20 de novembro de 2018

UM PROBLEMA CHAMADO VERBO SER

Quando Moisés foi à montanha falar com a sarça ardente que, por acaso, era deus, este se definiu assim: EU SOU. (Se não estivesse com preguiça agora, iria tergiversar que ele incendiou alguma árvore aromática que lhe proporcionou um belo... hmm... trip. Mas, vamulá!).

Estava eu no EU SOU.


Deus definiu-se como EU SOU, talvez para dizer o quão grandioso e omnipresente era, tipo, eu sou o céu, eu sou a terra, eu sou o jagudi, eu sou o falcão, eu sou o padre com a bíblia na mão, eu sou a mercadoria escrava a ser abençoada antes de ser embarcada no porão... 'tás a topar a cena?... eu sou o fogo que queima as bruxas, mas... caramba!... eu sou também a puta da bruxa. Enfim, eu sou a contradição.

Mas se o EU SOU de deus trazia a ideia de englobar tudo, o EU SOU humano é apenas uma locução para individualizar, separar e classificar.

O VERBO SER parece SER o fundamento da existência. "Eu penso, logo existo", definirá o ser? A mesa existe, mas não pensa. Mas a mesa também É, sem se proclamar SER. Não sei o que define o SER, mas sei que é uma assunção completamente  humana, pelo menos dentro do espectro do pensamento conhecido; pois não faço ideia se também as bactérias no interior dos vírus dos nossos cérebros reclamam para si o sentido do ser, ou da existência.

Creio que o SER e o EXISTIR, como já discorri algures , são categorias diferentes. Assumo o ser como uma existência consciente e o existir como um estar presente de maneira contável, classificável ou indicável.

O EU SOU categoriza-me, procura dar-me uma definição básica... EU SOU qualquer coisa, e é como se essa qualquer coisa não pode ser outra coisa na mesma categoria de coisas. EU SOU não te deixa a hipótese de não ser. EU SOU guineense, EU SOU português, EU SOU homem, EU SOU mulher, EU SOU preto, EU SOU branco, EU SOU um trolha, EU sou um arquiteto, EU SOU EU SOU Marinho, EU SOU da gasolina... Mas se EU SOU tanta coisa, qual é a validade do EU SOU?

Aristotélicamente falando, os conceitos universais da lógica humana baseiam-se na "IDENTIDADE": "algo" é sempre "algo", esse "algo"; na "NÃO-CONTRADIÇÃO: se "algo" é igual a "aquilo", então "aquilo" é igual a "algo"; e ainda no "TERCEIRO-EXCLUÍDO": "algo" não pode ser "algo" e "não-ser-algo" ao mesmo tempo. Matematicamente, a=a, se a=b, então

b=a, e se a=b=c então c=/a não pode ser. Mas na realidade nós somos humanos, somos os que provam matematicamente que 1=2 (vá, google).

Concentrando-me no SER. O VERBO está tão presente, que até Tarzan começou por aprender: "mim, Tarzan; tu, Jane.". Sim, eu sei que, como já dissera, o ser define a consciência, que é o óculo pelo qual percebemos o mundo. Talvez seja por isso que sempre que vamos aprender uma língua nova, começamos pelo VERBO SER.

O que vou chamar aqui a base da língua, o VERBO SER, combinado com os PRONOMES PESSOAIS (há línguas que até têm pronomes para "existências" que não são pessoas), demarca já a forma das relações e como nos vamos ver ou como temos de ver os outros. É natural, sim é, uma vez que o entendimento é pessoal e nasce da combinação entre as perceções e as sensações de cada um de nós, codificados em experiências e memórias às quais recorremos sempre quando estamos em frente de novas situações. Portanto, sem exceção, o entendimento do mundo é sempre pessoal. Todavia, enterramo-nos tanto nessa ideia de EU que temos tanta dificuldade em nos colocarmos na última categoria do VERBO SER, o que em nada atrapalharia a formulação do SER.


A organização dos pronomes pessoais também não está por acaso.

EU SOU - primeiro eu, mesmo que tu já estivesses cá antes. Aqui entra o sentido da identidade, sem no entanto envolver a noção de "idêntico"; é, portanto, mais identidade, no sentido de "unicidade". Eu, ego, o meu mundo, a minha existência que estou a partilhar com... TU.

TU ÉS - és um corpo fora do EU, mas que reconheço a existência. És o segundo nível do ser. És o "próximo" com quem estou em contacto direto, de quem tanto posso querer proximidade como afastamento.

EL/ É - o terceiro nível. Uma referência mais distante geralmente. O EL/ costuma referir-se ao ausente.

NÓS SOMOS - aqui entra a identidade, com um sentido mais próximo do "idêntico". Quando aparece quer dizer que houve inclusão de TU, TUs, e talvez de EL/.

VOCÊS SÃO (VÓS SÓIS) - outra categorização de outros, também fora do sentido da individualidade, ou talvez num sentido de individualidade agrupada, mais ainda assim, também com uma demarcada próximidade.

EL/S SÃO - o último nível do ser. El/s são é até mais distante do que EL/ É, pois enquanto este individualiza, o outro generaliza e esteriotipa.

