Qual é o mais correcto?
Um filho de um vendedor cigano com 7 anos de idade a gritar na feira: olha DVDêêês, cinco euuuuurôôs!!!, ou outro com 7 meses de idade a fazer publicidade num programa de TV?
A escolha fica por vossa conta. Entretanto, a mim chateia-me a tanta hipocrisia que gira em torno de trabalho infantil. Defendem que as pessoas deviam começar a trabalhar quando atingissem a maioridade, mas apenas o fazem às crianças que andam na rua a pedir esmolas ou a ajudar os pais na venda; daquelas que aparecem nos programas da TV ou nos filmes, ou que lançam álbuns musicais não dizem nada. Por quê?
Eu sei que a Justiça, se é que existe, não é cega (se já fora, agora fez uma operação aos olhos), entretanto faz-me espécie que se condene os pais das crianças que mendigam na rua e não o façam aos das crianças que vemos nos cinemas. Em boa justiça, os pais cujas crianças estão na rua a apregoar dvds pirateados ou artigos roubados têm muito mais razão e motivo para porem os seus filhos nesse local e naquele trabalho, visto que necessitam de dinheiro para sobreviver, e possivelmente o que o filho vai ganhar até o fim do dia é que lhe vai garantir a sobrevivência do dia seguinte (pois temos mais empatia pelas crianças, e mais rápido compraremos um artigo que não precisamos de uma criança do que de um adulto). Já os pais ricos que metem os filhos a trabalhar no cinema ou na publicidade da TV não têm essa desculpa.
Passava um programa na SIC com uma miúda que fazia de assistente do apresentador, devia ter uns nove anos ela, o programa acho que se chamava dominó; na Disney Channel as crianças fazem o gosto dos telespectadores apresentando programas... mas ninguém se queixa, ninguém reclama da exploração infantil... mas ninguém pensou que isso é do pior tipo de exploração que existe. Por que metem lá crianças senão para ganhar audiência, para criar uma espécie de identificação do público infantil com os apresentador e para desta forma fazer mais dinheiro. Todos sabem que as crianças agora estão cada vez menos a quererem ser bombeiro, astronautas, polícias ou médicos, e a cada vez mais a serem músicos, jogadores ou actores famosos, o que se reflete muito na diminuição da capacidade intelectual que os professores têm acusado nos seus relatórios.
Eu não sou a favor da exploração infantil, mas vamos lá tentar ser equinames: se não vamos criticar os putos que estão a trabalhar para empresas multimilionárias para as tornar mais ricas não critiquemos o desgraçado pai que sofre por não ver poder ver o filho na televisão (e quando isso acontece é para ouvir os cretianalistas sociais a falar mal dele) e ainda o tem na rua a viver miseravelmente e a fazer o trabalho que ele não gosta.
Quem não sabe da segregação que se suporta na sociedade hodierna? E ainda não querem que os pais preparem os filhos para sobreviver da única forma que conhecem?
De dois males o menor! Eu também prefiro a situação da primeira foto do que desta última; todavia, quando se vai falar de exploração infantil não escolham a franja social desprotegida para apontar o dedo, mas apontem o dedo a vós mesmos, milionários que controlam empresas multinacionais e cadeias televisivas e etc., e verão que os pais não punham os filhos a serem explorados por vocês mesmos se tivessem forma de os livrarem disso. Portanto, basta de hipocrisia.