Há coisa de treze anos eu li pela primeira vez Uma História de Deus, de Karen Armstrong, um estudo teológico que me foi bastante útil e esclarecedor. Nessa
altura, eu tinha começado a minha conversão para o ateísmo, era mais ou menos
um agnóstico, pois acreditava no deus cristão, e o livro, embora a sua autora
não negue a existência de deus, ensinou-me como Deus, Javé, o deus judaico-cristão
que depois derivou em Alá, foi inventado pelos homens. Um outro livro da mesma
autora, Jerusalém – Uma Cidade, Três Religiões
(sobre o qual talvez escreva aqui um dia), porteriormenete, fez-me perceber
a situação sociopolítica que esteve na origem da religião judaico-cristo-islâmico.
Uma História de Deus é um livro que toda a gente devia ler, principalmente
porque a religião e os mitos que lhe estão à montante fazem parte da vida de
qualquer pessoa que viva nesta sociedade, quer queira quer não. Vemos
constantemente pessoas a justificarem as suas ações, boas ou más, com motivos
religiosos e estamos mesmo à beira de uma guerra religiosa. Karen Armstrong não escreve numa
perspectiva de conspiração, aliás ela nem sequer é ateia, mas monoteísta que busca
deus em todas as doutrinas religiosas (para mim isso é ainda pior do que
pertencer a um único credo).
O livro é volumoso, mas fácil de
ler, fala de Deus em diferentes perspetivas, judaíca, cristã, islâmica,
mística, filosófica, ateia e outra mais. A bibliografia revela um pesquisa
extensa e cuidada e a apresentação dos temas é clara e convida sempre a seguir
com a leitura. Os temas também estão escritos de maneira a que, com um
conhecimento básico da teologia e da filosofia, seja possível começar de
qualquer capítulo sem se sentir perdido.
Basicamente Uma História de Deus, mostra-nos como o deus dos judeus, que foi
depois chamado Javé, ou El, nasceu do deus dos cananeus El Shadai, ifluenciado pelos deuses babilónicos, aliás, o
próprio Javé falou com Abrão na montanha e apresentou-se como El Shadai. Os
judeus que criaram a religião monoteísta que deus originou os monoteísmo mais
conhecidos agora, inspiraram-se no zoroastrismo, com o seu conceito de
dualidade entre o bem e o mal, no entanto, no início, eram tão politeístas como
todos os outros povos que o rodeavam.
O monoteísmo judaíco começou a
ganhar forma e a ser um símbolo de unidade, na altura em que o povo hebreu
estava de cativeiro na Babilónia, que foi a altura em que a Bíblia começou a
ser compilada. Os estudiosos mostram que há cinco fontes diferentes para a
Bíblia, o que demonstra que Deus se chamava El e Javé, consoante os seus
escritores. O que os judeus fizeram foi eleger um Deus dos do panteão assírio, e
promoveram-no a Deus Supremo, mas eles ainda eram politeístas acreditavam na
existência de vários deuses, de tal maneira que nos 10 Mandamentos,
explicitamente El disse: Não tenhas
outros deuses diante de mim, pois eu sou o único. E só muitos anos mais tarde, divididos por guerras intestinas (reino de Israel, reino de Jusá) é que Josias, o rei na altura, descobriu convenientemente o livro de lei, no templo que foi reconstruir, que por acaso era o Pentateuco, a base da Bíblia (o Torah), que começou a servir de legislação para o povo hebreu. Depois de libertos de Babilónia, lá solidificaram as suas crenças, absorvendo e transformando muito da mitóliga babilónica (sumérica).
Nota de outras fontes: A Bíblia fala que deus criou o mundo em sete dias, o que coincide com a cosmogonia suméria. Entretanto, como os sumérios adoravam o Sol, foi o Sol que criou tudo; os israelitas para mostrarem aos sumérios que o deus deles (El, Javé) era ainda mais importante que o Sol, fizeram com que o Sol só fosse criado no quarto dia na sua cosmogonia e a Luz foi criada no primeiro, porém esqueceram-se (ou não sabiam) que a luz vem do Sol, portanto, não pode ter sido criado antes deste. Também, os israelitas disseram que Deus criou o mundo em sete dias (como se fosse Deus a estabelecer a semana), mas a semana de sete dias também foi outra criação dos matemáticos sumérios.
Nota de outras fontes: A Bíblia fala que deus criou o mundo em sete dias, o que coincide com a cosmogonia suméria. Entretanto, como os sumérios adoravam o Sol, foi o Sol que criou tudo; os israelitas para mostrarem aos sumérios que o deus deles (El, Javé) era ainda mais importante que o Sol, fizeram com que o Sol só fosse criado no quarto dia na sua cosmogonia e a Luz foi criada no primeiro, porém esqueceram-se (ou não sabiam) que a luz vem do Sol, portanto, não pode ter sido criado antes deste. Também, os israelitas disseram que Deus criou o mundo em sete dias (como se fosse Deus a estabelecer a semana), mas a semana de sete dias também foi outra criação dos matemáticos sumérios.
O maior rival de El foi sempre
Baal, agora o rival de Deus é o Satã, mas na Bíblia Satã era simplesmente um
anjo, o advogado de acusação, não era um anjo expulso, nem nada como isso. Leviatã, hoje também considerado uma das encarnações de Satã, era um monstro de sete cabeças conhecida por Lotan na mitológia suméria. E Satã
era diferente de Lúcifer, que Isaías chamou de A Estrela da Manhã, e que se confundiu depois com Cristo, visto que João chamou a Cristo de A Estrela da
Manhã no Apocalipse. Cristo este que tem muitas similaridades com muitos outros deuses
pagãos, o que fez com que os judeus nunca tivessem aceitado a sua existência
com messiánica. E não puseram em causa a
mentira da sua invenção, porque a sua própria invenção de Javé iria abaixo por
arrasto, além do mais ganha-se muito
dinheiro com essa crença (nota minha).
Não vou descrever um livro de mais
de 400 páginas em meia folha, por isso fico por aqui, principalmente porque sei
que o pouco do conteúdo que revelei vai ser o principal motivo para afastar
alguns de o lerem, pois ninguém quer pôr em questão a sua fé, prefere
simplesmente acreditar. Aliás este pouco que descrevi só trata de uma pequena parte do livro e não está com a mesma clareza.
Uma História de Deus, volto a
salientar, é um livro para ler antes de morrer.