 

O EU SOU até poderia não ser tão problemático se logo a seguir não viesse o TU ÉS. E na verdade, nem o TU ÉS seria também problemático se não servisse apenas para categorizar o OUTRO. Eu sei que podem ambos servir para outra coisa, mas vou focar-me aqui no facto de apenas fronteirizarem e distinguirem. Quando o TU ÉS aparece, o EU SOU começa a analisar os pormenores à procura de semelhanças para ser atraído para o TU ou então para justificar um afastamento. O OUTRO carrega sempre um valor de fronteiras. Os mandingas chamaram aos fulbés de "fulas", significando "dois", proutras palavras, mandinga primeiro, fula depois, e os fulas aceitaram o títulos e retorquiram que significa que um fula vale por dois mandingas e os últimos o sabem.

Ah, estava a divagar dentro da minha própria divagação... altamente, isso eleva em grande a qualidade divagatória.

 

O VERBO SER é categórico, não flexibiliza. O VERBO SER é redutor. O VERBO SER justifica as diferenças e as diferenciações. O VERBO SER é fodjido, cara.

Geralmente o EU SOU valida o mundo através de si mesmo, o que até faz sentido uma vez que o mundo que conhece depende da sua capacidade perceptora. E como recentemente fui ensinado, a morte é branca, uma vez que o escuro é a consciência de ter os olhos fechados; e a morte pressupõe ausência da consciência. O meu mundo cessa com a morte do EU SOU, portanto, o EU SOU valida o mundo pela própria perspetiva.

 E... o EU SOU não se casa muito bem com EL-É, porque geralmente só cita o EL-É quando está com o TU ÉS, e o EL-É está ausente, ou quando quer meter o EL-É em alguma caixa, independentemente da vontade deste. E nesse então entra em jogo o NÓS SOMOS, aparentemente agregador, todavia, separatista.

O VERBO SER diz NÓS SOMOS isto, vocês e ELES SÃO aquilo, e é através do SER que ou vamos comer juntos ou separados.


Mas eu só gostava de poder NÃO-SER, imagina a liberdade e a fluidez que poderiam advir do NÃO-SER. Imagina não ter de ser guineense só porque nasci na Guiné, não ter de precisar de um passaporte para viajar entre fronteiras fictícias; imagina não ter de ser homem para ser considerado capaz e merecedor de oportunidades; imagina não ter de ser preto para não ter de andar sempre a levantar escudos contra o racismo ou a entrar em discussões estúpidas e vazia; imagina não ter de ser branco para não ter de passar o tempo todo a justificar o não-racismo; imagina... e imagina poder ser cristão, muçulmano, ateu, jeová, adventista, budista e filhodaputista, tudo ao mesmo tempo.

 

Epá, o NÃO-SER abre imensas possibilidades

3 de novembro de 2018

TEM BONS DENTES?... NÃO? ENTÃO FORA…

Theresa May disse que depois de efetivar o Brexit vai passar a ser o Reino Unido a escolher e a decidir quem entra no território e só vão ser “pessoas qualificadas”.

Nem o tema, nem o processo são estranhos. Durante o comércio de escravos também só eram levadas as “pessoas qualificadas” para a Europa (ou América), pois elas trabalham e geram riquezas (a condição do trabalho não importa aqui, desde que elas trabalhem). E a questão não se encontra circunscrita ao Reino Unido, mas é toda uma postura da Europa. Recentemente, durante a crise de refugiados, fartamo-nos de ouvir e ver argumentos iguais por tudo o que é lado.

O coordenador do Observatório da Emigração disse que Portugal precisa urgentemente de imigrantes para resolver o problema da falta de mão de obra. A política de imigração de Merkel foi de facilitar a entrada de pessoas “educadas” na Alemanha. Macron há pouco tempo deu documentos a um herói escalador de paredes… enfim…

Cá em Portugal, os do “contra-imigrantes” dizem: “esses PRETOS (como se os imigrantes fossem só pretos, os do norte europeu são bem-vindos, ó, expatriados) só vêm cá para viver da segurança social e dos nossos impostos e não querem trabalhar um corno”. E os “pró-emigrantes”, da esquerda, dizem: “os né... os AFRICANOS são gente produtiva que trabalha bastante para sustentar a família, por isso devemos abrir-lhes as portas, pois eles são comprometidos com o trabalho e nem todos são maus”.

Pois, claro que não, nem todos são maus, alguns têm bons dentes, servem para bumbar nas obras, para jogar na seleção, para correr no atletismo, e para pintar algumas fotos “à la Benetton” para podermos falar da diversidade e da solidariedade. Enquanto isso, só vamos abrir portas à gente “qualificada”.

Abomino as reportagens a mostrar como os imigrantes se enquadraram bem na sociedade europeia, se aculturaram e se tornaram produtivos… é uma lógica esclavagista.

A única forma em que isto difere dos tempos do comércio triangular é que os imigrantes (guineenses neste caso - pelo menos são os que conheço) vêm para cá “voluntariamente” para serem escravizados, principalmente quando a qualificação não é académica ou atlética, mas força nos braços para limpar casas de banho e centros comercias.

Será possível falar da imigração fora de uma perspetiva capitalista e nacionalista, mas humanista?

1 de novembro de 2018

SINTIDUS - REVISTA DE ESTUDOS CIENTÍFICOS E INTERDISCIPLINARES (1º número)


Durante muito tempo só existia uma revista científica na Guiné-Bissau, ou melhor, produzida na Guiné-Bissau: Soronda, uma revista do INEP, que desde 1986, durante 10 anos foi semestral, fez uma pausa de um ano, voltou em 1997 e durante 8 anos tornou-se anual; fez outra pausa de 13 anos e voltou a publicar em 2017, e só espero que não mantenha a frequência.

