Durante muito tempo só existia uma revista científica na
Guiné-Bissau, ou melhor, produzida na Guiné-Bissau: Soronda, uma revista do
INEP, que desde 1986, durante 10 anos foi semestral, fez uma pausa de um ano, voltou em 1997 e durante 8 anos tornou-se anual; fez outra pausa de 13 anos e
voltou a publicar em 2017, e só espero que não mantenha a frequência.
Para não deixar a Soronda sozinha, eis que aparece, em 2018,
SINTIDUS (Revista de Estudos Científicos e Interdisciplinares da Universidade
Lusófona da Guiné), que publicou o primeiro número, em formato eletrónico e,
agora, físico.
É hábito estudantes (guineenses)
dizerem que não há muito material científico sobre a Guiné-Bissau, eu não
concordo, quer dizer, em certas áreas há mais que em outras, e podia-se
produzir mais. Sem falar da Soronda que contraria essa ideia, a SINTIDUS está a
mostrar também agora que ela não é verdadeira.
A Revista nº 1 tem artigos de
qualidade e de relevância sobre a Guiné-Bissau. Sem dizer que tem a pinta de fazer
os resumos todos em kriol. Estudantes, investigadores e curiosos
hão de gostar das matérias.
O primeiro número consiste da observação sobre a observação da Guiné do ponto
de vista de um “observador ou investigador” português, e passa pela relação entre os fulas
e o mandingas no Kaabu, que apesar de analisar o passado é bastante pertinente
para a situação atual e para a compreensão a parte da nossa sociedade, passando
pela literatura e análise social pela escrita, ainda pela questão do kriol e da
necessidade de normalizar a sua escrita, e também pela questão da justiça na Guiné-Bissau
e relação entre o poder do estado e o poder tradicional nessa esfera, até ao
assunto das alterações climáticas e seus indicadores, o que é bastante
importante, considerando o que vimos neste último ano em Bissau. Por
fim, a revista fecha com um ensaio fotográfico sobre a cidade, que apenas critico
porque quer mostrar a África através da Guiné-Bissau, quando nem pode mostrar a
Guiné-Bissau através de Bissau, por causa da miríade cultural guineense, o que
me faz bradar: “DEUS DO CÉU!, ÁFRICA NÃO É UM QUINTAL NUM BAIRRO! ÁFRICA É
IMENSA, PAREM COM SIMPLIFICAÇÕES”.
SINTIDUS encontra-se agora em
formato físico e pronto para ficar na tua biblioteca e auxiliar-te nas tuas
investigações e se não o quiseres aí, podes sempre adquiri-lo para oferecer a
um amigo, e para isso precisas apenas de escrever sintidus.revista@gmail.com ou (se estiveres
em Bissau) contactar +245 955977108 ou ir à Universidade Lusófona perguntar, ou mandar menino.
Aproveita e vai comprar que o
número é limitado. Kim ki tchiga prumeru siti ku liti bas di kama di si mame.
Eu já tenho o meu. Na verdade,
tenho mais dois outros outros e vou oferecer um à primeira pessoa que me responder a esta
pergunta: Si kinkinhin kankanhan i “prenhada bambu n’ utru”, nton ke ki kankanhan kinkinhin? Pa konvensim, bu tem nam k' kontam kal ki signifikadu di es dus palabra.
O segundo livro,
para ser justo para os meus amigos não falantes de kriol, vai para quem
responder a esta pergunta: “uma meia meia
feita, outra meia por fazer, quantas meias são?”
N.º
1, 2018
AUTOR
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ARTIGO
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Raul Mendes Fernandes
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Manuel Bívar & Sadjo Papis Mariama Turé
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Jorge Otinta
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Luigi Scantamburlo
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Sara Guerreiro
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Orlando Mendes
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Gustavo Lopes Pereira & Ana Filipa Lacerda
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