O avanço tecnológico teve um impacto significativo na velocidade, os comboios tornaram-se mais rápido, os navios idem e os aviões entraram em cena. A distância entre as cidades e os países entre si reduziu-se ainda mais em termos de tempo. O telefone, a televisão, e, posteriormente, a Internet, reduziram grandemente o tempo da informação, levando-nos à era digital, ou era da informação. As transações económicas entre Portugal e a sua antípoda podiam acontecer em tempo real e acompanhadas em várias partes do mundo.Por exemplo, se toda a gente se lembrasse de levantar o seu dinheiro no banco, este não terá moeda-papel suficiente para satisfazer a demanda, porque boa parte das transações hoje acontecem com os cartões eletrónicos. E porque o sistema bancário cria mais dinheiro sobre o existente através de promessas de juros – por exemplo, ao ser depositado uma determinada quantia, os juros sobre essa quantia passam a contar como o dinheiro existente nos cofres (físicos ou eletrónicos) do mesmo, sem dizer que cada euro depositado permite ao banco a emissão de 10 euros (prática antiga herdada dos proto-banqueiros modernos) – as especulações sobre o mesmo permitem as ações que conhecemos por jogos na bolsa de valores, onde se usam promessas de lucros futuros para criar valores presentes ou prejuízos futuros para criar valores para outros – em suma, seja à base de lucros ou de prejuízos, muito dinheiro se cria na bolsa.
A TERCEIRA GRANDE RUTURA apareceu com a era eletrónica, coincidente com a chamada segunda revolução industrial, mas ganhou mais força com a terceira revolução industrial, após a Segunda Grande Guerra. Definiu-se assim de uma maneira mais contundente o setor terciário, começando a sobrepôr-se aos demais setores, tal e qual aconteceu depois da segunda rutura, quando o setor secundário se sobrepôs ao primário. A sociedade e tudo o que lhe está a montante, como é óbvio, voltou a sofrer novamente outra modificação profunda.
O dinheiro-papel teve que sofrer uma reforma. Como as transações aconteciam a largas distâncias e em tempo real, a moeda-papel precisando de viajar de um sítio para outro sempre que esses negócios fossem feitos, mostrou-se não ser prática, e para corrigir essa falha nasceu a moeda-electrónica, também ela fiduciária, porém mais intangível ainda que a primeira.
Também a moeda-electrónica (não confundir com os bit-coins que nasceram essencialmente da internet) correspondia a um equivalente a moeda-papel, mas tal e qual o ouro já não era suficiente para corresponder ao valor da moeda-papel, também esta não é suficiente para corresponder à moeda-eletrónica.
Este facto de o próprio dinheiro servir como produto e por já nem precisar de suporte físico leva a que haja grandes especulações financeiras e cada vez mais dinheiro nos grandes bancos, embora nos mercados comuns e para a população haja uma míngua. Isso possibilitou também a liberalização económica desenfreada que permite às grandes empresas canibalizarem as pequenas. Essa prática já existia desde a segunda rutura, no entanto, as tecnologias de informação retiraram-lhe várias barreiras, permitindo-lhe que se expandisse e se transformasse nesta aberração que hoje vemos.
As fronteiras estreitaram-se ainda mais, a globalização tornou-se mais percetível, os países perderam parte da sua soberania, obrigados a dobrar perante os bancos e os grandes mercados (entenda-se mercados especulativos, onde o dinheiro é o próprio produto, intangíveis) – vejamos o caso dos países PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) onde quem realmente governa é a Troika ou o Banco Central, bancos estes privados e com interesses próprios, que procuram o lucro para os seus acionistas e não para os países que fazem parte da sua organização.