Para não deixar a Soronda sozinha, eis que aparece, em 2018, SINTIDUS (Revista de Estudos Científicos e Interdisciplinares da Universidade Lusófona da Guiné), que publicou o primeiro número, em formato eletrónico e, agora, físico.

É hábito estudantes (guineenses) dizerem que não há muito material científico sobre a Guiné-Bissau, eu não concordo, quer dizer, em certas áreas há mais que em outras, e podia-se produzir mais. Sem falar da Soronda que contraria essa ideia, a SINTIDUS está a mostrar também agora que ela não é verdadeira.

A Revista nº 1 tem artigos de qualidade e de relevância sobre a Guiné-Bissau. Sem dizer que tem a pinta de fazer os resumos todos em kriol. Estudantes, investigadores e curiosos hão de gostar das matérias. 

O primeiro número consiste da observação sobre a observação da Guiné do ponto de vista de um “observador ou investigador” português, e passa pela relação entre os fulas e o mandingas no Kaabu, que apesar de analisar o passado é bastante pertinente para a situação atual e para a compreensão a parte da nossa sociedade, passando pela literatura e análise social pela escrita, ainda pela questão do kriol e da necessidade de normalizar a sua escrita, e também pela questão da justiça na Guiné-Bissau e relação entre o poder do estado e o poder tradicional nessa esfera, até ao assunto das alterações climáticas e seus indicadores, o que é bastante importante, considerando o que vimos neste último ano em Bissau. Por fim, a revista fecha com um ensaio fotográfico sobre a cidade, que apenas critico porque quer mostrar a África através da Guiné-Bissau, quando nem pode mostrar a Guiné-Bissau através de Bissau, por causa da miríade cultural guineense, o que me faz bradar: “DEUS DO CÉU!, ÁFRICA NÃO É UM QUINTAL NUM BAIRRO! ÁFRICA É IMENSA, PAREM COM SIMPLIFICAÇÕES”.

SINTIDUS encontra-se agora em formato físico e pronto para ficar na tua biblioteca e auxiliar-te nas tuas investigações e se não o quiseres aí, podes sempre adquiri-lo para oferecer a um amigo, e para isso precisas apenas de escrever sintidus.revista@gmail.com ou (se estiveres em Bissau) contactar +245 955977108 ou ir à Universidade Lusófona perguntar, ou mandar menino.

Aproveita e vai comprar que o número é limitado. Kim ki tchiga prumeru siti ku liti bas di kama di si mame.

Eu já tenho o meu. Na verdade, tenho mais dois outros outros e vou oferecer um à primeira pessoa que me responder a esta pergunta: Si kinkinhin kankanhan i “prenhada bambu n’ utru”, nton ke ki kankanhan kinkinhin? Pa konvensim, bu tem nam k' kontam kal ki signifikadu di es dus palabra.

O segundo livro, para ser justo para os meus amigos não falantes de kriol, vai para quem responder a esta pergunta: “uma meia meia feita, outra meia por fazer, quantas meias são?

N.º 1, 2018
AUTOR
ARTIGO
Raul Mendes Fernandes
Manuel Bívar & Sadjo Papis Mariama Turé
Jorge Otinta
Luigi Scantamburlo
Sara Guerreiro
Orlando Mendes
Gustavo Lopes Pereira & Ana Filipa Lacerda



21 de outubro de 2018

CARTA PARA A MINHA NAMORADA BA
















Obi son...

Si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
kumpo ta dispi padja i ta unta lama tambe.

voltas voltiadu toki nha folgus folga,
djambadon na nha pitu ka disam djitu di rispira,
n' ka misti fika, ma n' ka pudi ritira...
para pirmim pruthc, pabia n' na potcholi paratch,
ali panga-bariga patchari pabia bu pegam suma punduntu.
Pabia ki bu ka ntindi inda kuma...

Si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
Kumpo ta dispi padja pa trokal ku plake.

Si i bardadi kuma korson i ka bunda,
anta lantanda bu bunda na nha pitu,
pabia n' sta nam na djitu
di kutkuti pa sakudi
di es malfitu di bu pezu,
el ki pui n' na pega tesu,
pa n' ka paga es bu pres, o.
Alin bas di bo,
bu rafinka riba di mi, suma santchu na po,
alin li bas di bo, n' na longanta mon,
n' na sanau ku forsa, pa pidiu atenson...
bu fala abo i nha ermon, enton, para dja, pon,
tiran di tchon, pabia n' piza dja suma limon...
saklata...

