9 de maio de 2011

K'NAAN - Nas errou, hip-hop still living


No ano passado, praí em Setembro, saído da faculdade, estava sinal vermelho, eu no passeio a conversar com uma pessoa, um carro parado ao lado, com o som muito alto tocava wavin flag, a versão Coca-cola. Não conhecia a música, mas prendeu-me a atenção e só consegui guardar algumas palavras para depois procurar a letra no Google e chegar assim ao cantor. Não conhecia K’naan, e acho que ele teve muita sorte por ter trabalhado com a Coca-cola, porque se não fosse o mundial, mais dificilmente seria projectado e o bom trabalho que tem feito continuaria nas sombras.

waving flag coca-cola celebration (2010)


Eu passei quase um dia todo a ouvir wavin flag, em todas as versões que encontrei, porque não só gostava do ritmo e da melodia como também da poesia. E tirando a versão original, secundada pela versão dos Young Artists for Haiti (uma réplica canadiana do agrupamento que fez We Are the World), gostei mais daquele com David Bispal (versão coca) e odiei a versão brasileira.

Ok! Wavin Flag fez-me dar atenção a K’naan (Keinan, como ele o pronuncia) e baixei todos os quatro álbuns dele: My Life Is a Movie (2004), The Dusty Foot Philosopher (2005), The Dusty Foot on the Road (2007) e Troubadour (2009).

waving flag (troubadour - versão original)

Em My Life Is a Movie percebe-se logo a veia diferente de K’naan, o seu rap não convencional, meio reggae, às vezes roçando a ska, com muita influência africana (a wikipedia disse-me que ele é somali), aliás, não parecia hip-hop com influência africana, mas música africana com influência hip-hópica. O que desgostei foram as introduções em praticamente todas as músicas em que ele falava e também aquela forma de cantar nasalada que ele usou. Porém, o mais agradável de tudo é que K’naan antes de músico é poeta (li as suas letras) e a métrica da sua poesia, mesmo quando não cantada é agradável.

The Dusty Foot Philosopher, muito enérgico e divertido, vincando ainda o tom de experimentação de K’naan, abrindo com o wash it down, onde ele usa como o instrumento de percursão, imginem… água; uma música “verde”, em homenagem à água. E o álbum continua com uma alguma instrumentalidade e musicalidade não convencional no universo do hip-hop, porém mais homogéneo ao convencional que o álbum anterior.

The Dusty Foot on the Road, parece ter sido gravado num concerto, razão porque o álbum além de ter um título que parece continua a ideia do anterior, contém músicas do álbum anterior, abrindo também com o wash it down (e a vocalização do artista é mais natural), ou então foi gravado para assim parecer. Este álbum é como um regresso às raízes, tendo com o principal instrumento percursivo (fundamental no hip-hop), o tambor africano, ou djembé. Eu gostei do álbum por essa vertente, por voltar a transformar a música africana em hip-hop. E destaco a faixa My God, não por ser o melhor do álbum, mas por ter Mos Def (dois em um).


my god (knaan & Mos Def, ao vivo)

bons músicos conseguem ser minimalistas, sem com isso fazer sofrer a qualidade

Em Troubadour, como qualquer undergrounder que se preze começa logo por atacar a C.I.A., aliás a T.I.A., e fecha com People Like Me, onde se refere à guerra do Iraque, onde só combatem os comuns. Bem, mas não é isso que faz do álbum bom, o bom é que consegue agradar tanto aos gregos como aos troianos, é o álbum mais dançavel e mais convencional do conjunto, mais comercial, com mais participações, tendo nomes como Adam Levine e Damian Marley, entre outros, portanto mais aberto ao público,  ou seja tem alguns temas leves pelo meio. E volto a destacar… bem Wavin’ Flag está sempre superdestacado… mas, destaco America, que tem outra vez Mos Def, e por metade dele ser cantado para os americanos em somali (ou seja por obrigar o monoidiomáticos americanos a ouvir uma música em língua estranha).


T.I.A. (troubadour)

Tinha prometido que ia inevitavelmente falar de K’naan e acabei de o fazer. Em notas de fecho, K’naan está actualmente entre os meus melhores rappers, não só pelo tipo de música, ou pela maneira como musicaliza, mas por ter alguma coisa para dizer e por o dizer, é um rapper não difícil de ouvir e com alguma mensagem série, sem referir que tem um boa dicção, que até com o meu mau inglês consigo compreendê-lo. Por isso, está recomendado.


bónus 
waving flag (versão, Knaan & mos def, ao vivo)

quase a melhor versão de todas
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