4 de abril de 2011

POR QUE LER OS LIVROS?


Curiosa pergunta, considerando que para ser (a)percebida tem que se saber ler. Mas ver por esse prisma seria generalista e sofisticamente falacioso (se é que se pode dizer isso). Os mais atentos sabem que quando se falar de ler, da leitura, não se fala das legendas dos filmes, nem mesmo dos blogs, ou dos e-book (o que é muito injusto para estes dois últimos).

Lamenta-se muito que os jovens já não leiam, que a internet e a televisão consumam todo o tempo que poderia ser melhor aplicado numa leitura. Não vou dizer que não concorde, sendo eu um bibliófilo, ou melhor, um bibliómano inveterado, porém, não entendo por razão há best-sellers e best-sellers e cultos de autores se se diz que as pessoas lêem menos; quem compra esses livros? Ou será que está implícito nessas afirmações de que a leitura hodierna faz-se sobre lixo?

Eu sei que até os jornais sucumbem ao lixo (cito o Metro e o Destak), concorrendo cada vez mais fortemente com a imprensa cor-de-rosa para aumentar o seu consumo (ou as suas vendas). 

Se a iluminação que as leituras nos poderiam proporcionar não está a mostrar efeitos apesar da quantidade de livros que se vendem por ano, pergunta-se: está-se a vender livros errados? Aqui está a razão da pergunta em epígrafe.

Calvino escreveu Por quê ler os Clássicos?, Schopenhauer, O Perigo da Leitura Excessiva, no seu Da Leitura e dos Livros (que ainda não li todo), bons textos que ajudam a reflectir sobre os livros.

Tenho uma amiga viciada em livros, uma semana sem ler é um suplício para ela, entretanto, o tipo que lê são os romances cor-de-rosa que eu chamo de terceira categoria (não à frente dela), Julias, Harlequins e cia. Eu pergunto, qual é a diferença entre ler isso e ver uma novela? Leitora, ninguém pode dizer que ela não é, mas qual o benefício dessa leitura? Ainda conheço outra pessoa que até se desinteressar dos livros era leitor imparável de Disney, acho que o último livro que leu foi há doze anos atrás.

Por quê ler se a leitura são sobre coisas supérfluas? Não sei bem, mas se calhar porque ajudam a criar coerência no raciocínio, saber transpor para o papel o pensamento e fazer interpretações "certeiras" de um texto.

Eu aprendi pelos livros, tive o carácter formado pelos livros (entre aspas), por isso sei o valor que os livros têm e recomendo-os sempre, entretanto não um livro qualquer, e quando digo qualquer, não estou a falar apenas de leituras dispensáveis (ou que assim considero), tal e qual esses Harlequins ou livros imensos de fofocas sobre outras pessoas, porém também de livros muito bem construídos, mas que não são mais do que publicidades errôneas de alguma ideia ou movimento; embora possa parecer contraditório quando digo que já recomendei Mein Kampf (não como uma leitura positiva, mas com uma positiva estruturação da negatividade - entenda quem entender) a um bom par de gente.


E se alguém pensava que eu tinha resposta aqui para a pergunta acima, descanse, não tenho. Mas reconstruo a questão:  por quê ler se só vamos ler lixo? E quem sou eu para dizer que uma leitura é lixo sem saber como pode ajudar a outrem?
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