Ma ke bu ka sibi kuma...

si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
kumpu ta fasi planus di kunsa randja lambe.

djubi kuma ki djus djagassinu djorson,
n'djarga na es djiu, n' na djundjun'a
pabia nim djapuf n' ka pudji dja otcha pa djanta,
bu na djanki mbludjus ki no djunta,
bu na djunda elis son pa bu djudju...
ma djimpini dja, djubi tambi kuma ami i djinti.
bu djuti na djitu di sedu djagra,
djankadim... dje...

rapara son kuma...

si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
kumpo ta dispi badja pa ba kulkal na bande?

anta assim ki toma tera sta?,
bu tchoma gera, bu toma sera
pa kortam es po nde ki n' pindra.
bu toma tera, bu toma stera bu sinta,
nim tchur ka tisidu inda?
tchur ka tchiga, ma bu tcholona dja bu prentchentches,
es tchaflakas ku tchampletas tchantchan'ido
ki bu ta tchuli pa e bim tchutchi djintis,
pa tchapa elis pa tchupa se os...
n'sta na tchintchim, i ka pabia tcheben tchiu,
i pabia n'na tchora nan tchur di galinhas ki para tchentchi.
bu pensa bu tchoka?...
ma kal nam pro ki di bo? falam de...

ke ninguim ka kontau kuma...

si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
kumpo ta dispi padja i ta unta lama tambe.

bu ta bim na kexa kuma ami ki ka na fasi dritu,
mas bu misti kume aruz, pa ami n' kume midju,
bu misti buli boka pa ami n' nguli kuspinhu...
saim na pitu... futseru... saim na pitu...

si badjuda di kumpo pega tras di n'aie,
kumpo ta miti boka, i ta miti mon, i ta miti pe.

2 de setembro de 2018

LÍDERES: O PROBLEMA DA GUINÉ-BISSAU - cronices crónicas


Quando há séculos os portugueses chegaram àquelas paragens hoje conhecidas como Guiné-Bissau e quando resolveram começar a desenvolver o negócio de escravos, foram os nossos líderes, os nossos reis (ou régulos) que tratavam de fornecer a mercadoria.

Diz-se que o régulo papel, Incinha Té, teria dito aos portugueses que queriam se instalar em Bissau e fazer um forte “que não criaria no seu quintal uma onça que depois o mataria”. Mas lá se fez o forte (depois virou Amura) e lá se criou a onça. Motivo: deram-lhe bastante prendas que hoje para nós são ninharias: tecidos vermelhos e tabaco, principalmente. Na altura, para ele, tinha feito um bom negócio.

Os líderes “guineenses” participaram no mercado de escravização, eram tão escravocratas quanto os europeus que iam à Guiné comprar pessoas. Balantas, papéis, biafadas, bijagós, fulas e mandingas vendiam-se uns aos outros e a moeda de compra era, usualmente, o tabaco. Vendiam os próprios irmãos pelo tabaco (bem, eles não se consideravam irmãos na altura, mas reinos e povos diferentes). Os povos da Guiné estavam muito bem organizados social e estruturalmente, na Crónica de Guiné, Zurara conta que eles, os portugueses, eram mortos quando desciam no território, razão porque os primeiros aventureiros tugas só nomeavam os rios e não as terras. Eles não tinham poder para entrar num território e arrebanhar pessoas para encher os navios; se isso acontecesse, faria das sociedades africanas agrupamentos desestruturadas e sociedades de animais, e não falaríamos hoje da escravatura ou da colonização, mas da domesticação.    

A ganância dos líderes de então e a estrutura do poder que os os permitia dispor do seu povo como se fosse seu pertence é que permitiram a instalação dos colonialistas na Guiné; a ganância e as quezílias entre as diferentes sociedades que habitavam esses territórios permitiram que fossem atirados uns contra os outros, pavimentando a via para a sua dominação; a ganância dos nossos líderes levou-os a alinharem-se com os colonialistas na luta contra o PAIGC ou na luta a favor do PAIGC; a ganância dos líderes levou também ao assassinato do Amílcar Cabral porque exigia um suicídio da classe.

Quando o PAIGC tomou o poder, e a liderança mudou, começou por fuzilar publicamente os líderes que se tinham aliados com os colonialistas e a tirar poder aos régulos, por achar que eles eram “não intelectuais” e não aptos para governar. Essa atitude, todavia, não era nada diferente da dos colonialistas com que lutaram ou desses próprios líderes que eles estavam a fuzilar. O PAIGC mudou-se a si mesmo com o golpe de estado de 1980, fruto da violência do poder e do poder da violência, desconfiando de si mesmo e da sua própria sombra, vai prendendo, espancando e matando pessoas pelo caminho, como aconteceu mais patentemente em 1985, em 1998 e 2009, e ainda hoje acontece. Quando um líder diz que tem poder para mandar prender e torturar e matar, quando um líder acha que por ser líder se torna a pessoa mais importante do país, e pode dispor das pessoas e do território como bem entender, percebemos que nada mudou.

A ganância de PAIGC levou o país ao seu estado de desgoverno atual. E a fome de "mandar", porque nem sequer falamos de "liderar" na Guiné, levou a que um país de cerca de 1.800.000 de habitantes tenha, em 45 anos, 45 partidos, a maior parte deles e os mais poderosos deles vindo diretamente da escola paigcista.

De 1974 até hoje, apenas a liderança mudou, o procedimento?, nada. Os régulos ainda vendem terra para benefício próprio, possuem quilómetros de terra, porque os herdaram dos seus avós e ninguém questiona. No problema de desmatamento de há uns anos, muitos régulos recebiam dinheiro e permitiam que se cortassem árvores nas zonas que dizem sob sua responsabilidade. Os régulos vendem e influenciam os votos das pessoas por quem são responsáveis, em troca de uns poucos benefícios que só aparecem durante as campanhas e que só ajudam a si próprios e não às suas gentes. Portanto, quando depois se levantam para falar mal contra os nossos governante, não lhes vejo autoridade nenhuma.

