1 de junho de 2009

QUE NOS MOSTRA O DAVID?

Hoje este post vai ser meio diferente, pois falo da televisão e da música, o mote é o programa da TVI, aquele com putos, não me lembro agora do título e estou com preguiça de ir ao Google.

A razão porque falo disso, refere-se simplesmente ao personagem vencedor David Qualquer-Coisa.

Em primeira mão vou começar por dizer que não costumo ver o programa, e só costumava ver uma pessoa quando era ela a cantar, Ana Qualquer-coisa Cordeiro, uma miúda que domina o palco e tem um à-vontade estupendíssima e muita presença a apresentar e a cantar, sem contar com a forma como manda na sua voz. A bem dizer, aquele batalhão de putos sabiam cantar, mas eu só gostava de ver essa.

Ontem por acaso vi o David e mais alguns outros. O David não é um fenómeno, pelo menos acho que não, mas bem que podia ser considerado e vou-o fazer.

O que nos pode mostrar o David? Quando ele é entrevistado pelos apresentadores revela-se de uma timidez aguda, que até chegava à afonia, e também de uma atonia tal que parece não estar muito nervoso ou estar super-nervoso, a sua linguagem corporal na altura em que fala com os apresentadores revela muito menos do que os restantes, que agarravam fortemente na microfone, coçavam os braços, acariciavam-se ou demoravam a perceber a pergunta, mas sua forma de responder demonstrava que se sentia também inseguro, mas quando começava a cantar, David era outra pessoa. E simplesmente respondia à pergunta que muitas vezes se fez durante o programa: os putos melhoram por terem participado no concurso? Claro que sim, sentiram reconhecidos os seus talentos, sentiram-se mais confiante e mais em si, porque têm os seus quinze minutos, e de uma forma ou doutra, estão entre esse punhado idolatrado que aparece na TV, ou seja, aumentou a sua auto-estima e todos sabemos como isso é importante para um homem ser bem-sucedido.

O que nos mostra o David? Quando se enganou durante a música e esqueceu as letras, o público foi solidário e tentou ajudá-lo e os apresentadores e os júris também foram, e essa solidariedade passou para o público telespectador, e ainda se aproveitou para culpar a imprensa desse desquite. Eu sei lá se foi a imprensa ou os próprios pais de David ou o próprio David preocupado em ganhar o culpado. Mas o que demonstra é que o seu talento foi reconhecido porque o público apercebeu-se que o facto de um lapso de memória temporário não pesa no seu talento.

A transformação de David no palco emocionou-me, principalmente porque eu sou como ele, tímido até ter audiência, e sua voz convenceu-me, mas artista dos artistas naquele meio era a tal Ana Cordeiro.

O que nos mostra o David (bem, esta é simplesmente uma suposição, mas não infundada apesar de tudo) o quando o racismo funciona. David ganhou entre oito candidatos se não estou em erro, com uma percentagem de 38, por outras palavras, uma maioria esmagadora. Se em parte contou a simpatia do público por ele se ter equivocado algures no meio da canção, por outra parte, e acho que a mais significante, foi o facto de ter sido o único preto no programa, pelo que a solidariedade de todos os pretos votantes (espero não estar a exagerar) foi para ele. Ou será que isso não é racismo?



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