem acentos que não sejam os convencionais do português, pois pra mim não tem mal.

Conheci Yael através de Sandra Nkaké (que inevitavelmente vai ganhar o seu post aqui). Estava à procura de trabalhos de Sandra, quando fui parar a uma colectânea lounge feita por um tipo com muito bom gosto, e foi ali que ouvi Paris, de Yael Naim, levando-me logo a seguir a procurar mais trabalhos dela.

Yael Naim é francesa, apesar de cantar também em inglês e em iídiche (suponho), ou pelo menos nasceu na França (como diz a wikipedia), mudando-se depois para Israel, terra dos pais. Mas isso não importa coisa alguma, e se o referi talvez seja por haver uma mão cheia de cantoras judias, ou de origem judia, que me têm maravilhado ultimamente.

Em 2009, ouvi Yael Naim por uma semana, vezes e vezes, sem conseguir parar (costumo fazer isso com músicas e artistas para criar o desapego), embora não saiba identificar todas as músicas delas e nem mesmo aquela melodiosa voz dela que dá vontade de fazer poesia, houve um tempo que me viciei nela.

Há uns dias baixei o último álbum de Naim, e felizmente tinha o dia livre, pelo que quando tocou da primeira vez, fui baixar os restantes álbuns e pude deixar tocar por horas, apreciando e reapreciando.

Ouvi os três álbuns de Naim, e pelo registo que vi na wikipedia, são os únicos trabalhos dela, pelo menos, como individual (bem, o último foi gravado em parceria com David Donatien, nome que me despertou a atenção).

O primeiro álbum de Yael Naim, In a Man’s Womb (2001), diz muito sobre a autora, a vida que deixa ser sentida nas suas músicas, o seu estilo musical que, na verdade não sei caracterizar, ora vulgar, ora lounge, ora pop estranho, ora smooth jazz, ora único (eu não sou bom com géneros musicais), adiciona variedade à variedade do seu género principal que, suponho, está muito enraizado no jazz. Mas, apesar de encantar, não maravilha (bem, esse parecer é suspeito porque eu a conheci pelo segundo álbum).

sharvulim (in a man's womb)

Yael Naim (2007), álbum homónimo e o segundo, é… bom, é guloseima na festa de guloso. Se no anterior já se via a graciosidade artística de Naim, neste ela acelerou mais. Melodias variadas, ora simples, daquelas que se instalam logo no cérebro, ora mais compostas, precisando de alguma atenção para serem admiradas. 

paris (yael naim)

Neste terceiro, She Was a Boy (2010) não sei se era justo falar apenas dela, visto que o álbum é uma cooperação, embora em praticamente todas as músicas só se ouve a voz dela, mas não importa, se com o segundo álbum havia alguém que ainda não estava convencido com Yael Naim como artista, aqui essa dúvida desvanece. She Was a Boy é brutal, mais variado que os anteriores, um bocado mais friendly também, porém mantendo a peculiaridade da artista, rítmico, musical como só o jazz e variantes conseguem ser (pelo menos para mim).

go to the river (she was a boy)

E não consigo evitar de destacar a música que deu o nome ao álbum, que me encantou em todos os sentidos, tanto pela letra, pela história evocada, como pelo ritmo, lembro-me que a primeira vez que a ouvi, fi-lo com a respiração suspensa, tão deliciosa é.

bónus
she was a boy (she was a boy) 

Não digo mais, experimentem Yael Naim.


23 de janeiro de 2011

ANGELIQUE KIDJO - uma música de peso


Quando mais novo, costumava ver na televisão um clip de Angelique Kidjo, Wé-Wé chamava-se a música. 

Gostava da música, por causa do ritmo meio rap que tinha e porque ela tinha graça a dançar, (eu devia ter uns 11 ou 12 anos na altura). 

Angelique era tão marcante que pusemos o seu nome àquele corte de cabelo característico dela e aqueles passos a MC Hammer que ela fazia no vídeo (ou seja, nem só eu gostava dela). 


wé-wé (logozo)

o meu sobrinho de 3 anos adora esta música, quando está a chorar mal a ponho a tocar ele se cala

Angelique tem uma voz e tanto, e que ela consegue moldar conforme lhe dá na telha.

Escutei quatro álbuns dela recentemente para escrever isto: Ayé (1994), Black Ivory Soul (2002), Djin Djin (2007) e Oyo (2010), e todos os quatro são totalmente diferentes (compreendendo o totalmente diferente de um artista, pois todos têm os seus vícios sonoros que vão repetindo ao longo da maior parte das suas músicas  - se até o grande Bach vive de variaçoes do mesmo, em repetitivos acordes e estrutura).

Angelique tem um ritmo cativante, uma sonoridade alegre e contagiante. E se me perguntarem de qual álbum dela gostei mais, na verdade não saberei dizer, porque as minhas músicas preferidas espalham-se pelos diferentes álbuns dela, porém acho o Djin Djin o mais cativante de todos, porque não houve nenhuma música nele que eu não gostasse, e o Black Ivory Soul mais extravagante em termos de experimentação alternativa.


move on up, ft John Legend e Bono (Oyo)

Para quem nunca ouviu, dá uma chance… e se calhar para aprender a gostar dela deve começar pelo sons que ela trabalhou com outros nomes de peso. Por exemplo, experimentem esta pérola com Carlos Santana a fazer magia como sempre.


bónus
Adouma (versão original, álbum Ayé)

18 de janeiro de 2011

RAPIDINHAS (a televisão)

Recebi um mail com este título: veja agora o desespero das pessoas sendo carregadas pelo enchente na regiao serrasa do rj. É claro que mandei para a caixa do spam (o seu remetente já deve saber, isto é, se lê isto, que está spamado por mim).

Por que carga d'água eu quero ver o desespero das pessoas? Eu odeio a forma como a televisão usa o desespero das pessoas para ganhar audiência, já tinha falado disso num post bastante dúbio, ou seja, capaz de passar uma imagem errada: um fenómeno chamado Haiti

Eu odeio o desespero e odeio as pessoas que adoram ver o desespero do outros. Eu vejo filmes, leio tragédias, mas pelo menos nesses casos, digo que são obras de ficção e que ninguém realmente sofre a não ser eu. Leio notícias, que na verdade são mais trágicas que essas obras de ficção juntas, pois que tratam de pessoas reais, porém odeio ver imagens de desespero e odeio a maneira como essas imagens são usadas, embora me pareça ser algo humanamente natural.