E os nossos governantes, que agregam mais poderes que os régulos? Se antes se vendia pessoas, hoje vendem os recursos naturais, vendem a terra, vendem as ilhas, vendem droga, vendem tudo. E se antes os europeus iam à Guiné comprar, hoje os nossos governantes é que vêm cá apregoar e garantir privilégios em troca do “investimento estrangeiro”.

Projetos de exploração de recursos naturais, projeto da central hidroelétrica para a Lagoa de Cufada, a turistificação dos bijagós traduzido em tirar terras aos locais, ou o projeto Augustus para Bolama, que trata aquele espaço como terra de ninguém e inabitado, são exemplos do alinhamento dos nossos líderes com o colonialismo que nunca deixou de existir e apenas mudou de capa.

Neste momento, confiantes da sua vantagem, "líderes", ou melhor, os nossos mandantes, não se preocupam muito, pois ganham muito dinheiro no processo, só que aparentemente não estudaram a história para perceber que os régulos na altura do primeiro colonialismo também não se preocupavam, porque tinham poder… até deixarem de o ter.

Eu costumava culpar apenas a Portugal pela escravatura, pois foi o que aprendi com os livros de PAIGC, até descobrir que os nossos próprios mandantes tinham tomado parte nisso. Ainda hoje, 45 anos depois, culpamos a Portugal pelos problemas da Guiné: ou porque a colonização foi má, ou porque a descolonização não foi bem feita, ou porque Portugal só se preocupa com Cabo Verde e não nos trata como "filhos"(?). 

Colocar o problema da Guiné na "descolonização" é um tanto estúpido e desrespeitoso para os que morreram para alcançar a independência (que é diferente da descolonização). Sobre culpar a Portugal por não nos tratar como "filhos", nem vou comentar... E a colonização?, claro que a colonização foi má… mas se sabemos isso, por que ainda os nossos mandantes continuam a praticá-la e a forçá-la sobre os nossos? A colonização do passado já não é uma desculpa válida. Os nossos mandantes são cúmplices na colonização que hoje se pratica. Lutamos pela independência para nos responsabilizarmos pelas nossas própria ações e devíamos fazê-lo.

Hoje culpamos o Ocidente (forças capitalistas) pelos problemas da Guiné, e sim, operam para manter a desestruturação, com o seu FMI, o seu Banco Mundial e as suas tantas ONGs e outras estratégias mais diretas, mas a verdade é que os nossos mandantes são agentes dessas forças e, como não têm estratégias para os seus povos, simplesmente se deixam enganar pelo conforto que arrecadam para si próprios... ou nem sequer podemos falar de engano, porque alguns são bem estudados e bem conscientes dos seus atos.

Os nossos líderes não se responsabilizam e não são responsabilizados pelos seus próprios atos, o problema são sempre os outros, como já tinha falado aqui (Até Quando?)

Vou parar aqui, por agora. Desenvolvo o tema mais tarde.

4 de julho de 2018

SORONDA - REVISTA DE ESTUDOS GUINEENSES (Lista dos artigos da 1ª série)

É muito comum os guineenses, inclusive "professores", dizerem: não há estudos sobre a Guiné-Bissau. Eu também o disse durante muitos anos até ter descoberto o contrário. 

É verdade, todavia, que há uma diferença abismal entre o que se fez e o o que poderia ser feito, significando que muitos estudos estão por fazer; e é certo que há muitas áreas negligenciadas (a arquitetura e o urbanismo, por exemplo), mas em qualquer delas, existe sempre um ou outro exemplar. 

SORONDA -  REVISTA DE ESTUDOS GUINEENSES, uma publicação do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), reúne vários artigos de interesse sobre a Guiné-Bissau. Os números produzidos encontram-se digitalizados e disponíveis nesta página: Casa Comum

Duas séries foram produzidas: a primeira, semestral, de 1986 a 1995, com 20 números; a segunda (Nova Série), anual, de 1997 a 2004, produziu 8 números, foi interrompida até 2017, e lançaria o 9º número em julho desse ano.

Como as revistas estão em formato de imagens não pesquisáveis, é sempre uma chatice encontrar artigos que me interessem ou voltar a eles depois de encontrados, por fiz esta lista para me ajudar nessa tarefa e creio que poderá também ter alguma utilidade para alguns investigadores ou curiosos sobre a matéria da Guiné-Bissau.

Aqui, contudo, só disponibilizo a lista da primeira série; quando acabar de listar a segunda, vou também partilhá-la. Aproveitem.



SORONDA, 1ª Série


N.º 1, janeiro de 1986
AUTOR
ARTIGO
Carlos Lopes
A Guiné-Bissau à procura de uma modelo social 
Carlos Cardoso & David Gonzalez
A reconstrução da história contemporânea da Guiné-Bissau através da oralidade
Diana Handem
O arroz ou a identidade dos Balanta-brassa
Gertrud Achinger
Família guineense: estabilidade e transformação
Abdulai Silá
Aproveitamento da energia solar na Guiné-Bissau: perspectivas e problemas
Rui Ribeiro
Os censos e as sociedades camponesas
Alexandre Furtado
Investigação sobre a história do ensino na Guiné-Bissau
Jean Pierre Lepri
Contribuição para a análise sociológica da Guiné-Bissau actual
David Gonzalez
25 anos de estudos africanos na América Latina
1. Jean Pierre Lepri
2. D. Vicente
Notas de leitura:
1. Guinea Bissau: from shadow toward light? (ou da sombra para a luz), de Carlos Lopes
2. A primeira visão de conjunto sobre a missionação na Guiné, de Henrique Pinto Rema

