31 de março de 2011

ZEITGUEIST O FUTURO É AGORA, 2011 (Zeitgeitst, Moving Forward)

Zeitgeist!, termo vindo dos filósofos alemães significando o Espírito do Tempo, é também o título da trilogia de documentários realizados por Peter Joseph, com a intenção ou pretensão de mostrar o espírito do nosso tempo. 

O primeiro, Zeitgeist The Movie, começa por identificar a religião cristã (subentendendo as demais) com uma máquina política, baseada em mentira, servindo para lavar o cérebro das pessoas deixando-as em banho-maria de maneira a facilitar a manipulação. Depois, passa para o ponto de viragem de todas as politiquices do Séc. XXI, a queda das torres gémeas (por que raio isso me faz pensar em Tolkien?), e culpa a Presidência dos Estados Unidos desse ataque. E a seguir lança luz sobre como os poderosos titereiros querem controlar o mundo, usando a economia para isso e os bancos para o fazer.  Escrevi sobre isso aqui.

O segundo, Zeitgeist Addendum, continua o tema e entra pelo sistema bancário, que não sei dizer se é o trono do capitalismo ou o seu pilar fundamental, e desmascara práticas que nos acorrentam enquanto passam a ideia de nos estar a libertar. Referi-me ligeiramente a ele aqui.

Neste terceiro, Zeitgeist Moving Forward, traduzido para português por O Futuro e Agora, o realizador, militante e movimentista, Peter Joseph, continua a ideia que tinha pegado nos filmes anteriores, mostrar a degeneração do sistema capitalista e dos seus filhos e afilhados: o hedonismo, o egoísmo, a hipocrisia, a busca desenfreada pelo poder (leia-se também dinheiro), e do qual se destaca o consumismo.  No entanto,  considerando a temática dos dois primeiros filmes e a acidez do ataque este aqui parece mais calmo, e para os mais desantentos e para os aficionados de teoria de conspiração, que buscam nele algum enredo a Hollywood, é morno e desencorajador. No entanto, este terceiro, não tão chocante (dependendo da definição de choque) como os dois primeiros, é porém melhor e com um tema mais necessário, na medida em que se foca na Ética.



O documentário está dividido em três partes e meia (ou quatro, conforme eles).

A primeira parte trata da educação e das suas consequências. Costumamos ouvir que o mundo é mau e que somos propensos a violência, mas, na verdade, a nossa educação, ou a falta dela, é que nos induz à violência. Não há determinismo genético para isso, nem nada que pareça, pais violentos geram filhos calmos, pais calmos geram filhos violentos, aliás o próprio Deus não gerou o Diabo? Refere a muitas comunidades que devido à forma como educam, a violência e o crime são mínimos no seu seio.

A segunda parte volta-se, como no segundo filme, para o sistema monetário, mas não fica apenas pelos bancos, analisa todo o subsistema da máquina de gerar dinheiro, que promove o desequilíbrio social e o deficit da educação resultando no mundo complicado e caótico que temos. Fala do consumismo e da maneira como o incentivam em detrimento da estabilidade ecológica, por exemplo a obsolência programada, que consiste em fazer produtos com uma data de vida limitada (e cada vez mais curta), de maneira a que o consumidor possa comprar sempre novos e descarte esses. Ou do sistema de saúde que se enriquece com a quantidade das pessoas doentes, ou ainda do sistema prisional que usa o número de presos com produtos para jogar na bolsa de valores.

A terceira parte, tal como no segundo filme, é uma propaganda ao Projecto Vénus, que os autores acham ser o plano ideal para a substituição do novo sistema. Ecologicamente é o melhor sistema que já vi, baseado em modelos como a Cidade-Jardim de Howard, Unidades de Vizinhança, de Perry, e recomendações da Carta do Novo Urbanismo, é um modelo potencialmente funcional; mas isso em termos urbanos de contexto físico. Em termos políticos... bem, eu sou um idealista, e acredito numa utopia, não sei se é este projecto, não sei se um próximo, mas em alternativa a este sistema que temos não tenho receio em experimentar o Vénus. Entretanto, já fui ensinado pelos porcos de Orwell, acaba sempre por haver alguns animais mais iguais que os demais; razão porque o único "ismo" em que acredito é o humanismo. Mas de qualquer forma, apostaria num sistema Vénus, se fosse mesmo íntegro como o vendem.

A quarta parte volta outra vez ao sistema económico, misturando já os assuntos falados na três primeiras partes mostrando a possível cura ou uma alternativa medicinal para os problemas sociais.



Zeitgeist é uma trilogia que merece e deve ser vista. Tem muitas coisas com que não concordo e que me causam dúvidas (e evito formular opinião), entretanto deixando os detalhes e concentrando-me no quadro geral, Zeitgeist, a trilogia, é obrigatória.

Agora, Zeitgeist como movimento não sei; por que não entendo o sentido de entrar para as suas fileiras ou proclamar-se seguidor do movimento enquanto cá fora, na vida real, continua-se a agir de acordo com egocentrismo capitalista da busca desenfreada pela vanidade. Não vale a hipocrisia. Eu sei que qualquer sistema derruba-se mais facilmente por dentro, mas estou farto de saber de infiltrados que acabam corrompidos.

No entanto, na falta de uma alternativa, "rezo" para que o Projecto Vénus tenha sucesso, embora saiba que quando começar a ser implementado vai ser loteado de ricos e excêntricos que tiverem dinheiro para comprar uma parcela de solo, e as crianças africanas a morrer de fome, tão usadas por eles como propaganda negativa para o sistema actual, vão continuar a morrer.

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