N.º 2, junho de 1986
AUTOR
ARTIGO
Diana L. Handem
Ciências sociais e políticas de desenvolvimento
Carlos Cardoso
Sociedade-Indivíduo-Crime: Contribuição para uma nova abordagem criminológica
Jean Pierre Lepri
Sobre as Causas do insucesso escolar
Jean Louis Rouge
Uma hipótese sobre a formação do crioulo da Guiné-Bissau e da Casamansa
Djibril Baldé; Serifo Mané & Graça Santos
Estudos e Pesquisas sobre a Música Tradicional
A. Fonseca
Reflexões sobre o Sector da Energia
Carlos Lopes
O desenvolvimento desigual no pensamento de Samir Amin
1. Mário Santos
2. Jean Pierre Lepri
Notas de leitura:
1. Guinea-Bissau alfabeto: um momento de reflexão sobre a realidade nacional
2. A lição bijagó

N.º 3, janeiro de 1987
AUTOR
ARTIGO
Carlos Lopes
Homenagem a Aquino de Bragança
Carlos Cardoso & Rui Ribeiro
Considerações sobre as estruturas sócio-económicas das sociedades agrárias e a sua evolução histórica: um estudo de caso
Pablo Sdersky
As relações de trabalho numa sociedade de cultivadores de arroz: o caso dos Balantas de Tombali
Yvan Avena
A industrialização é possível na Guiné-Bissau?
Wilson Cruz
Análise da rentabilidade económica da barragem hldro-eléctrica do Saltinho
Diana Lima Handem
A Guiné-Bissau: adaptar-se à crise
lbrahima Djalo
Contribuição para uma reflexão-educação: multilinguismo e
unidade nacional
Eve Crowley
Análise de uma infelicidade: religião e interpretações pessoalistas
Vasco Cabral
A necessidade de cooperação técnica entre os países em desenvolvimento: uma reflexão

N.º 4, junho de 1987
AUTOR
ARTIGO
Mário Santos
Algumas considerações sobre a nossa situação sociolinguística
Jean-Pierre Lepri
A pesquisa-desenvolvimento em matéria de educação:
elementos para uma teoria
Rui Ribeiro
Barragens em Bolanhas de água salgada
Gertrud Achinger
Família guineense: estabilidade e transformação
Raul Mendes Fernandes
Nhomingas e Bidjogos - da pesca de «subsistência»
à pesca «comercial»
Eve Crowley & Rui Ribeiro
Sobre a medicina tradicional e formas da sua colaboração
com a medicina moderna
Jop de Jong; G. Klein & Tern Horn
Estudo básico sobre perturbações mentais no país
José Filipe Fonseca
A formação e a assistência técnica na agricultura e desenvolvimento rural
Carlos Cardoso
A importância crescente da informação e suas regularidades em Africa
Manuel Rambotlt Barcelos
Documentos para uma educação endógena na África Subsariana
Lars Rudbeck
Notas de leitura: Sobre Ulrich Schilfer

N.º 5, janeiro de 1988
AUTOR
ARTIGO
Joop T. V.M. de Jong
O irã, o fulano e a doença
Alexandre Chalyi
Normas do direito internacional na ordem jurídica da República da Guiné-Bissau
Vasco Cabral
Colonização e religião: da primeira evangelização à colonização dos povos da Guiné
Yvan Avena
Da experiência cooperativista na Guiné-Bissau
Lars Rudebeck
Observações sobre a economia política do desenvolvimento de r
uma aldeia aficana
Jean Pierre Lepri
Formação de professores, locais, materiais escolares e insucesso escolar na Guiné-Bissau
Documentos
Relatório da delegação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde ao Seminário Económico Afro-Asiático (1965)
Eric Gable
Nota de leitura: Guiné-Bissau: Política, Economia e Sociedade, de Rosemary Galli e Jocelyn Jones

N.º 6, janeiro de 1988
AUTOR
ARTIGO
Yarisse Zoctizoum
O Estado e Reprodução Étnica em África
Carlos Lopes
Crise Ecológica e Conflitos Sociais na Guiné-Bissau
Mário Santos
Os Valores tradicionais e o Direito Consuetudinário no Contexto da Problemática da Delinquência Juvenil
Joop T.V.M de Jong
Investigação dos distúrbios mentais encontrados nas crianças atendidas pelas instituições de saúda na Guiné-Bissau
Erica Sabourin
Reflexões sobre as dinâmicas associativas e comunitárias na Guiné-Bissa
Grupo dos A.H. sob a coordenação de Carole Laurin
Instrunento de Pesquisa da Colecção Fotográfica dos Arquivos Históricos do INEP
Documentos
Mensagem de Vasco Cabral apresentada no Congresso Internacional dos Intelectuais em Varsóvia
Carlos Cardoso
Nota de Leiruta: Sociedade Agrárias na África de Expressão Oficial Portuguesa, de Peter Meyns (Editor)

N.º 7, janeiro de 1989
AUTOR
ARTIGO
Carlos Lopes
Resistências Africanas ao controle do território - Alguns casos da Costa da Guiné no séc. XIX
Mamadú Mané
O Kaabú - Uma das grandes entidades do Património Histórico Senegambiano
Carlos Cardoso
Conflitos interétnicos - Dissolução e reconstrução de unidades políticas nos rios da Guiné e de Cabo Verde (1840-1899)
Jorge Cabral
A política externa da Guiné-Bissau
Documentos
Estratégia para o desenvolvimento do sector da educação (aprovado pelo conselho de Ministros em 1988)
Ana Maria Delgado
Os filhos da revolução, filme de Flora Gomes

N.º 8, julho de 1989
AUTOR
ARTIGO
Raul Mendes Fernandes
O espaço e o tempo no sistema político bidjogó
Christine Henry
Marinheiros bidjogós: passado e presente
Mamadú Jao
Estrutura "política" e relações de poder entre os Brâmes ou Mancanhas
Faustino M'Bali
O Estado e os camponeses perante o constrangimento do desenvolvimento
Rosemary E. Gallí
Estado e sociedade na Guiné-Bissau
Huuntondjí Paulin
Investigação e extraversão: elementos para uma sociologia da ciência nos países da periferia
Documentos
Documentos dos Fundos de Arquivos da Circunscrição Civil de Cacheu sobre a sucessão dos régulos manjacos (1951 e l 952)

N.º 9, janeiro de 1990
AUTOR
ARTIGO
Boubacar Barry
A Senegâmbia do séc. XV ao séc. XX: Em defesa de uma história subregional da Senegâmbia
Peter Karibe Mendy
A economia colonial da Guiné-Bissau: “Nacionalização” e exploração, 1915-1959
George Brooks
Notas genealógicas de proeminentes famílias luso-africanas no séc. XIX na Guiné
Leopoldo Amado
A literatura colonial guineense
Roy van der Drift
O desenvolvimento da produção e do consumo de álcool entre os Balanta Brassa da aldeia de Foia, no sul da Guiné-Bissau
Documentos
Documentos coloniais: A terra para quem a trabalha?
Lars Rudebeck
Notas de leitura: Richard Lobban e Joshua Forrest, Historical Dictionary of the Republic of Guinea-Bissau, de Richard Lobban e Joshua Forrest

N.º 10, julho de 1990
AUTOR
ARTIGO
Carlos Cardoso
Ki-Yang-Yang: Uma nova religião dos Balantas?
Carlos Lopes
Relações de poder numa sociedade malinké: O Kaabu do séc. XIII ao séc. XVIII
Elly M. Opazo
Notas sobre a evolução fonética do português para o kriol
Philip J. Havik
A pesquisa sobre a transformação rural na Guiné-Bissau: Breve inventário de temas e autores após a independência
Documentos
Documento dos Fundos de Arquivos da Circunscrição Civil os Bijagós: O teatro colonial ou a invenção do real
Ronald H. Chilcote
Notas de leitura: Poder Popular e luta revolucionária

N.º 11, janeiro de 1991
AUTOR
ARTIGO
George E. Brooks
Bolama: centro de interesses imperialistas africanos, europeus, euro-africanos e americanos
Carlos Lopes
Uma perspectiva histórica da cooperação técnica em África
Fernando Padovani
O programa de Ajustamento na Guiné-Bissau e a discussão de um modelo
IngerTvedten
Programas de Ajustamento Estutural e implicações locais: o caso dos pescadores artesanais na Guiné-Bissau
Magnus Alvesson & Mario Zejan
Guiné-Bissau: o impacto do Programa de Ajustamento Estrutural sobre o bem-estar dos pequenos proprietários rurais
Documentos
Políticas e instrumentos, Comissão Económica para a África
Notas de leitura:
1. George E. Brooks
2. Daniel A. Pereira
1. Naissance de la Guiné. Portugais et Africains en Sénégambie (1841-1936), de René Pélissier
2. História da Guiné-Bissau. Portugueses e africanos na Senegâmbia (1841-1936), de René Pélissier

N.º 12, julho de 1991
AUTOR
ARTIGO
Fernando Padovani
Novos fantasmas no mato
Diana Lima Handem
Desenvolvimento na Base e Participação Popular: uma alternativa?
Sylvain Panneton
O Balafon de Tabato
Fafali Koudawo
Educação e sociedade na África pré-colonial
Ramiro Delgado Salazar
Etnia, espaço étnico e colonialismo
Julio D. Dávila
Planeamento urbanístico e territorial na Guiné-Bissau
Documentos
Um olhar sobre a história dos recenseamentos coloniais: o censo de 1950
Patrick Chabal
Notas de leitura: O ideal socialista em África
Carlos Cardoso
Educação e endogeneidade: o caso da Guiné-Bissau

N.º 13, janeiro de 1992
AUTOR
ARTIGO
Abdulai Silá
Estratégias de desenvolvimento e alternativas tecnológicas: um estudo de caso (Guiné-Bissau)
Peter Karibe Mendy
Conquista mililar da Guiné: da resistência à «pacificação» do Arquipélago dos Bijagós
Mamadú Jao
Aspectos da vida social dos Mancanhas: a cerimónia do Ulém
Teresa Montenegro
Kasisas: marginais deste e do outro mundo
Carlos António Gomes
Psiquiatria e saúde mental na medicina tradicional dos países em desenvolvimento
Samba Mbuub
Educação e conflito cultural: a experiência do Senegal na utilização das línguas nacionais
Documentos
A nova lei da imprensa na Guiné-Bissau
Raul Mendes Fernandes
Notas de leitura: Promotores e promovidos

N.º 14, julho de 1992
AUTOR
ARTIGO
Faustino lmbali
Um olhar sobre o sistema alimentar balanta: o caso das tabancas de Mato Farroba e Cantone
Carlos Cardoso
A ideologia e a prática da colonização portuguesa na Guiné e o seu impacto na estrutura social, 1926-1973
Gertrud Achinger
Efeitos do Programa de Ajustamento Estrutural sobre as condições económicas e sociais das mulheres da zona rural
Carlos Franco Liberato
Os conceitos de etnia e classes sociais: uma primeira aproximação dos instrumentos de análise da realidade africana
Hildo Honório do Couto
As consonantes pré-nasalizadas do crioulo da Guiné-Bissau
Documentos
Relatório do Residente de Cacheu em 1911
Alain Kihm 
Notas de leitura: Os 3 N'kurbados de Fernando Júlio

N.º 15, janeiro de 1993
AUTOR
ARTIGO
Jorge Cabral
O desafio da afirmação do português como língua de comunicação internacional
Patrick Chabal
O Estado pós-colonial na África de expressão portuguesa
Joshua B. Forrest
Autonomia burocrática, política económica e política num Estado 'suave': o caso da Guin􀁹­Bissau pós-colonial
Eve L. Crowley
Chefes de posto e chefes da terra: dinâmica de dominação e autodeterminação na região de Cacheu
Teresa Montenegro
Breve notícia da Revolução Triunfante
Carlos Lopes
Notas de leitura: Amílcar Cabral, 20 anos depois
T. Bruno Mukendi
África e a recusa do desenvolvimento: um pensamento controverso

N.º 16, julho de 1993
AUTOR
ARTIGO
Peter Karibe Mendy
A herança colonial e o desafio da integração
Raul Mendes Fernandes
Partido único e poderes tradicionais
Filomena Embaló
Os desajustes do Programa de Ajustamento
Wilson Trajano Filho
A tensão entre a escrita e a oralidade
Fafali Koudawo
A ajuda económica como instrumento político:
uma perspectiva histórica
Cornélia Giesing
Agricultura e resistência na história dos Balanta-Bejaa
Documentos
Ofício do Comandante de Farim à Secretaria do Governo da Guiné (1895)
Johannes Augel
Notas de leitura: Bissau – Estratégias de sobrevivência numa cidade da Africa Ocidental, de Josef Kasper


N.º 17, janeiro de 1994
AUTOR
ARTIGO
Carlos Cardoso
A transição democrática na Guiné-Bissau: um parto difícil
Raul Mendes Fernandes
Processo democrático na Guiné-Bissau
Manuel Nassum
Política linguística pós-colonial: ruptura e continuidade?
Renato Aguilar & Mario Zeján
Ajustamento estrutural na Guiné-Bissau
Rosematy E. Galli
A ausência de capitalismo agrário na Guiné-Bissau durante o regime do Estado Novo
João Dias Vicente
Padre Henrique Lopes Cardoso, um sacerdote guineense digno de ser conhecido
Documentos
Correspondência sobre o padre Henrique Lopes Cardoso (1884-1902), João Dias Vicente
Johannes Augel
Notas de leitura: Mulher. Ritual e Poder

N.º 18, julho de 1994
AUTOR
ARTIGO
Carlos Lopes
A pirâmide invertida: historiografia africana feita por africanos
Mário Espinosa
Ponteiros na Guiné-Bissau: o processo de concessão de terras
Teresa Montenegro
Provérbios crioulos: a arquitetura das imagens
Wilson Trajano Filho
Invisíveis e liminares: a sociedade crioula e os seus heróis
Moema Parente Augel
A prosa literária guineense
Charles de Lespina
Toponímia e língua baynuk como indicadores da história de Casamansa antes do século XVI
Documentos
Auto de acquisição da Ilha de Orango (1861), Raul Mendes Fernandes
Fafali Koudawo
Notas de leitura: Quando a luta continuava

N.º 19, janeiro de 1995
AUTOR
ARTIGO
David González
Os primeiros guineenses em Cuba
Philip J. Havík
Relações de género e comércio: estratégias inovadoras de mulheres na Guiné-Bissau
Gustavo Callewaerr
Algumas definições de programas de língua de ensino em situações de multilinguismo
Luiz de Sena
Uma experiência de integração da educação na Guiné-Bissau
Fafali Koudawo
Educação e teorias de desenvolvimento:
o que há de novo?
Documentos
Dez anos de INEP
Fafali Koudawo
Notas de leitura: À Procura do Cristo Mancanha

N.º 20, julho de 1995
AUTOR
ARTIGO
Lars Rudebeck
Reler Cabral vinte anos depois
Mamadú Jao
A questão da etnicidade e a origem étnica dos Mancanhas
lnger Callewaert
Fyere Yaabte: um movimento terapêutico de mulheres na sociedade balanta
Raul Mendes Fernandes
Contradições entre linhagens dominantes
e classes de idade nos Bijagó
Jean-Louis Rougé
A propósito da formação dos crioulos de Cabo Verde e da Guiné
Carlos Lopes
Basta! Para um diagnóstico alternativo da crise africana
Roy van der Drift
Notas de leitura: À procura dos outros